Felipe
Quando eu era pequeno, consequentemente quando eu tinha um pai. Ele me dizia que na vida nós temos sempre, não importa a situação, dois caminhos.
O agir e o não agir.
E foi exatamente isso que eu resolvi fazer naquele momento. Eu podia ter mentido, e não ter bebido a água. Porém ultimamente tudo o que eu penso é em agir.
E desde quando fiquei a primeira vez com a Michelle naquele jogo, ela não saí da minha cabeça. E eu me encontro cada vez mais confuso.
Assim que terminei de virar o copo, meus olhos foram logo na direção da Michele. E ela por sinal me encarava com olhar perturbado. Abri a boca umas três vezes para falar alguma coisa, mas a voz não saia.Que merda está acontecendo comigo hoje?
Olhei para ela novamente que ainda me olhava com os olhos arregalados, e com uma leve coloração vermelha na pele. Ela sabe que estou olhando pra a ela. Ela sabe PORQUÊ estou olhando pra ela.
Abro a boca para falar mas tudo o que ouço é:
-Acho que vou vomitar. – Ela diz antes de sair correndo para o banheiro, esbarrando em alguns móveis pelo caminho.
-Eu vou atrás dela.- fala minha irmã levantando, porém eu sou mais rápido e digo.
-Não, deixa que eu vou.
-Oi?.. – ouço a Clar falar, mas eu já estava indo pelo mesmo caminho pelo qual Michelle foi.
Quando cheguei no banheiro, ele já estava com a porta escancarada e a Michelle estava debruçada sobre o vaso vomitando. Uma linha de suor escorria por seu rosto colando os seus cabelos no rosto.
-Sai daqui. – Ela disse com uma voz embargada, enquanto vomitava toda a água, mas eu á ignorei. Me posicionei, sentando logo atrás dela, segurando o seu cabelo.
Fiquei em silêncio, todo o tempo. Até que ela parou de vomitar, levantou quieta e foi até a pia lavar a boca.- Era você não era? -Ela perguntou com uma voz rouca, ainda de olhos na pia.
-Era. – respondi, vendo ela enxugar o rosto.
-Porquê? Agora você cansou de brincar com as garotinhas da rua e decidiu brincar comigo?- ela disse fazendo uma feição nada boa, ao virar para mim.
Me apoiei na parede e levantei, ficando frente à frente com ela.-Eu nunca disse que queria brincar com você. Aconteceu.
-Ah não, primeiro durante o jogo. Agora isso. – Ela disse rangendo os dentes.
-Não pira Michelle! Foi só um beijo. Se você quiser eu não encosto mais em você se esse é o problema.
Ela me olha apreensiva esperando ouvir a resposta dela. Seria oito ou oitenta, e se ela estivesse passando pelo mesmo que eu, poderíamos descobrir juntos o que era isso. Mas para o meu espanto tudo o que ela disse foi:
-Ok, é isso o que eu quero. VOCÊ BEM LONGE DE MIM.
Encerrou a ultima parte gritando e saiu sem nem me olhar batendo a porta.Clarie
-Será que ela está bem? – Eu falei olhando pra galera, assim que o FÊ foi atrás da Michelle.
Se um dia alguém me contasse que o Felipe iria tomar a frente e ir ajudar a Chell como aconteceu hoje. Eu acho sinceramente que daria uma boa gargalhada.
- Acho que sim, deve ter sido o excesso de água.- falou Eliza que estava sentada ao lado de Lucas e Igor enquanto a Nanda ligava o videogame.
-Sério que vocês vão jogar à essa hora? – questionei.
-Vamos sim mamãe, amanhã é sábado e não temos escolinha.- disse Lucas rindo da minha cara.
-Haha, idiota. Enfim, eu vou subir que EU estou com sono.- falei dando língua pra ele.
Pego o meu celular em cima da mesinha de centro e subo. Fico feliz pelos meus problemas com o Lucas estarem finalmente resolvidos. Já estava chato aquele climão entre a gente.
