Capítulo 49

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DANKAN

Recebi hoje a pior notícia da minha vida. Minha filha, que nem nascido tinha, estava morta.

Sofie, minha pequena Sofie, nem tive a chance de ver o seu rostinho. Nem tive a chance de te pegar no colo. Nem tive a chance de olhar nos seus olhos.

Antes que eu pudesse fazer qualquer uma dessas coisas, alguém veio e tirou você de mim sem pena, sem piedade. Cruelmente, te vi sendo puxada para longe de mim. Para sempre.

Na hora eu não soube como reagir, mas agora, eu, sou o de menos. Preciso saber da sua mãe.

O doutor havia me dito que depois do aborto espontâneo, Maia haveria entrado em coma.

Apesar da equipe de Norberto ter me assegurado de que fariam de tudo para que você saísse do coma logo, o medo de nunca mais ouvir a voz dela me consumia sem dó alguma.

Perder minha irmã foi difícil, Letícia era minha vida naquela época. Minha irmã que eu precisava proteger a todo custo, mas, que também foi tirada de mim.

Parece que a tragédia me persegue. Sempre que eu encontro alguém que me faz bem, essa pessoa é tirada de mim sem que eu possa fazer nada.

Não estou preparado para perder a Maia. Não estou preparado para ficar sozinho novamente.

Finalmente, encontrei alguém que me faz bem e que a única coisa que quer em troca é ser tratada bem também. Como eu viveria sabendo que não tenho mais essa pessoa.

Acabei de perder minha filha e bem pude vê-la. Apenas a acariciei pela barriga de sua mãe. Ah... Como eu vou dizer para Maia que perdemos nossa filha?

Mas para falar a verdade eu não tenho nem ideia se vou poder falar com ela novamente algum dia.

Eu estava contando com o Adan para proteger ela, para não permitir que nenhum mal acontecesse. Por motivos assim que eu não a deixava sair sozinha ou sem mim. Por motivos assim que somente eu saía com ela.

Eu a protegia. Eu a guardava. Eu a deixava longe do mal e de pessoas más. Eu a mantia com minha própria vida.

Depois da ligação que fiz para o Adan,  descobrir que ele não queria nada do que dizia querer para minha mulher.

Ele não queria proteger ela, ele queria comer ela. Queria levar ela pra cama. Eu sempre vi isso, mas nunca consegui provar para Maia que era verdade.

Além de não mantê-la segura, teve a audácia de chama-la de minha garota na minha frente.

Quando liguei para ele, estava tão ofegante que eu nem conseguia ouvir sua voz. O cara estava transando, enquanto a garota que ele dizia proteger estava em coma.

Um absurdo a Maia confiar nele.

Enquanto ando de um lado pra o outro entristecido e ao mesmo tempo revoltado, a voz de Adan ecoa até meus ouvidos. Estou de costas pra ele.

- Eu sempre protegi ela, quem você pensa que é para dizer algo desse tipo e logo pra mim? - Prossegue na discussão.

- Eu não penso em quem você é. Eu penso em quem você dizia ser. - Rebato.

- Quem eu dizia ser? - Ri em deboche. - Então me diga, quem eu dizia ser e não sou?

- O cara que protegeria a Maia com a própria vida! - Exclamo. - Eu vi, eu segui vocês para ter certeza de que não tentaria ser um engraçadinho!

- O que você viu, Dankan?

- Eu vi quando você começou a se declarar pra minha noiva! - Fixo em seus olhos. - Eu ouvi tudo o que você disse! Eu confiei em você... acho que esse foi o meu erro.

Amor: Incondicional ou Doentio? (PAUSADO) Onde histórias criam vida. Descubra agora