26° Capítulo

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Felipe

Olhei assustado para Michelle, observando sua expressão aparentemente nervosa. Me afastei um pouco dela, fazendo o sinal de silêncio com os dedos.

-O que vamos fazer? – sussurrou em meu ouvido.

-Não, sei. – falei no mesmo tom dando de ombros.

-Mas é um imprestável mesmo.- disse me dando um murro no braço esquerdo.

Instintivamente levei a mão direita alisando o local. Desde quando essa garota ficou forte assim?

-Aí, doeu. – resmunguei ainda com a mão no local observando ela rolar os olhos.

-Deixa de ser frouxo, precisamos dar um jeito de sair daqui.- sussurrou Michelle com a mão no queixo como se estivesse pensando.

Ei, ela me chamou de que?

-Eu não sou frouxo ok? – reclamei indignado.

Eu não sei que tipo de feitiço essa garota estava fazendo comigo, mas devia ser muito forte para eu ouvir ela me chamar de frouxo e realmente agir como frouxo.

- Quem te disse isso? Sua mãe? – falou sarcasticamente e eu hesitei na palavra mãe.  O que não passou despercebido por ela.

-Desculpe, as vezes eu extrapolo nas brincadeiras.- diz dando de ombros e eu balanço a cabeça em afirmação.

-Tudo bem

-Não, sério. Desculpa, eu não devia ter tocado nesse assunto. Sei o quanto você e a Clarie sofrem por isso.

-Eu sei, esquece isso. – falei e ela concordou em silêncio.

Observo Michelle sentar no chão  com as costas viradas para pia de mármore, caminho sem fazer barulho e  encosto o ouvido na porta a tempo de ouvir a inspetora resmungar:

- Quem estiver ai dentro, se não abrir a porta agora vou chamar a diretora. E a coisa não vai ficar nada boa.

No mesmo instante descolo o ouvido da porta e volto para onde Michelle esta e sento ao seu lado. Olho para ela e consigo observar suas expressões mais relaxadas e despreocupadas. Nem parece a mesma garota de alguns instantes.

E essa era a Michelle, a garota mais bipolar que já conheci na vida. E olhe que modéstia parte, não foram poucas. Aliais, acho que o termo mais correto para descrever a garota que estava sentada nesse instante ao meu lado seria; multipolar. 

- Nunca vi uma velha mais ranzinza que nem essa, aposto que ficou para titia e mora com uns cinquenta gatos. - disse com uma voz risonha enquanto brincava com o cadarço do sapato.

-Meu Deus, como você pode estar tão calma? Se pegarem a gente aqui dentro estamos lenhados. – falei indignado.

- Para que tanto drama? Primeiro, que se você estivesse mesmo preocupado com isso, você nem teria entrado aqui para começar.- respondeu ignorando minha pergunta e me olhando com a sobrancelha erguida.

-Eu ter entrado aqui, não quer dizer que não tenho medo de ser expulso do colégio.- Falei e ela me olhou como se eu fosse louco.

-Quem iria expulsar dois alunos de um colégio só porque estavam se pegando em um banheiro?- ela disse fazendo uma careta e eu ri.

-Não sei, só não duvido de que façam isso. – falei dando de ombros.

-Você é ridículo! – exclamou rindo, me dando um empurrãozinho com o ombro e eu me desequilibrei.

-Ei, você andou malhando?- perguntei e ela me olhou ainda rindo.

-Não mais do que o de sempre. Porque?

-Nada demais, só curiosidade. – respondi dando de ombros e rolando os olhos em seguida.

-Não vou falar de novo.- gritou a inspetora dando um tapa na porta e logo ouvimos o som de passos saindo.

-Será que ela desistiu? – sussurrou me olhando e eu dei de ombros.

-Não sei, vamos esperar para ver ne?- falei olhando para ela.

-Como vamos sair daqui?

-Ahh, agora esta preocupada?- perguntei incrédulo com sua mudança de humor novamente.

-Obvio, eu não estar desesperada e fazendo drama. Não quer dizer que eu não esteja preocupada.- falou dando de ombros.

Encostei a cabeça na mármore, e olhei para ela que sorria de lado me olhando de volta.

-Que foi? Quer um balde?

-Não, de você só quero essa sua boca deliciosa.- falei piscando e ela riu revirando os olhos.

- Você é tão besta.

-E você é maluca.

-Nem sou, vocês que não conseguem acompanhar o meu raciocínio. – falou rindo e deitou a cabeça no meu ombro.

Empurrei-me para mais perto dela e passei um braço pela cintura dela.

-Sabe que eu nunca percebi o quanto você é bonita?- falei do nada e observei ela ficar vermelha.

-Você diz isso para todas?- fala me olhando de lado e eu dou risada da cara que ela faz.

-O que? Está com ciúmes?

-De você? Nem em seus melhores sonhos querido. – ela diz e levanta do chão e eu vejo sua calça toda suja e começo a rir.

-É o que idiota? Tá vendo dentista para tá abrindo os dentes? – pergunta franzino o cenho e eu aponto para sua calça, mostrando onde esta sujo.

-Não acredito! Que droga. Melou toda a minha calça.- ela diz bufando e fazendo uma careta. -Ei, para de rir idiota e me ajuda a limpar.

Assim que ela fala olho para sua bunda com um sorriso sarcástico.

-Tem certeza?- pergunto sorrindo e balançando as minhas sobrancelhas.

-Ai Deus, daí me paciência. – ela diz entredentes me fazendo rir.

Nunca imaginei que estar com ela me traria uma vibe tão boa. E não é só por ela ser linda, mas por ter um astral diferente nela sabe? Esse jeito dela de ser menina mulher, estava me atraindo mais do que eu esperava.

- Relaxa, estava brincando. -digo e ela me olha com a mão no queixo como se estivesse tendo alguma ideia.

-Que foi?

-Me da teu casaco. – diz exigente.

-Oi?- pergunto sem entender porque ela queria meu casaco.
-Me da seu casaco, tá surdo?

Rolo os olhos, tirando o casado e dou para ela. Observo ela esticar e amarrar na cintura escondendo a parte suja.

-Prontinho. -diz rindo e me manda um beijo no ar.

-Em vez de você me mandar, podia vir aqui me dá, não acha não? – falo levantando do chão.

Me aproximo dela e a pressiono na porta. Ouço um pequeno som agudo sair e de sua boca e deslizo meus lábios em seu rosto.

-Acho melhor a gente sair. Parece que a inspetora desistiu de entrar aqui. -ela diz baixinho me empurrando pelo peito, para longe e eu dou risada incrédula.

-Você adora fugir ne? – pergunto me afastando dela.

Observo ela rir, e chegar bem próxima de mim.

-Sem fugir, não tem como sentir a adrenalina no sangue.

É incrível como ela consegue contornar tudo, tem sempre uma resposta na ponta dessa língua atrevida.

Balanço  a cabeça em descrença e digo:

-Eu saio primeiro, e depois você sai, doidinha.

Abro a porta devagarinho,  olho para os dois lados e graças a Deus não vejo ninguém no corredor. Fecho a porta atrás de mim e saio em silêncio pelos corredores como se nada tivesse acontecido.
Ai, ai Michelle. Você ainda vai me deixar louco.

Continua...

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