Franciellen narrando
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O Imperador nunca se põe no meu lugar, ele acha que é fácil ouvir provocações, ver as meninas lindas se insinuando pra mim e me tirando como babaca na rua. Mas é diferente, dessa vez eu vi ele de papinho com aquela piranha. É por isso que essas garotas vivem me fazendo de pano de chão, porque ele da confiança.
Eu estava sentada no canto de um beco e veio um cara cheirando a maconha sentar ao meu lado.
Fran: Me deixa em paz caralho.
Xxx: Que isso patroa, o que houve contigo?
Fran: Não me chama assim, eu tenho nome então o usa.
Xxx: Vish... –Ele riu lesado-. Quando o patrão falava que tu era brava eu não sabia o quanto.
Fran: Olha se você não tiver nada de útil para falar o fim do beco é por ali.
Xxx: Só queria ajudar... –Ele foi se levantando.
Fran: Desculpa. –Disse secando minhas lágrimas-. Eu não tô bem.
Xxx: Brigou com o patrão?
Fran: Brigamos.
Xxx: Fica assim não, o patrão é gente boa.
Fran: Mas não vale porra nenhuma.
Xxx: Que isso! Patrão te dá maior moral.
Fran: Assim como da para essas piranhas daí da favela.
Xxx: Não posso falar por ele, não to em todo canto. –Ele se ajeitou do meu lado-. Mas ele te respeita pra caralho, tu é a protegida dele.
Fran: A protegida e não a fiel.
Xxx: Tu que pensa. –Ele riu.
Fran: Do que você tá falando?
Xxx: Eu não sei porque brigaram, mas ele rende muito pra tu. Conheço o patrão tem pouco tempo, mas porra ele mudou pra caralho desde que tu subiu pra morar aqui.
Fran: Não adianta nada ele mudar se ele não dá um chega pra lá nessas piranhas.
Xxx: Piranha tem a rodo né, que mina não quer ser bancada? Porra ou tu se garante ou mês que vem é outra em cima da moto dele. Ficar nessa insegurança não vai te levar pra lugar nenhum.
Fran: Olha pra mim garoto, vê se eu tenho naipe pra competir com alguma mina aqui dentro? Eu não tenho corpo, não tenho porra nenhuma, nem bonita eu sou. Que porra de segurança eu vou sentir se eu não sou porra nenhuma?Xxx: É só você que pensa nisso mano, isso tudo ta na sua cabeça mina.
Fran: Eu tenho espelho, não sou cega.
Xxx: Vai perder o mano Imperador por bobeira.
Fran: Vê uma mina se esfregando no seu namorado é bobeira agora?
Xxx: Claro que não né? Mas toma sua posição. Ficar chorando escondida só vai fazer essas putas do morrão montarem em cima de você, porque elas sabem que você é fraca.
Fran: Eu não me sinto confortável dentro da minha própria pele e quando eu estou com o Imperador, é como se tudo estivesse bem.
Xxx: Então mina, para com esse choro e começa a viver. Peita essas piranhas, marca território, mostra que o Imperador tem mulher. Se for eu vendo um cara dando em cima da minha mulher, eu já chego junto e já mostro que ela tem dono. Comigo não tem essa de tentar pegar o que é meu.
Fran: Eu não sei como fazer isso, eu tenho medo dele me rejeitar ou de ficar com cara de tacho.
Xxx: Eu que vou te deixar com cara de tacho se você ficar com esse fogo no cu. –Ele deu risada e eu sequei minhas lágrimas olhando para o chão. Pensando nas coisas que ele estava me dizendo.
Fran: Eu sou ridícula né?
Xxx: Sinceramente?
Fran: Claro.
Xxx: Tempo é dinheiro mina, tu ficar sentada aqui chorando não vai mudar em nada.
Fran: Eu vou atrás dele.
Xxx: Vai mesmo. –Levantei do chão e parei em pé de frente pra ele.
Fran: Obrigado pelo toque, obrigado mesmo. Qual teu nome?
Xxx: Pode me chamar de Pedro, melhor assim.
Fran: Tudo bem Pedro, obrigado.
Pedro: De nada, precisando eu tô sempre por ai. –Assenti com a cabeça e sai andando rapidamente.
Cheguei a casa do Imperador, a moto dele estava parada do lado de fora. Entrei com o coração na mão e ele estava sentado no sofá com uma cara de cu do cacete, sua arma do lado dele no sofá. Ele estava de braços cruzados vendo TV, mas parecia que ele nem estava prestando atenção em nada. Tanto que nem percebeu quando eu entrei.
Fran: Bruno? –Ele olhou assustado pra mim, se ajeitou sentando no sofá.
Imperador: Fala. –Ele arqueou uma sobrancelha e me olhou sério.
Fran: Podemos conversar?
Imperador: Agora tu quer conversar?
Fran: Não precisa ser ignorante.
