153° capitulo

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Carolina: O que aconteceu com vocês? – Ele ficou quieto me olhando e se afastou de mim sentando novamente na cama – Me responde, pai.
Imperador: Sua mãe está vindo para cá, eu liguei pra ela.
Carolina: Você fez o que?
Imperador: Não é a verdade que você quer? Então a verdade você vai ter.
Quando minha mãe chegou, parecia que ela havia trago um furacão junto. Ela estava puta da vida e mais ainda com o meu pai. Quem abriu a porta foi a Gabriela, minha mãe passou por ela e me olhou.
Fran: VOCÊ NÃO DEVERIA TER FEITO ISSO COMIGO, CAROLINA. VOCÊ PERCEBE O QUE EU SENTI QUANDO EU ACORDEI E NÃO TE VI NA CAMA E NEM EM LUGAR NENHUM DA CASA?
Imperador: Calma, Fran. – Ele entrou no meio de nós duas e a segurou pelos braços.
Fran: IMPERADOR NÃO SE METE NISSO PORRA. EU QUERO FALAR COM A MINHA FILHA.
Imperador: Não, você vai falar é comigo agora.
Fran: FALAR O QUE? EU NÃO TENHO NADA PRA FALAR CONTIGO MAIS.
Gabriela: Vamos deixar os dois, acho que tem algo pendente ai. – Ela cochichou no meu ouvido e fomos andando de fininho pra cozinha. De lá ficamos ouvindo os dois discutirem.
Imperador: Franciellen por anos eu cedi a sua vontade e eu compartilhei dela, agora não da mais pra esconder nada da Carolina e nem da Gabriela. Porra você não percebe?
Fran: O que eu não percebo é como você deixou a Gabriela se aproximar tão fácil assim da Carolina.
Gabriela: Sua mãe não conhece a internet? – Rimos.
Imperador: Eu posso fazer o que? As duas se conheceram. Ponto final. Para de dar chilique porra. Ou a gente conta o caralho da verdade pras duas ou você vai embora da minha casa gritar lá na rua. Só escolher.
Fran: Então é assim que vai me tratar?
Imperador: É assim que você me tratou todos esses anos.
Fran: Você acha que foi fácil para mim?
Imperador: Você soube lidar com tudo isso muito bem.
Fran: Pra mim nada mudou, Bruno.
Imperador: E acha que pra mim mudou? Acha que eu esqueço do dia que você desceu esse morro pela última vez? Acha que eu cai para o primeiro baile que rodou no morro pra comemorar a sua ida? Você escolheu isso, Franciellen. E eu não poderia ser egoísta a ponto de impedir vocês duas de irem embora. E então eu fiz o que estava ao meu alcance.
Fran: Eu só tinha 18 anos, Imperador. O que eu passei não foi fácil, eu precisava superar tudo aquilo.
Carolina: Tudo aquilo o que? – A Gabriela deu de ombros.
Imperador: Amor, eu sei bem do que você passou. E aquilo tudo me mudou também. Mas eu queria superar ao seu lado. Fran, você me marcou porra, olha quanto tempo passou e eu ainda penso na gente.
Fran: Bruno... – Ela estava chorando. Minha mãe quase nunca chorava – Eu sempre amei você. Mas a Carol, ela é o meu tudo. Eu não queria que ela passasse pelo o que eu passei, eu não queria que tocassem nela da forma como me tocaram. Ela quase morreu, Bruno. Ela foi arrancada de mim só com 7 meses.

Gabriela: Oh, meu pai ama sua mãe. É sério isso? – A Gabriela falava ao meu lado e eu estava mais preocupada em entender do que eles estavam falando. Eu quase morri? Meu peito doeu de tanta tristeza. Ouvir minha mãe chorar daquela forma ao falar aquelas coisas para o meu pai me fez repensar se no que eu tinha feito foi realmente certo. Levantei da cadeira e fui até a sala. Meu pai estava abraçando minha mãe enquanto ela chorava em seu peito.
Carolina: Desculpa... Eu não fazia ideia. – Uma lágrima rolou em minha bochecha. Meu pai esticou um de seus braços, fui ao seu encontro e ele abraçou a nós duas.
