Olhei para frente para ver em quem eu havia esbarrado, e percebi que era Michelle. Ela estava com uma aparência estranha, um pouco vermelha e com os olhos levemente marejados.
-Michelle, você está bem?
-Err.. sim. Eu só coloquei a água para fora. Por isso vomitei um pouco mas já estou bem. – Ela disse aparentando estar um pouco cansada e abatida.
-Tem certeza?
-Claro que sim Clarice, ou você acha que eu não saberia se não estivesse bem? – disse tentando ser irônica, sem ter muito êxito.
-Então tá, ne. -decidi encerrar o assunto, porque com a Michelle é assim. Quando ela diz uma coisa, por mais que não fosse verdade ela nunca dava o braço a torcer. Ela é orgulhosa demais para isso.
-Eu vou dormir, Boa noite.- ela disse entrando no quarto sem nem me olhar direito uma última vez.
Era estranho ver a Chell assim, ela sempre foi à decidida. Segura de sí. Enquanto a Nanda que era a insegura, que vivia chorando pelos cantos da casa. Mas estranho ainda era que parecia que as duas haviam trocado de identidade. O que faz duas pessoas mudarem tanto de comportamento assim?
Giro finalmente a maçaneta do meu quarto e entro no mesmo já fechando a porta.
Estou com tanto sono que nem me preocupo em dobrar as roupas que estão limpas em cima da minha cama, empurro tudo pro chão e me jogo na cama pronta pra cair em um sono profundo. Acho que não foram nem cinco minutos e eu ouço o barulho da minha porta sendo aberta. Olho pro lado dando de cara com o Lipe agarrado a um travesseiro.- Será que eu posso dormir aqui com você?- pergunta tentando fazer uma cara fofa.
-Não. Sai daqui. -Eu digo emburrada vendo ele sorrir e vim deitar ao meu lado.
- Obrigada maninha, também te amo. -ele diz se embrulhando com o meu edredom. Me puxa e me deita no peito dele. E eu respiro fundo sem acreditar na cara de pau do meu irmão.
-Boa noite idiota, te amo. - falo já de olhos fechados.
-Boa noite minha ruivinha, te amo.
E assim, eu durmo. FINALMENTE.
(...)
Acordo sentindo uma dorzinha terrível nas costas e não preciso nem fazer esforço para saber que é culpa do Felipe. Ele tem um mau dormido terrível.
Olho pro lado pronta pra matar ele, mas pra sorte dele ou minha. Ele não está mais aqui.Empurro os lençóis e vou para o banheiro fazer minhas necessidades matinais.
Quarenta minutos depois e estou pronta. Saio do meu quarto, fechando a porta. Quando estou decendo as escadas encontro com o tio Rick que está subindo.
-Bom dia, florzinha. -ele diz dando um beijo na minha testa.
Eu fico fascinada, com o fato do tio Rick ser tão bom e cuidadoso com todos nós. Tudo bem que esse meio que é o trabalho dele, porém as vezes ele age como se fosse o nosso pai. E esse não é o papel dele. Mas mesmo assim ele faz.
-Bom dia, tio. – respondo sorrindo. Enquanto parava ao seu lado.- Cadê a galera?
-Foram ao mercado. Os armários já estão vazios, vocês comem o tempo, todo como condenados. – ele diz rindo.
-Todos? -estranhei, porque normalmente o Tio Rick pedia para ir dois ou três de nós.
-Tirando, a Michelle que está dormindo ainda e o Guto que esta na cozinha tomando café. Sim.
-Por isso que a casa está nesse silêncio.
-Sim, aproveita e vai logo comer alguma coisa. A senhora está muito magrinha ouviu. – ele disse erguendo o supercilio.
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A República
Ficção AdolescenteClarie é apenas uma garota de 16 anos, e já passou por muita coisa. Seu irmão Felipe foi a única familia que lhe sobrou após seu pai decidir tirar os dois de sua vida. Guto mal completou 18 anos e teve que lidar com a morte da mãe e com os transtorn...