Capítulo 64

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MALUMA

Vejo Augusto dar uns passos à frente e abaixar a cabeça respeitosamente a Carlos antes de entrar no circulo feito por meio de um tijolo que uma criança estava arrastando no chão a nosso redor. Os homens na gangue se adaptaram a marca encarando-nos firmemente. Lutas sempre foi um tipo de esporte na Leon de Sangue, lembro-me claramente das vezes em que tirei um bom dinheiro desses caras por ser em um exímio lutador.

Incrivelmente eu jamais havia lutado por mim, sempre for por alguém. Por Londoño, por Daniela, por minha família e agora que Augusto entra em minha frente com os punhos firmes eu apenas encaro a cena friamente enquanto me posiciono. Dessa vez eu já não sabia o motivo de lugar. Desvio dos golpes facilmente e ataco agressivamente. Sempre letal sempre mantendo o foco, nunca perdendo uma oportunidade de causar dano.

Depois do vigésimo atacante eu estava fora de mim, regozijando em cada gemido do meu oponente, rindo em cada ferida que se abria em meu corpo. Cada vez que eu caio no chão, cada vez que o sangue desce por minha face, cada vez que meus músculos falham em manter minhas pernas no chão, a força que tiro das lembranças volta para mim.

Os olhos de Amanda a brilhar quando me encaravam em contemplação, não por minha beleza, infernos. Somente aquela mulher poderia dizer como eu estava quebrado. E mesmo assim – seguro um punho vindo em minha direção – não tive coragem de encara-la após ter tirado sua virgindade. Eu havia corrompido algo que não era meu, ela deveria ter perdido sua inocência com um homem que fosse digno dela. A deixei ir violada de sua ingenuidade, eu a deixei em uma bela bandeja para J Balvin e o filho da puta a levou. Era minha culpa, meu fardo.

Torço o braço de meu oponente, ouço seu osso quebrando seguido de seu grito estridente. Sem emitir emoção carrego-o em minhas costas e o jogo na direção de Carlos.

Os membros do circulo param de gritar e se posicionam atrás de mim deixando apenas Carlos como o próximo oponente. Ele não tinha o direito de mandar mais ninguém em minha direção, Leon de Sangre me declarou digno de disputar a liderança e Carlos e eu sabíamos, que ele não ganharia.

Dou uns passos para trás e indico os homens atrás de mim.

_Você decide Carlos – digo e minha voz sai em tom animalesco surpreendendo a mim mesmo – Você pode enfrentar-me agora e lutar para manter seu posto, ou me entregar livremente, sem reprimendas.

_Nós sabemos que eu não ganharia contra você Maluma – diz ele aproximando-se de mim. Ao entrar dentro do circulo marcado pelo risco do tijolo, Leon de Sangre volta a ladeá-lo – Você parece possuído pelo próprio diabo. Você saiu daqui, você esqueceu seu povo, você nem quer estar aqui.

Aproximo-me dele e dou-lhe uma rasteira no chão, ele cai em uma posição ajoelhada com as mãos no piso frio. Antes que ele possa se levantar já o tenho imobilizado e sussurro em seu ouvido, nossos rostos tão próximos ao solo que quase poderíamos beija-lo.

_Nunca dependeu de minhas escolhas Carlos e nós sabemos disso.

_Depois que você assumir, não tem volta – insiste ele, o suor escorrendo por sua face.

_Nunca teve volta hermano – concluo e bato sua cabeça contra o chão fortemente.

Leon de Sangre grita e olho sem emoção quando todos sacam um objeto cortante e cortam suas próprias mãos. O Sangue escorrendo são passados no centro de seus peitos e aqueles que não o fizeram saíram da fabrica. Agora eu era o novo líder da Leon de Sangre, meu pai deveria estar rindo no inferno, seu maior desejo havia sido realizado.

Livro 1 - Doce TempestadeOnde histórias criam vida. Descubra agora