113 º capítulo ♣

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Liminha narrando
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Eu já havia colocado minha mente pra flutuar em putaria e cachaça. Não queria saber de mais porra nenhuma.
Russo: E ai cara, a estrela da sua noite. –Ele me cutucou e indicou para eu olhar pra trás. Abri um sorriso torto ao dar de cara com a Thami. Porra nunca tive interesse secundários com ela, mas não dá pra negar que ela uma puta de uma gostosa. Eu que nunca fui de negar putaria... Até o final dessa noite vou lançar um papo torto pra ver se ela cai. Ela estava acompanhada da Catarina e da Fran que não ficavam atrás dela na beleza.
Imperador: Agora sim dei valor. –Ele chegou já pegando na cintura da Fran e dando um selinho nela.
Liminha: Quero dar valor em outra coisa depois do baile.
Luana: Gente liga não que o Liminha já bebeu o que tinha que beber hoje.
Catarina: Que isso, deixa ele beber que a Thami vai cuidar.
Thami: Opa eu vou cuidar? Não sabia. –Ela riu e eu dei um beijo no rosto dela.
Liminha: Se quiser cuidar estamos ai pow.
Russo: Eita porra chamou para o abate. –O Heitor apareceu por ali umas mil vezes, eu não ia com a cara dele e compartilhava do sentimento junto com o Russo.
As meninas estavam se acabando de dançar e a cada puxada no vestido que a Thami dava eu ficava louco. Papo de amizade é o caralho, a mina é de boa e eu não sou de ferro. Amigas não devem dançar rebolando e olhando com cara de safada, ah mas não devem mesmo. Aproveite que estava todo mundo já bem louco e peguei na mão da Thami discretamente e já fui puxando pelo povão.
Thami: Onde a gente está indo? –Ela perguntou no pé do meu ouvido.
Liminha: To querendo sair desse tumulto. –Ri olhando pra ela.
Thami: Querendo sair pra conversar ou para fazer alguma coisa? –Ela sorriu maliciosa e eu apenas respondi dando uma alisada na cintura dela. Assim que caímos fora daquela quadra já fui a levando para onde havia deixado as motos-. Liminha, posso te perguntar uma coisa?
Liminha: Essa noite você pergunta o que quiser.
Thami: Você acha que eu devo conversar com o Dog? –Ela se encostou no muro da escadaria e eu fiquei de frente pra ela encostado no muro.
Liminha: Tu quer falar de outro macho logo aqui? –Ri.
Thami: Quer me pegar é Liminha? –Ela riu mexendo em seus cabelos.
Liminha: Você gosta de provocar porra. –Ri já me aproximando dela e apertando contra o muro.
Thami: Você que é gostoso demais. –Ela desceu a mão arranhando meu abdômen e indo até o meu pau que estava estourando de tesão por ela já.
Liminha: Tu é abusadinha ein. –Ri safado e já pronto pra beijar ela, assim que fui para beijá-la, ela desviou e desceu dois degraus.
Thami: É... Desculpa, eu estou zonza, estou bêbada.
Liminha: Também estou. –Ri torto encostando de lado no muro e olhando para ela.
Thami: Me leva pra casa?
Liminha: Só levo porque eu também já to de saco cheio do baile.
Thami: Mas você vai deixar essa moto ai.
Liminha: E a gente vai de que? De bike?
Thami: Papo reto, pega uma bike ai no estilo e bora.
Liminha: Morena a gente não vai cair.
Thami: Vish não, Liminha, deixa essa porra ai e vamos embora de busão.
Liminha: Caralho, toda nojentinha vai querer subir no busão.

