AMANDA
Acordo com Maluma acariciando meu cabelo, escuto seu sussurro baixo dizendo o que parecia ser "Não são parecidas" e resolvo abrir os olhos.
_Onde estamos? – pergunto ao coçar um olho.
Maluma afasta-se e abre a porta do carro. Vejo-o dando a volta e abrindo minha porta. Ele está diferente, diferente era dizer de menos. Ele estava bem estranho mesmo.
_Chegamos a seu prédio, você dormiu como uma pedra, já são oito horas da noite – responde ele.
Saio do carro olhando ao redor, o céu está escuro e a noite fria. Meu prédio está chamando-me do outro lado da rua. "Esconda-se a aqui, na sua cama quentinha" ele parecia dizer. Eu precisava pegar minhas malas.
_Obrigada, por me trazer – digo sem saber ao certo sobre o que devemos falar. O clima entre nós tinha esfriado, ele estava distante e cauteloso, como se eu pudesse fazer algo contra ele.
_Amanda – por um momento chego a pensar que meu nome não foi pronunciado da mesma forma que antes – Você quer ir à festa comigo agora?
_Maluma eu... – paro no meio da frase e vejo seus olhos faiscarem como relâmpagos, ele tinha que ser tão orgulhoso assim?
_Tudo bem – responde grosso fazendo uma careta onde sua boca entortava para um canto. Eu não gostava particularmente daquela careta.
_Eu não tenho roupa para ir nesses lugares – digo tirando uma mala de suas mãos.
_Qualquer coisa serve – diz ele.
Homens.
_Okay – concordo e vejo as nuvens em seus olhos afastando-se por um momento.
_Te busco em uma hora então – diz ele ao entrar novamente no carro.
Do que esse homem estava fugindo? Sem beijos na testa, abraço carinhoso, troca de salivas apaixonadas. Não com esse homem. Ele vai me deixar na calçada com minhas malas e partir. O que eu tinha perdido?
_Até daqui a pouco Maluma – sussurro para o vento que ficou após ele sair cantando os pneus para longe de mim – Se você voltar.
Passei um tempo discutindo comigo mesma sobre se ele voltaria ou não. Se ele voltasse era melhor eu estar vestida. Mas se ele não viesse – reflexiono – se ele não viesse eu ligaria para minhas amigas e iriamos sair. Isso – sorrio ao meu espelho – mas a garota nele não tinha os olhos alegres. Tento fazer uma maquiagem leve com o presente de Natal antecipado que ganhei do trabalho. Um pouco de rímel, delineador, um batom suave nos lábios e era isso. Esse era meu máximo.
Resolvo prender meu cabelo em um coque bagunçado e honestamente ficou lindo. Estou tão orgulhosa de mim mesma que até meus olhos ganharam um pouco de brilho. Eu ainda deveria ter aquele vestido preto básico que minha mãe me fez trazer quando vim do Brasil.
_Sempre tenha um vestido preto casual no fundo da mala – imitei seu tom imponente – Você nunca sabe quando irá precisar de um.
Meu vestido preto tubinho coube perfeitamente em mim, tinha sido feito pela costureira amiga da minha mãe. Bethânia, como eu sentia falta dela. O vestido chegava um pouco mais da metade das minhas coxas e era fechado na frente – nada de decote para essa menina – seu charme estava nas costas, onde ele era aberto até chegar uma mão antes da minha bunda. Elegante e simples. Uma costura bem feita.
O salto que minha mãe tinha me dado para usar com aquele vestido, deixara meu look completo. Salto agulha – eu tinha tanta certeza que iria doer muito meus pés pela manhã, que cheguei a gemer – com algumas tiaras de pedras imitando a musgravite.
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Livro 1 - Doce Tempestade
أدب الهواةAmanda é uma garota brasileira de 20 anos que acabou de ganhar uma bolsa de estudos na Colômbia. Viver em um alojamento com outras brasileiras que só pensam em festas e homens estava prejudicando e deixando a decidida e certinha univer...