Imperador: Claro que precisa Franciellen, você me julga sem nem falar comigo, tu prefere tirar suas próprias conclusões e acha que eu tenho que cheirar teu rabo ainda? –Ele levantou e ficou parado de frente pra mim-. Se eu quisesse te meter chifre, eu metia até na tua cara. Eu ia pouco me lixar pra sua existência porra, eu não fazer nem metade do que eu faço por você. Acha mesmo que eu te assumiria pra minha família se eu não fosse fiel a tu porra? A Carlinha veio se oferecendo caralho, eu resisti, não toquei nem um dedo nela a não ser para afastá-la de mim. E tu ainda quer tirar uma de grandona pra cima de mim? Como se só você tivesse algum tipo de razão? Olha mano, escuta o que eu tenho pra te dizer enquanto você não mudar esse teu jeito, as coisas entre a gente não vai funcionar.Escutei quieta as coisas que ele tinha a dizer, tirando a grosseria e seu tom de voz alto, as coisas que ele me dizia me atingiram feito flechas. Tudo o que o Pedro acabou de me dizer, o Imperador repetiu em partes só que de forma sentimental.
Fran: Bruno...
Imperador: Bruno nada, Franciellen. Toma postura de mulher porra, eu não tô em todo canto pra te proteger, eu tô nem ai pra fofoquinha de piranha mal comida. Você tem que parar de se sentir inferior às outras mulheres, é contigo que eu estou, se fosse pra ficar com qualquer outra eu teria ficado. Mas eu escolhi você e não outra. Eu odeio mulher que arma barraco no meio da rua, que fica se achando só porque tem uma condição legal. E você não precisa de fazer nada disso pra ter respeito das minas. Elas se aproveitam de você, da sua fragilidade. Para de andar olhando para o chão, para de se colocar por baixo, para de se humilhar pelos outros. Tu é muita coisa, para ficar se sentindo de menos. Todo mundo enxerga teu valor, garota, menos você. –Eu estava segurando a vontade de chorar, mas eu não faria isso, não agora. Eu sentei no sofá, olhei para o chão e depois olhei pra ele.
Fran: Você tem razão, Imperador. –Disse depois de um tempo quietos já.
Imperador: Eu só quero o nosso bem. Só quero que você se sinta bem também. –Ele sentou do meu lado falando agora parecendo mais calmo.
Fran: Eu estou presa ao meu passado, presa a minha criança interior. Entende? Eu estou machucada, estou ferida ainda. Você me vê sorrindo, brincando, de boa com você, mas é a minha máscara. Porque por dentro as coisas estão desmoronando aos poucos. Eu odeio quando me olham com deboche, me senti mal vendo aquela menina se oferecendo pra você. Você está em uma puta posição, Bruno, as meninas aqui do morro fariam qualquer coisa pra está no meu lugar. Só que eu não estou pronta para ser sua fiel, não estou com o psicológico bom, eu tenho muitas pendências e enquanto nada disso for resolvido, eu não vou me sentir bem. Eu não vou conseguir seguir em frente, não vou te fazer feliz. Eu não consigo perdoar minha mãe, meu padrasto, não consigo me perdoar pela morte do João, não consigo esquecer o que o Thierry fez a mim. Essa é a grande verdade. Você me faz muito bem, Bruno, muito bem mesmo. Mas agora eu estou precisando ir. Ir para poder me sentir melhor, consertar a minha vida aos poucos, resolver as minhas pendências. E esse é um processo difícil pra mim e eu não posso machucar você.
Imperador: Pera, você está terminando comigo? –Eu levantei do sofá e encarei o olhar de incredulidade dele.
Fran: Estou. –Senti meu peito se afundar por ter confirmado minhas palavras.
Imperador: Não faz isso comigo, Fran, por favor. –Ele se ajeitou no sofá e segurou na minha cintura com uma mão, como se tivesse impedindo que eu fosse.Fran: Eu estou indo, Bruno. E volto depois para pegar as minhas coisas.
Imperador: E pra onde você vai caralho?
Fran: Eu irei dar o meu jeito. –Meus olhos se encheram de lágrimas e eu fiquei quieta, porque se eu falasse mais alguma coisa iria chorar. Eu sentia meu coração se partindo junto ao do Imperador, mas aquilo era o melhor a ser feito.
Imperador: Amor... –Ele abaixou a cabeça e depois me olhou. Eu sentia que ele estava tão triste quanto eu estava-. Desculpa se eu fui muito grosso com você, exigente demais, eu sei que as coisas pra você não são fáceis. Não vai embora, Fran, você é a minha menina. –Ouvir o tom de desespero dele me machucava por dentro, as lágrimas caíram pesadas.
Fran: Se cuida meu homem. –Beijei a testa dele e demorei aproveitando o momento. Ele acariciou minha cintura, fazendo um carinho tão gostoso e eu me lembrei de cada noite em que dormimos com ele me acariciando dessa forma. Meu coração pesou e então me afastei-. Desculpa... –Me afastei e fui caminhando até a porta. Ele nada fez, apenas ficou ali sentado enquanto eu ia embora.
Assim que bati o portão da casa dele, encarei para a rua com a visão embaçada pelas minhas lágrimas e olhei para o céu. Respirei fundo e pensei: "será melhor assim para nós dois".
Caminhei sem rumo pelo morro e fui parar em uma pracinha, onde ali fiquei pensando e olhando para o céu. Havia uns bandidos jogando bola junto com umas crianças e eu fiquei olhando para eles jogando.
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2º TEMP - Todo vilão, tem sua donzela !
AdventurePrimeira TEMPORADA NAS MINHAS OBRAS. - 20 anos se passaram após o nascimento de Bruno e Catarina. ㅤ ㅤ ㅤ ㅤNotas 〰 Créditos Total da Escritora Mabelle ❤ 〰 Essa web é repostada então ela, já está pronta, não fiquem triste caso aconteça algo que vcs...