15° Capítulo

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Guto

-Deixa de ser chato garoto, vem vamos dançar.

Fechei os olhos e inclinei a minha cabeça para trás, engolindo o resto do líquido quente e amargo que estava no meu copo. Eu já estava a algum tempo resistindo aos pedidos da garota de vestido verde, para ir dançar com ela. Mas ela não largava do meu pé.

Não me levem a mal, mas eu não sei o nome dela. Também não perguntei e se por algum  acaso ela me disse, eu fiz que não ouvi.
Ela por outro lado não parava de falar pelos cotovelos desde que se aproximou de mim. A garota de vestido verde parou na minha frente pulando que nem uma maluca, já me arrastando para o meio da multidão.

-Você não é muito de falar não é? – Ela perguntou gritando colocando os braços ao redor do meu pescoço enquanto dançava ao som da batida da música.

-Acho que você já fala o suficiente por nós dois. Não acha?

-Talvez. Mas eu gosto de garotos como você. -disse colando seu corpo ao meu.

-Como assim garotos como eu? -perguntei achando graça da forma como ela falava.

-Garotos maus, que se fazem de não estou aí pra nada, mas que na verdade estão prontos para dar o próximo bote em você.

-Eu entendi errado, ou você está me chamando de sonso? -perguntei franzino o cenho.

-Não foi isso que eu disse.- ela começou a falar mais a minha atenção foi rapidamente levada para um outro canto da boate, não muito longe.

De onde eu estava eu não conseguia ver direito o que estava acontecendo. Mas eu podia ver claramente, um cara bêbado tentando beijar uma garota a força. Que tentava a todo custo se soltar, mas ele era quase o dobro do tamanho dela. E pelo que eu estava vendo, parecia que ninguém havia se dado conta do que estava acontecendo ali, ou estão fingindo que não estão vendo.
Tirei as mãos da garota do vestido verde do meu pescoço e saí pisando duro sem falar nada, indo em direção ao “casal”.

Eu sempre fui um cara pacifista, nunca gostei muito de brigas, mesmo que já estive envolvido em muitas delas.

Porém quando eu cheguei perto o suficiente para analisar a situação, e observei que o cara já estava arrastando a garota para o lado mais tenebroso da boate onde ficavam os banheiros e percebi que essa garota era a Clarisse, eu não pensei duas vezes e meti a porrada na cara dele.

Dei um murro tão forte no otário que ele caiu de costas direto no chão já com a mão no rosto que começava a expelir muito  sangue.

-Augusto? – perguntou uma Clarie confusa e embriagada.

-Não, a sua fada madrinha.- retruquei irônico a puxando pelo braço pra bem longe daquele cara. – Vem, precisamos sair daqui antes que o seguranças venham ver o que está acontecendo.

-Eiii, me solta.- disse tentando puxar o braço.

-Ahh, ok. Eu te solto. E te levo de volta lá para sua conversinha particular com aquele cara de novo. Que tal? Você devia era me agradecer, sua mal agradecida. – retruquei meio puto.

-Agradecer pelo que? Eu tinha tudo sob controle.

-Uhum, percebi pela sua cara de apavorada.

Empurrei a porta de saída de emergência que dava no mesmo vasculhante pelo qual entramos.

-Eiii, não debocha de mim otário.- falou emburrada , colocando as mãos na cintura quando eu á soltei para fechar a porta.

-Olha aqui anã, eu vou te ajudar a subir na mureta e você pula pra fora pelo vasculhante. Beleza? – Eu disse ignorando ela.

-Você me chamou de que?
Se eu achava a Clarisse sóbria, insuportável. Era porque eu nunca a tinha visto embriagada.

-Só pula tá? – falei revirando os olhos, sem uma gota de paciência.- No três.

Ela concordou e se posicionou na minha frente, peguei ela pela cintura e a ajudei a subir.

-1,2..pula.

-Aii, MERDA. -ela disse choramingando com a mão na boca e pulou a tempo de eu ouvir um grito.

Subi rapidamente na mureta para ver se ela tinha se machucado , mas tudo que  vi foi uma Clarisse vomitando no chão do passeio.

Clarice

Abri os olhos sentindo uma forte pontada na cabeça e a claridade do sol vindo toda no meu rosto. Estiquei a mão pegando o meu celular que estava na minha mesinha de cabeceira e vi que já passavam das duas horas da tarde. Empurrei os lençóis meio tonta e sentindo um terrível gosto amargo na boca. Corri para o banheiro, pegando minha toalha no caminho. Liguei o chuveiro, e entrei tentando recobrar um pouco os sentindo que ainda estavam um pouco fora de ordem. Estranho, eu não consigo lembrar de nada, nem de como eu vim para na minha cama. Eu devo ter bebido mais além da conta.

Que saco! Espero não ter feito muita MERDA.

Terminei meu banho, peguei a primeira roupa que caiu na minha frente quando abri meu bagunçado guarda-roupas. Me vesti e saí do quarto indo para o andar de baixo.
-Acordou a Margarida? Tá cedo ainda.- brincou Nanda que estava com um enorme pote de amendoim torrado no colo.

-Não, não estou dormindo ainda.

-Idiota.- falou rindo jogando um amendoim em mim.

-Bom dia maninha.- Disse Lipe vindo da cozinha com uma caneca de café. Ele veio até mim depositando um beijo na minha testa.

-Foi você que me trouxe pra casa?

-Eu não, quando eu cheguei você já estava roncando que nem uma porca na sua cama.- disse rindo alto, quando dei  língua pra ele.

-Babaca.

-Eu sou seu irmão meu bem.- sentei ao lado dele no sofá colocando meus pés em seu colo dele.

-Isso não te impedi de ser babaca, babaquinha.- eu ri, puxando suas bochechas.

-Meu Deus vocês dois são tão idiotas. -retrucou Fernanda rindo da nossa cara.

Ficamos rindo e falando bobagens por um bom tempo. Até que um forte cheiro de coisas queimada surge no ar.

-Vocês estão sentindo esse cheiro? -pergunta Felipe tirando os meus pés do colo dele indo na direção da cozinha.

-Cheiro que cheiro????- perguntou Amanda com a não no queixo. Mas logo arregalou os olhos. -AIII MEU DEUS, EU ESQUECI O RESTO DO AMENDOIM QUE ESTAVA TORRANDO.

-GALERAAAA, SOCORROOOO A COZINHA TA PEGANDO FOGO.- Gritou Felipe desesperado da cozinha.

Lá vamos nós de novo, será que não se pode ter um dia normal nessa casa?

Continua...


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