MAIA
Acordo cedo, me preparando para mais um longo dia de trabalho na Boon's. O relógio marca7h30, mas por sorte abrimos às 8h, e de casa até lá são apenas 15 minutos de caminhada.
Levanto com um sono que nunca senti antes. Não deveria ter bebido tanto ontem à noite, mas já foi. Tenho um fraco por vinho, minha bebida favorita.
Me arrumo em dois minutos, colocando o look de sempre: calça jeans, camisa branca com o logo da Boon's e meu All Star favorito, de cor vinho. Desço para tomar meu café, que consiste em torradas de dias atrás e um copo de chá velho. Não posso reclamar muito, gastei meu dinheiro comprando vinho e pizza no começo do mês.
Chego ao trabalho exatamente às 8h31, orgulhosa por não ter me atrasado fazendo maquiagem como sempre. Caminho até a cozinha, onde todos já estão a mil. Parece que ninguém aqui sente cansaço, ou talvez estejam meio mortos por dentro, já que ninguém parece se importar em ser explorado.
Vou até meu melhor amigo, Adan. Às vezes, morro de tesão por ele. É como um deus grego: alto, olhos azuis, cabelo castanho caindo sobre o rosto, porte atlético. Do tipo que eu levaria para a cama sem pensar duas vezes. E, para minha frustração, ele não é gay! Mas também se recusa a sair comigo. Sim, já dei em cima dele, mas nunca como eu realmente gostaria.
— Bom dia, melhor amigo gato! — digo, fazendo Adan se assustar.
— Que isso, Maia, precisa chegar assim? — responde ele, arrancando de mim uma gargalhada.
— Quem fala isso sou eu! Você anda todo assustado esses dias, senhor Adan! — brinco, observando a cara de quem aprontou.
— O que você fez, hein? — pergunto, fingindo uma cara de brava. — Você não apareceu na minha casa a semana inteira e nem me disse onde estava indo!
— Eu... Bem... Promete que não vai me matar? — diz ele, hesitante.
— Não! — respondo, pegando uma faca para brincar.
— Maia, cuidado com isso! Tá louca? — Ele ri, e eu também.
Adan é um ótimo amigo e, como eu disse antes, não é gay. Meu sonho de consumo.
— Então, me conta, qual a sortuda que você está pegando? — pergunto.
— Nenhuma. Mas tem uma aqui na minha frente que me tira o fôlego — responde ele, sorrindo sedutoramente. E, caramba, que sorriso!
— Cala a boca! — digo, virando as costas para começar meu trabalho.
O dia segue normalmente, mas noto que meus colegas parecem apreensivos. Talvez seja só paranoia minha, então decido não perguntar.
Depois de muito trabalho, finalmente chegou a hora de ir embora. Apago as luzes da cozinha, tranco a porta e caminho até a saída do restaurante. Quando termino de trancar, um homem alto se aproxima, me agarra por trás e diz para eu entregar tudo o que tenho. Assustada, entrego.
— Que delícia você, hein, neném? Acho que vou voltar pra te ver — diz ele, enquanto passa a mão pelo meu corpo. Fico enojada, mas ele me solta e sai correndo.
— Ótimo! — bufo, irritada. — Agora estou sem celular e sem as chaves de casa. Que droga!
Caminho até o orelhão mais próximo e ligo para Adan.
— Humm, Adan... Isso... Isso... — é o que ouço assim que ele atende. Mais uma do cabaré que fica em frente à casa dele, com certeza.
— Alô? — diz ele.
— Adan, sou eu, Maia. Preciso de você! — falo, desesperada.
— Maia, já te disse que não vou transar com você. Você é minha melhor amiga, mano. E tam— corto ele antes de terminar.
— Não é isso! Fui assaltada, levaram tudo: meu celular, minhas chaves... Estou sozinha na rua. Pode me ajudar?
— Caramba! Fica aí, não se mexe, tô indo agora!
Adan sempre foi um cara incrível. Uma vez, até me comprou absorvente e remédio para cólica. Eu sabia que podia contar com ele.
Não demorou muito e Adan chegou de carro.
— Como você está? Ele te machucou? — pergunta, preocupado, enquanto me examina.
— Ele só passou a mão em mim e levou minhas coisas. Disse que voltaria. — Tento segurar o choro.
— Desgraçado! — grita. — Vem, vou te levar para casa e preparar algo para você.
Em cinco minutos chegamos em casa, e, como prometido, Adan preparou uma sopa de legumes deliciosa. Ele é um ótimo cozinheiro.
— Adan, isso está maravilhoso — elogio, saboreando a sopa.
— Maia, você sabe que precisa prestar queixa, né? — diz ele, sério.
— Ah, não, Adan, você sabe que eu odeio delegacias. Não quero, não vou! — retruco, cruzando os braços.
— E se esse cara voltar? Vai deixar acontecer de novo? Sorte sua que eu tenho uma cópia da chave da sua casa.
— Não briga comigo, Adan, por favor. Eu não estou legal.
— Tá, vai lá tomar um banho, porque você está fedendo! — brinca, me fazendo rir.
Subo para o meu quarto e entro direto no chuveiro. Estava exausta e precisava desse banho. Depois, desci para ver como ele estava.
— Já estou bem melhor, pode ir, se quiser.
— Não, senhora. Vou ficar aqui para garantir que você fique bem — diz, com um sorriso acolhedor.
— Não precisa, Adan. Tenho certeza de que atrapalhei algo... "Isso, Adan... Aí, Adan!" — digo, imitando as gemidas que ouvi ao telefone.
— Cala a boca! — Ele ri, jogando uma almofada em mim. — Aquela é uma velha amiga. A gente se reencontrou há um mês e meio, e ela começou a dar em cima de mim, então, eu fui.
— Claro, por que deixar escapar, né? — rio. — Ela é bonita?
— Nossa, é uma deusa! Cabelo longo e preto, pele clarinha, olhos verdes, curvas perfeitas.
— Tá, chega de babar! Não quero inundar meu apartamento — brinco.
— Certo, querida. Agora vamos dormir, porque amanhã ainda é sexta, e teremos que trabalhar dobrado para os chefes.
— Sim, senhor capitão! — faço uma continência, e ele ri.
— Boa noite, doidinha — diz, beijando minha cabeça.
— Boa noite — respondo, indo para o meu quarto.
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Amor: Incondicional ou Doentio? (PAUSADO)
RomanceMaia Cappacito, 22 Anos, é uma garota simples, cheia de energia, espontaneamente engraçada e encantadoramente linda. Trabalha como garçonete na Boon's, um restaurante que vem crescendo exponencialmente. Dankan De La Fierro, 34 anos, homem impor...