28° Capítulo

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Clarie

Fechei os olhos ao sentir seus dedos deslizarem suavemente por minhas madeixas enquanto seus braços me cercavam. Estar dentro do seu abraço trazia uma grande sensação de paz, que eu não sentia há muito tempo.

De uma hora para outra, eu já conseguia sentir toda a angustia acumulada dentro de mim se esvaindo aos poucos. Eram sensações tão novas, que não poderiam existir palavras perfeitas o suficiente para definir aquele momento.

Suspirei baixo, ainda sentindo a intensidade da chuva sobre as nossas cabeças. Estávamos completamente molhados, ali no meio da rua. Eu já podia sentir a minha farda pesar sobre o meu corpo e a minha blusa branca ficar transparente por conta da água. Espalmei minhas mãos em seu peito, segurado firme porque se eu o soltasse sabia que iria cair.

Minhas pernas estavam tremendo tanto, que eu poderia me desequilibrar a qualquer momento. E meu coração estava batendo tão forte e rápido, que eu não ficaria surpresa se eu sofresse uma ataquecardia.

Pisquei algumas vezes por conta da água, e levei meus olhos de encontro aos dele. Seus olhos eram tão perfeitos que chegava a doer. Eu estava tão confusa, não conseguia entender como alguém era capaz de chegar do nada e simplesmente me tirar tanto o ar?

Senti seu nariz tocar o meu, e nossa respiração se tornar apenas uma. Fechei os olhos e senti seus lábios tocando os meus. Levei minha mão até a sua nuca, enquanto sentia ele saboreando os meus lábios pouco á pouco. Não demorou muito e ele aprofundou o beijo me puxando mais para ele. Sorri entre o beijo, sentindo pequenas fagulhas elétricas pelo meu corpo.

Eu nunca havia sido beijada de tal forma, com tamanha intensidade. Ao mesmo tempo que ele era delicado e casto, ele era intenso e me prendia firme a ele.

Continuamos nos beijando no meio da chuva por um bom tempo, até que a necessidade pelo ar falou mais alto e nossas bocas se separaram.

Ele encostou sua testa na minha com os olhos fechados, enquanto tentávamos controlar nossas respirações.

-Nossa, se eu soubesse que você beijava tão bem tinha te beijado antes.- ele fala sorrindo meio torto.

-Guto!- eu digo e dou um empurrãozinho nele tentando disfarçar o quão envergonhada eu estava. Eu ainda conseguia sentir a minha boca formigar.

-Você está corada?- ele diz pegando em meu queixo.

-Err.. eu não. - falo me afastando um pouco dele e dando de ombros, fazendo ele rir.

Sinto me nariz começar a pinicar e solto um pequeno espirro.

Droga de rinite!

-Acho melhor a gente ir pra casa antes que você pegue uma pneumonia. - ele diz e tira seu casaco de couro.

Ele chega mais perto colocando o casaco sobre os meus ombros e me entrega o seu capacete.

Augusto vai até a moto, levanta e monta nela. Sigo seus passos montando logo atrás.

-Já falei o quanto amo a sua moto?- falei puxando assunto.

-Acho que sim. Aliás, eu falei sério sobre as aulas de direção.- ele diz ligando a moto.

-Sério?-pergunto animada e surpresa ao mesmo tempo.

-Sim.- ele disse e consigo identificar um sorriso em sua voz.

-Ei, obrigada.- digo segurando em seu abdômen e encosto minha cabeça em suas costas.

-Por nada.- ele diz sem me olhar e dá partida rumo a nossa casa.

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