Dankan
Acordo me sentindo revigorado. Minhas noites com Sarah são sempre intensas. Passo a mão do lado da cama e sinto o vazio. Não me surpreendo; ela sempre faz isso, acorda cedo e vai embora sem se despedir. Perguntei uma vez o motivo, e ela me disse que era porque sabia que voltaria. Ela sempre volta.
Levanto-me, vou ao banheiro e faço minha higiene matinal. Visto a roupa de ficar em casa e preparo meu café. Sim, eu mesmo faço isso nos sábados. É uma rotina simples, e eu gosto.
O telefone toca, e vejo que é Soraia, minha ex. Ela não larga do meu pé, especialmente desde que tirei sua virgindade. Quem diria, uma garota de dezoito anos ainda virgem? Isso me chocou na época.
Atendo com a impaciência de sempre:
— O que você quer? — pergunto, direto.
— Bom dia, querido! Posso ir te ver?
— Soraia, você sabe que eu não quero mais nada com você, né?
— Ah, benzinho, isso é coisa da sua cabeça. Seu coração quer outra coisa.
Eu definitivamente não deveria ter transado com ela na segunda-feira.
— Olha, Soraia, o que aconteceu segunda ficou na segunda! Você entende isso? — falo, mas ela desliga o telefone sem responder.
Definitivamente preciso me afastar dela. Soraia é o tipo de mulher possessiva que não aceita o fim, a menos que seja ela quem diga. Mas nem sempre foi assim. Antes, era doce, sensível, sempre disposta a ajudar. Tudo mudou depois que conheceu Denis. Ele se dizia apenas amigo, mas eu nunca gostei da relação dos dois. Cheguei a proibi-la de vê-lo, e ela prometeu que obedeceria. Pelo menos, foi o que pensei.
Meses depois, encontrei os dois transando no sofá do meu escritório. Fiz um escândalo. Na frente de todos, a ofendi e disse que nunca mais a teria em meus braços.
Você pode estar pensando: Mas, Dankan, vocês transaram segunda passada? Sim, eu sei, estou jogando sujo com ela. Eu já avisei que não sou nenhum príncipe. Ela me traiu e, agora, estou apenas me vingando.
As horas passam rápido, e meu irmão, Deniel, chega por volta das 19h. Tínhamos combinado de assistir a um filme na Netflix. Escolhemos Infidelidade. É um bom filme, recomendo. Depois, decidimos sair para comer em uma lanchonete a algumas quadras de casa. Deniel, claro, já estava flertando com a garçonete. Ele sempre faz isso.
— Já deu, irmão, esse sexo com os olhos tá começando a me enjoar — brinco.
— Ah, vai lá — ele responde, rindo. — Estou quase pegando ela.
— Quase engravidando com os olhos, isso sim! — respondo, rindo.
— Você precisa transar, Dankan — ele comenta, ainda rindo.
— Transei como nunca essa noite. Sarah se entregou a tudo que eu quis.
— Nunca entendi por que você não chama ela pelo nome, irmão. O nome dela é...
— Eu sei o nome dela, Deniel. Já disse que não quero me envolver emocionalmente com nenhuma prostituta! — corto, irritado.
— Calma, touro! Respira fundo, você precisa de uma mulher só sua.
— Não quero, Deniel! Não sirvo pra isso.
— Cara, estou dizendo que você precisa de uma namorada, alguém para sair por aí sem preocupações.
— Deniel, eu não preciso de nada! — respondo, irritado. — Mulheres não prestam! Lembra da Soraia? Ela jurou amor eterno e me traiu na primeira oportunidade.
— Tudo bem, tudo bem. Só acho que você e Sarah se dão bem. Por que não tenta?
— Deniel, eu não vou me envolver emocionalmente com uma prostituta. Chega desse assunto! — digo, levantando-me. — Perdi a fome. Vou para casa.
Meu irmão, o cara que pega mais de uma por noite, agora quer me dar conselhos amorosos. Mas, no fundo, ele tem razão. Só que o medo de me machucar novamente é grande demais.
Saio para caminhar e clarear a mente. Sigo em direção ao Boon's, o restaurante que visitei recentemente. Nem percebo o tempo passar, e quando noto, estou a quinze minutos além do lugar. Decido voltar, mas ouço um grito:
— SOCORRO!
— Cala a boca, vadia! — uma voz masculina ecoa.
Sigo o som e vejo um homem tentando abusar de uma mulher num beco escuro. Pego um pedaço de pau e acerto sua cabeça, derrubando-o. A mulher, desorientada, cai aos meus pés. A ajudo a sentar-se num banco próximo.
— Moça, você está bem? — pergunto.
Ela me olha, ainda assustada, e começa a chorar. Me abraça.
— Já liguei para a polícia. Quer ir ao médico?
— Não... não... Por que isso aconteceu comigo? — ela lamenta, chorando.
— Calma, vou levá-la para casa.
Aguardo meu motorista, mas ele demora. Ligo para saber o que houve.
— O carro enguiçou, senhor. Posso chamar um táxi? — diz Sérgio, meu motorista.
— Não, eu me viro — respondo.
Quando volto para a mulher, ela já não está lá. Estranho. Procuro por alguns minutos, mas não a encontro.
Ignoro o ocorrido e continuo minha caminhada. Alguns minutos depois, ouço outro grito, desta vez vindo de um prédio. Subo as escadas e, para minha surpresa, encontro a garçonete/cozinheira do Boon's, tentando matar um rato com uma vassoura.
— Deixa que eu mato — digo, pisando no rato.
— Agora está tudo sujo com sangue de rato na minha sala! — ela grita, irritada.
— De nada! — respondo, sarcástico.
— Quem é você? — ela pergunta, me analisando.
— Não se lembra de mim? — pergunto.
— Ah, sim! Você é o cliente de outro dia no Boon's. O que faz por aqui?
— Nem eu sei... tchau, garota.
— Ei, espera! Você não pode ir sem deixar eu te agradecer — diz sorrindo.
— Já transei hoje, obrigado!
— Que? Não tem nada a ver com sexo — ela ri. — Deixa eu te servir algo, parece estar com fome.
— É... estou — admito, estranhando minha própria reação.
Ela me convida para entrar e serve um prato simples, mas bem preparado. Nos sentamos.
— Qual é o seu nome? — pergunto.
— Maia. E o seu?
— Dankan.
— Que nome bonito, Dankan — ela sorri.
De repente, me sinto desconcertado. Precisava sair dali.
— Tenho que ir, desculpe — digo, me levantando.
— Mas você ainda não terminou de comer...
Ignoro e saio rapidamente. Mulheres... não posso confiar nelas.
Chego em casa e corro para o chuveiro. Precisava limpar minha mente e esquecer essa confusão.
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Amor: Incondicional ou Doentio? (PAUSADO)
RomanceMaia Cappacito, 22 Anos, é uma garota simples, cheia de energia, espontaneamente engraçada e encantadoramente linda. Trabalha como garçonete na Boon's, um restaurante que vem crescendo exponencialmente. Dankan De La Fierro, 34 anos, homem impor...