Capítulo 44

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MALUMA

A raiva cegava minha visão. Não consigo decidir se continuo com os movimentos sincronizados dos meus braços ou se preocupo-me em ter ferido Amanda. Ela não tinha culpa. A rixa entre mim e J Balvin já havia passado dos limites.

Ignoro o grito agonizante de dor que vêm da cela ao lado, minha mente registra o exato momento em que o choro sem sentido do rapaz volta. Seu sofrimento é tão intenso que desfoca o meu.

Saltos altos provocam um som estranho naquele lugar e não quero imaginar a mulher que pode estar causando tanto barulho com sua chegada. Os gritos de desaforo dos outros presidiários só intensifica minha raiva.

A raiva faz-me aumentar o ritmo dos meus movimentos. Mãos fechadas, pulsos próximos, um braço sempre protegendo a reta guarda e o ataque sempre letal. Concentro-me novamente no som dos meus ossos encontrando a parede. Cinco mil setecentos e noventa e três.

O som é como um imã que me faz focar no meu objetivo novamente. Cinco mil setecentos e noventa e quatro.

O que demônios ela tinha feito com J Balvin? Cinco mil setecentos e noventa e cinco.

Aquele filho da puta. Cinco mil setecentos e noventa e seis.

Deveria tê-lo matado quando tive chance. Cinco mil setecentos e noventa e sete.

Ela tinha estado com ele. Cinco mil setecentos e noventa e oito.

Isso não ia ficar sem retaliação. Cinco mil setecentos e noventa e nove.

Eu iria sair daqui e quando saísse. Cinco mil e oitocentos.

J Balvin iria arrepender-se de tentar novamente ir atrás do que é meu.

_Oi delicia – ouço a voz de Anitta fora da minha cela – Que tal uma conversinha.

Livro 1 - Doce TempestadeOnde histórias criam vida. Descubra agora