119 º capítulo 🌼

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Franciellen narrando
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A mensagem da minha tia me atingiu como flecha. Meu instinto me levava até a minha mãe. Eu precisava ver com os meus próprios olhos o que estava acontecendo. Quando sai de casa o Russo me aguardava no portão.
Russo: Vamos?
Fran: O Imperador é difícil de entender né?
Russo: Magrela, ele só quer te proteger.
Fran: Eu sei disso, Russo. –Abaixei a cabeça ao perceber que havia sido muito dura com meu neguinho.
Russo: Vocês dois brigam, mas ambos querem o bem um do outro.
Fran: Eu conheço o Imperador e colocar ele na mesma sala que a minha mãe não sairia em boa coisa.
Russo: Vamos? – Ele subiu em sua moto a ligando.
Fran: Vamos. – Subi logo em seguida e o Russo deu partida descendo o morro na alta. Ele sabia o caminho da minha antiga casa e aquele curso me fez lembrar-se de um passado não muito distante. E eu me orgulhei da mulher que eu estava me tornando, mais forte, mais sábia, mais esperta, mais confiante e menos ingênua. Eu não tinha pena alguma do homem nojento que era o Tota e o Imperador tinha toda minha autorização para exterminar com a vida dele. Eu não tinha pena do Tota e ao menos do Thierry.
Eu sabia o quanto o Imperador queria me proteger dos medos da vida e de como ele achava que eu havia sofrido já o suficiente pra uma pessoa da minha idade. Eu não tinha o que reclamar, sabe por quê? Eu estava viva e com saúde. O meu passado continua lá, ele é uma ferida que apenas cicatriza e que eu estou aprendendo a cicatrizá-lo mais vezes. Eu não posso julgar o Imperador de me tratar como boneca de porcelana. Mas da mesma forma que ele queria se vingar do Thierry e do Tota, o sentimento para mim era maior. E o tempo que eu passei com a Ninja eu vi e aprendi coisas que levarei para toda minha vida e passarei para os meus filhos. Portar uma arma não me faz mais mulher, saber me defender em diversas situações não me trará troféus. Tudo é experiência e nada mais.
Russo: Vai rolar um pagode dos bons hoje, você e o Imperador vão aparecer? – Ele me perguntou me tirando dos meus pensamentos.
Fran: Com certeza, vou avisar meu neguinho assim que chegar. – O Russo parou com a moto em frente a minha casa, eu respirei fundo e coloquei na minha mente "nada vai me abalar".
Abri o portão da minha casa e tudo estava em um silêncio mórbido. O Russo veio logo atrás de mim. Parei na porta que dava pra sala.

Fran: MÃE! ABRE A PORTA. – Esperei que ela estivesse em casa. E por fim minha mãe apareceu para abrir a porta. Ela estava descabelada e com seu rosto deformado pela dor. E com hematomas antigos.
Cristina: Fran? – Seus olhos se encheram de lágrimas. Ela quis me tocar e eu dei um passo pra trás impedindo que ela o fizesse – Minha filha, Caíque esteve aqui... - Então ela começou a chorar desesperadamente.
Fran: Mãe, eu já sei muito bem da vinda do Caíque, quero saber o que ele queria.
Cristina: Entra, por favor.
Fran: Não vou entrar, o mesmo que você vai falar lá dentro você vai falar aqui fora.
Cristina: Minha doce, Fran. Você está tão diferente.
Fran: Mãe, apenas diga o que o Caíque queria.
Cristina: Ele matou o Fábio... Meu menino é um bandido. – Ela se debulhou em lágrimas. O Russo pigarreou atrás de mim.
Fran: Quanto tem isso?
Cristina: Foi ontem pela tarde.
Fran: Beleza. A senhora precisa de alguma coisa? Comida, dinheiro?
Cristina: Filha, eu preciso de você.
Fran: Vou repetir: a senhora precisa de comida ou dinheiro?
Cristina: Fran, minha menina... –Ela tentou me abraçar e eu fui novamente para trás.
Fran: Certo, uma vez ao mês vou mandar alguém aqui pra trazer as compras do mês e dinheiro pra senhora se manter. E vê se não coloca um homem qualquer dentro do que costumava ser o nosso lar. – A olhei por uma última vez e sai andando dali. O Russo veio atrás de mim e parei perto de sua moto. Outra coisa que aprendi com a Ninja era que as minhas cicatrizes seriam eternas e poucos são aqueles que de fato sentem algo por ela. Muitos são aqueles que fingem se importarem na hora da necessidade, poucos se importam honestamente.
Russo: Fran? – Ele me analisou com o olhar.
Fran: Diga?
Russo: Ela é a sua mãe, você não precisa fingir ser dura e que não se importa.
Fran: Russo, eu não estou fingindo. Eu ainda a respeito como minha mãe, não é a toa que eu ainda intitulo assim. Eu não me importo com a morte do Fábio, me importo com o que o Tota está tentando fazer. Ele sabia que eu viria aqui atrás dela. Ele só não sabe que eu já sei que ele e o Thierry são amigos íntimos.
Russo: E o que vai fazer a respeito disso?
Fran: Mandar dinheiro e comida pra minha mãe, mais nada. Imperador não quer que eu me meta nos assuntos do morro.
Russo: Isso é assunto do morro.
Fran: Não, isso é meu assunto familiar.
Russo: Está tudo bem mesmo contigo?
Fran: Se a sua pergunta é se um dia eu vou perdoar minha mãe, a resposta é sim. E eu estou muito bem. Mas hoje eu não sou capaz de perdoá-la e muito menos de esquecer todos os dias de abuso enquanto ela fingia que tudo aquilo não passava de fantasia minha. –Ele me abraçou e beijou minha testa. Eu realmente precisava daquele abraço.
Russo: Você vai perdoá-la. Seu coração não é de pedra, no fundo você já começou a perdoar e nem percebeu. – Talvez eu não tivesse percebido ou não queira perceber.

2º TEMP - Todo vilão, tem sua donzela !Onde histórias criam vida. Descubra agora