Thami: Eu nojentinha? Está me confundindo com as piranhas do asfalto que você pega. –Ela deu as costas para mim, jogou o seu cabelo e foi descendo as escadas rebolando. Respirei fundo, olhei para o meu pau duro ainda e soltei o ar.
Liminha: Não foi agora bebê. –Coloquei as mãos no bolso e fui descendo. A Thami estava indo muito a frente de mim e eu fiquei indo atrás mesmo.
Ela desceu o morro inteiro de salto sem nem reclamar dos buracos ou de dor no pé mesmo. Se fosse minha ex estaria enchendo a porra do meu saco falando agora que o salto era lindo, mas não valia a porra do dinheiro.
Chegamos ao ponto de ônibus, ela sentou com o rosto caidinho e eu sentei ao lado dela.
Liminha: O que foi, Thami?
Thami: A quem eu estou querendo enganar?
Liminha: Como assim?
Thami: Eu não estou bem, Liminha.
Liminha: E quem foi que disse que você tinha que ficar bem?
Thami: Todo mundo.
Liminha: Todo mundo não é capaz de sentir o que você sente, conviva com a sua dor e use-a em outra coisa.
Thami: Em que? Se eu não sei fazer porra nenhuma.
Liminha: Não precisa de pressa, uma hora vai chegar. –O busão chegou e eu estava ruim demais pra levantar e fazer sinal, quem fez isso foi a Thami. Eu entrei no busão, paguei a passagem de nós dois e fomos sentar lá no fundo. Ela deitou com a cabeça no meu ombro.
Thami: Você é tão legal... Por que entrou para essa vida?
Liminha: Que?
Thami: Por que você é bandido?
Liminha: Nasci pra fazer isso.
Thami: Tipo um dom?
Liminha: Moleque de favela cresce querendo ser jogador de futebol, chega ao colégio ouve que não é capaz de conquistar coisas melhores, eu me afastei da minha mãe para não dar dor de cabeça pra ela, meu melhor amigo. Eu sou sozinho. Os manos são meus irmãos, minha família, quanto eu tava na pior o JR que me reergueu. Ta vendo essa marca aqui? –Levantei a palma da minha mão e mostrei pra ela as cicatrizes-. Quando eu era moleque, a mãe do Luís ficou doente pra porra e eles não tinha dinheiro. A gente sabia como eram fáceis as coisas, era só pegar o dinheiro sem ninguém ver. Só que deu ruim, JR pegou a gente. –Ri lembrando a minha infância-Ele fez esses cortes em nossas mãos e eu não me esqueço de nunca mais disso. A dona Babi chegou ao beco metendo maior bronca nele, foi engraçado. Depois o JR deu maior moral pra mãe do Luís com a grana para os remédios, mas não adiantou muito ta ligada mina? Ela morreu uns meses depois, maior descaso dos médicos com ela. Ai depois disso eu e o Luís não nos desgrudamos. O moleque era bom, ah porra, ele conseguiu vencer na vida ta ligado? Ele tinha talento pra ser médico, eu pra ficar na rua mesmo de bobeira. Todos meus corres foram pra ajudar ele e veio um filho da puta e tirou meu mano de mim ta ligado? Ele estudou a vida dele todo, ele nem conseguiu se formar. É por isso que eu sou o que sou, faço o que faço sem remorso. Porque eu tenho talento pra isso, porque defender o que é nosso é a única coisa que importa. O morro sempre foi minha casa, minha família, lá é a nossa fortaleza e ninguém vai tirar aquilo lá como tiraram o Luís de mim.

Assim que passamos em frente a minha casa, ela deu uma parada e me olhou.
Thami: Por que você não diz nada? –Ela cruzou os braços na minha frente.
Liminha: Sei lá morena, tu tá irritada com o cara lá e eu sinceramente não estou a fim.
Thami: Esse é o momento em que você me dá um conselho.
Liminha: To bêbado demais pra isso, tomei um soco do teu ex, não pude nem revidar. No momento agora meu ego está ferido. –Encostei-me a um poste de luz e cruzei os braços encarando ela.
Thami: Está vendo como o Dog é? Faz merda e ainda quer dar uma de gostosão. –Ele veio andando até parar na minha frente.
Liminha: Você gasta muita saliva com coisa desnecessária. Vai logo conversar com o cara e encerra esse assunto. Ficar remoendo, resmungando toda hora é um saco ta ligado? Põe logo um ponto final. Não quer mais ele? Beleza, chega e conversa. Enquanto tu ficar peitando aquele filho da puta, mas ele vai te infernizar e achar que ainda tem domínio sobre você. –Ela ouviu tudo quietinha de cabeça baixa e logo percebi que ela estava chorando. A puxei para mim e a envolvi em meus braços.
Thami: É verdade mesmo Liminha?
Liminha: O que?
Thami: Ele realmente estava com a Jamilly e todo mundo sabia menos eu?
Liminha: Todo mundo nada. JR e Pezão descobriram, rolou uma treta feia lá na boca, JR ameaçou o Dog e tudo mais.
Thami: Mas é aquilo né? O corno é sempre o último a saber.
Liminha: Você vê isso como chifre, eu vejo como uma forma de você ficar mais ligada nos caras que você coloca do teu lado, a aprender não dá confiança pra macho que não acompanha teu ritmo. Porra o cara nem ia contigo para os bailes mina, eu sei que você tem que ter sua liberdade, mas porra eu não deixaria de curtir ao lado de uma mulher linda como tu. –Passei meu polegar pela bochecha dela secando suas lágrimas e olhei sorrindo pra ela-. Você não perdeu nada, ele quem perdeu tlg? Sabe como é difícil arrumar uma mina firmeza aqui no morro? Não precisa nem ter feito a terceira série pra saber que porra esse teu sorriso ai desarma qualquer vagabundo. –Ela abriu um sorriso tímido passando a mão pelo rosto, segurei o queixo dela com delicadeza e beijei sua testa-. Vou te levar pra casa ta?
Thami: Não podemos apenas ficar aqui na sua casa?
Liminha: Certeza que a madame quer ficar?
Thami: Certeza. –Ela assentiu sorrindo, abri a porta do meu barraco pra ela entrar. É tudo na humildade, mas desde a primeira vez em que ela veio aqui nem pareceu se importar. A levei para o meu quarto, dei uma blusa e uma cueca minha pra ela, mostrei onde era o banheiro e deitei pra dormir no sofá.

2º TEMP - Todo vilão, tem sua donzela !Onde histórias criam vida. Descubra agora