Capítulo 29

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AMANDA

Sempre achei engraçado quando minha mãe dizia "Sei exatamente o momento em que você vai me chamar" agora, eu também poderia dizer o mesmo. Estava fechando o zíper de minha calça jeans quando tive "a sensação" e logo após meu celular vibrou. Não precisei olhar para saber que Maluma estava avisando que chegaria.

Rapidamente desliguei meus aparelhos da tomada – não eram muitos, confesso – e garanti que todas as torneiras estavam devidamente fechadas – eu tinha um serio problema com, imagens de gotas pingando em minha ausência, que me deixavam maluca – empurrei minhas duas malas para o corredor e tranquei a porta. Algo me dizia que aqueles dias com Maluma estavam para ficar descritos em "coisas que eu deveria pensar trinta vezes antes de fazer", mas, incrivelmente, eu não me arrependia.

_Saindo Amanda – viro-me em direção a voz da minha vizinha.

Lucia era uma chilena de sessenta e cinco anos, morava sozinha com seus catorze gatos – eu juro que eles estavam aumentando – tremo só de pensar.

_Vou viajar – respondo-lhe e vejo-a fechando a cara.

_No meu tempo meninas da sua idade não saiam sozinha – disse ela ao abrir um pouco mais de sua porta para que seu gato entrasse – Entre Bodoie seu mingau está pronto.

Um pouco sem graça dei um sorriso amarelo e me despedi da Senhora Lucia. Deus e eu sabíamos que aquela mulher poderia conversar por horas seguidas sem cansar.

Arrastei minhas malas pela escada ouvindo-a quicar alguns degraus de vez em quando. Aquilo era mais difícil do que eu esperava.

_Senhorita Amanda! – diz Antônio ao pegar minhas malas – deixe-me ajuda-la.

_Obrigada – sorrio sem graça ao vê-lo lidar com aquilo melhor do que eu.

_A senhorita deveria ter me chamado, não teria tido esse trabalho todo – repreendeu-me ele.

Antônio hoje estava com seu habitual topete dos anos 60. Ele parecia amar aquilo. Às vezes eu jurava para mim mesma que havia graxa em seu gel, seu cabelo era tão preto quanto seu bigode – que ele vem deixado crescer a algum tempo -.

_Não queria incomodar o senhor – confesso envergonhada, olhando para seu sorriso branco.

_Pode me chamar sempre que precisar – disse ele deixando-me sem graça – A senhorita ficará muito tempo fora?

_Algumas semanas – respondo reflexionando ao mesmo tempo. Só Deus sabe quanto tempo Maluma e eu podemos conviver juntos sem uma briga envolvida. Provavelmente eu terminaria voltando de taxi pra cá e me arrependendo por não ter ficado com minha mãe – Talvez volto mais rápido do que você pensa.

Ouço uma buzina estridente e reviro meus olhos antes que perceba. Vejo Antônio afastar-se de mim lentamente em quanto observamos juntos a janela do passageiro da frente abaixar-se. Maluma esta vestindo uma camiseta preta e um ray-ban escuro esconde seus olhos, mas seu sorriso, a sim, aquele sorriso condescendente, já estava irritando-me antes que ele abrisse a boca.

Aquelas semanas seriam terríveis.

_Vamonos Baby! Quiero llegar em Arias hoy! – grita Maluma aprofundando seu sotaque.

Aquele homem estava passando dos limites!

_Senhor Antônio – digo-lhe sem tirar os olhos de Maluma que por incrível que pareça alimentava cada vez mais a perigosa linha entre nós – Dê uma olhada em meu apartamento às vezes sim?

_Si-sim senhora – responde ele gaguejando. Aquilo não me surpreende. Maluma era de deixar qualquer um nervoso. Menos eu, já tinha visto merdas suficientes daquele homem para sentir-me "afetada" daquela maneira.

Livro 1 - Doce TempestadeOnde histórias criam vida. Descubra agora