GutoQuando chegamos na República já passavam das 4 horas da tarde. Estacionei a moto na garagem e vejo a Clarie pular da moto já me entregando o capacete. Desço e fico observando ela passar as mãos descontroladamente no cabelo com o intuito de desemaranha-lo. Sem muito sucesso. Mal sabe ela que fica linda com o cabelo assim.
-Obrigado por ter me acompanhado ao shopping. -falei, enquanto desligava á moto.
-Não tem de que. Eu provavelmente teria passado o dia fazendo fotossíntese naquele sofá. – ela disse rindo e eu não pude deixar de pensar no quanto eu me enganei com ela.
Nos primeiros dias aqui na república, a Clarie sempre me pareceu uma garotinha patricinha e mimada. Aquele tipo de menina que eu sempre quis passar bem longe. Porém ela se mostrou muito distinta do que eu realmente pensava. Acho que é aquele velho ditado, não julgue o livro pela capa.
Entramos em casa, dando de cara com um bando de desocupados jogados pela sala. Esse povo não faz nada da vida não? Só andam assim...
-Até quem fim chegaram.- disse a Liza assim que eu fechei a porta atrás da gente.
Para se ter uma breve ideia, a sala estava um caos. A Nanda e o Lucas estavam sentados em um dos sofás jogando vídeo game na maior altura. Enquanto a Liza e o Guto estavam levando um monte de sacolas que estavam espalhadas pela sala para a cozinha. O Felipe estava esparramado no outro sofá, mexendo no celular e a Michelle estava sentada em um dos últimos degraus da escada, observando os outros dois levando as coisas para a cozinha.
-Sentiu saudades maninha? Já te avisei que já passou da hora de cortar o cordão umbilical.- eu disse rindo e ela me mandou o dedo do meio. - Que grossa.
-Gente, que vício é esses de vocês ein? – falou a Clarie que agora está escorada nas costas do sofá, apontando para o Lucas e a Nanda.
A Fernanda automaticamente pausou o jogo, virando todo o seu corpo para falar com a Clarie.
-Claro, eu preciso descontar no Lucas toda a raiva que ele me fez passar hoje. Só que infelizmente matar na vida real é crime. Então só sobra o vídeo game. – ela diz e o Lipe começa a gargalhar que nem uma iena com dor de dente.
-Eiii, eu já pedi desculpa. -resmungou o Lucas, jogando o controle do vídeo game em cima de Felipe que não parava de rir.
-Afinal o que foi que aconteceu, que até agora vocês não falaram?- perguntou Igor vindo da cozinha com um copo de agua na mão.
-O Lucas, sendo o idiota de sempre.- falou Felipe ainda rindo.
-Cuidado pra não morrer engasgado otário. -Clarie fala se jogando em cima do irmão.
-Saí sua gorda.
-Gorda é sua avó.- ela fala rumando uma almofada na cara dele logo após ele joga-la no chão.
-Ela é gorda mesmo. – ele diz dando língua pra ela, que rola os olhos.
-Será que dá para vocês deixarem de ser infantis? -perguntou Michelle que se manteve calada o tempo todo, até agora.
A Clarice rola os olhos E levanta do chão dizendo:
-Fala logo Nanda, o que aconteceu.
-Esta bem. Foi assim...Ahh, conta você Lipe. Que só de lembrar eu já fico irritada. – ela diz fuzilando o Lucas. E a Clarie da uma gargalhada gostosa e contagiante.
-Deixa que eu conto, foi mais ou menos assim...
~ Flashback on Felipe ~
-Nanda, você olhou se essa conta deu certo? Essa carne saiu muito cara para o meu gosto.- falei quando estávamos saindo do açougue onde fomos comprar a carne. Porque segundo o Lucas “A carne era mais barata ali”. Só que não né.
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A República
Ficção AdolescenteClarie é apenas uma garota de 16 anos, e já passou por muita coisa. Seu irmão Felipe foi a única familia que lhe sobrou após seu pai decidir tirar os dois de sua vida. Guto mal completou 18 anos e teve que lidar com a morte da mãe e com os transtorn...