Fui na direção do meu quarto, mas assim que toquei na maçaneta da porta ouvi o som de violão vindo de um dos quartos. Olhei a porta que estava entreaberta já sabendo que aquele quarto era do Augusto. Eu e ele não éramos um exemplo de amizade, muito longe disso. Mas a melodia que vinha do seu quarto, era tão bonita e tocante. Que eu não poderia deixar de lembrar da minha família.
Por isso sem que eu percebesse meus pés foram caminhando em direção a seu quarto. Respirei um pouco, e empurrei a porta. Sentado na cama estava um Augusto, com o violão no colo.
De cabeça baixa dedilhando algumas notas. Fechei os olhos, encostando minha cabeça no batente e me permiti ouvir aquela música por alguns breves segundos.
Como alguém como ele poderia tocar com tamanha paixão? Era quase inacreditável.-O que você esta fazendo parada aí?- Perguntou uma voz rouca, bem perto de mim.
Abri os olhos dando de cara com Augusto, que me encarava atentamente. Fiquei completamente sem jeito, afinal seria estranho se alguém entrasse no meu quarto da forma como eu entrei no dele.
Acho que eu não gostaria.
-Desculpa, é que eu te ouvi tocar e acabei entrando. Você toca muito bem. – Eu disse e só para ressaltar só elogiei porque eu não estava na minha zona de conforto naquele momento.
Só por isso.
-Obrigada. - ele disse colocando o violão na case, e o encostando ao lado de sua cama.
-Hãn, eu vou voltar para meu quarto agora. - falei, apontando para fora. Acho que já chega de vergonha “alheia” por hoje né?
-Err... Clarie?
-Oi?
-Eu queria te pedir desculpas pela forma como tenho te tratado desde o dia em que cheguei aqui na república. – ele disse meio sem jeito, enquanto passava a mão nos cabelos. E foi nesse momento que eu percebi que ele estava sem camisa.
MEU DEUS! Ele realmente existe? Como alguém pode ser tão bonito. Não digo só em relação à sua aparência facial. Mas seu corpo... Acho que minha boca esta salivando.
De repente ficou tão quente aqui, será que a casa esta tendo problemas de ventilação ?Acabei de descobrir que, Augusto além de ter os olhos azuis mais lindos que já vi, também é dono de um belo tanquinho. Adoraria lavar as minhas roupas nesse momento.
Tateei a mão até achar uma mesinha para me apoiar, porquê sinceramente eu estava com medo de cair a qualquer momento.
-Clarie? Você está bem? – ele me chamou me tirando dos meus devaneios.
-Ãnn? Tô, acho que estou. O que você dizia mesmo? -perguntei tentando a todo custo manter meus olhos acima do pescoço dele.
-Eu te pedi desculpas por ter te tratado mal. Você está bem mesmo?
-Estou. E desculpo sim. Eu pr..preciso ir, tenho coisas pra fazer. -falei e vi um feixe de sorriso surgir em seu rosto.
-Coisas? Que coisas?
-Sim. Eu.. tenho que.. lavar roupa.
-Lavar roupa? A essa hora? – ele disse rindo do meu nervosismo.
-Err ... sim, é só passar no tanquinho e jogar na máquina e pronto. Fica tudo limpinho. – falei olhando pra ele.
-Você é meio doidinha ne? -ele disse sorrindo.
-Mais do que você pensa. -falei dando tchau e saindo do quarto.
Fechei a porta do quarto dele e não dei um passo e já fui esbarrando em alguém.
Continua...
Não matem a Michelle, pelaseeee.
Beijaooo😍❤❤❤
VOCÊ ESTÁ LENDO
A República
Teen FictionClarie é apenas uma garota de 16 anos, e já passou por muita coisa. Seu irmão Felipe foi a única familia que lhe sobrou após seu pai decidir tirar os dois de sua vida. Guto mal completou 18 anos e teve que lidar com a morte da mãe e com os transtorn...