Imperador: Você não tem culpa de nada, Carol. – Ele beijou o topo da minha cabeça.
Fran: Desculpa, filha. Eu só fiz isso porque eu acreditava ser certo para nós duas.
Carolina: Eu entendo, mãe. Claro que entendo.
Aquele momento família aos poucos foi acabando. E com os ânimos mais calmos sentamos os quatro na sala e minha mãe e meu pai contaram tudo para gente. Foi uma enxurrada de informações que chegaram fazer o meu cérebro doer. Nunca pela minha cabeça passou que minha mãe tivesse um passado tão escuro quanto o que ela estava me contando. E ver meu pai ao lado dela segurando a sua mão, dando força pra ela, me fez chorar ainda mais. Saber as coisas que a minha vó fez com a minha mãe foi terrível, eu não conseguiria olhar novamente na cara da minha vó com a mesma naturalidade de antes. Não entendi como a minha mãe foi capaz de perdoá-la depois de tudo. Eu e a Gabriela ficamos sentadas no sofá lado a lado ouvindo agora meu pai falar de como eles se conheceram, como foram se aproximando, até chegarem a ficar. Ele mencionou também a mãe da Gabriela e eu senti que isso a afetou, mas ela não derramou nenhuma lágrima a respeito de tudo isso. Meu pai falou desde as partes engraçadas da vida dos dois, desde as partes ruins de quando eles brigaram feio que resultou a separação dos dois, contou a parte de quando ele descobriu que minha mãe estava grávida bem no dia do nascimento da Gabriela. E o baque mesmo veio quando a minha mãe começou a contar do sequestro dela. Eu vi claramente a dor do passado no olhar dos dois. O assunto era tão pesado que eu pude compreender o motivo dos dois terem escondido isso da gente por tanto tempo. Eu entendi porque minha mãe foi embora largando tudo isso para trás. Ela levou uma vida tão dura desde tão nova que recomeçar era o certo para nós duas. Saber que eu poderia não ter tido uma oportunidade de conhecer os dois, me fez chorar mais ainda e a Gabriela segurou na minha mão fazendo carinho.
Imperador: Agora vocês entendem porquê nunca apresentamos as duas? Porquê escondemos isso de vocês?
Gabriela: Claro que a gente entende, agora eu sei porque a idiota da minha mãe foi embora.
Imperador: Gabi, não é bem assim.
Gabriela: Ah, pai, eu não te culpo por você não gostar da minha mãe. Eu a culpo por ela me usar, se fazendo de boazinha, a rainha da compreensão no momento que você estava frágil. E quando ela viu que não iria conseguir nada contigo, ela meteu pé com outro macho.
Fran: A Emanuelle fez o que?
Gabriela: Não vou repetir.
Fran: Você não me contou isso, Bruno.
Imperador: Claro que contei, eu disse que a Emanuelle havia ido embora.
Fran: Mas não me disse o motivo.
Imperador: Agora você já sabe.
Fran: Então, Carol... – Eu levantei a cabeça olhando pra ela.
Imperador: Você perdoa a gente?
Carolina: Não tem nem cabimento eu não perdoar vocês. Eu só quero que vocês entendam que vocês poderiam ter contado isso antes pra mim e pra Gabriela.
Fran: Você teria vindo de todas as formas para cá, Carolina. Eu conheço bem você.
Carolina: Ainda bem que me conhece, porque eu não vou voltar para Minas.
Fran: Claro que você vai. Você vai pra faculdade, vai se formar e vai seguir uma carreira.
Carolina: Quero ver quantas da senhora vai conseguir me arrastar daqui. – Cruzei os braços e olhei decidida.
Fran: Bruno! – Ela apelou para o meu pai quando percebeu que não iria conseguir nada comigo.
Imperador: O que tem a garota ficar aqui?
Fran: Não.
Gabriela: Por que não? A Kiara e o Guidin vão adorar conhecer ela. – Ela sorriu olhando para eles e em seguida para mim – E eu vou adorar ter uma irmã. Não, sério. Vou te levar em cada canto do caralho, amor, tu vai arrasar no baile comigo.
Imperador: Gabriela, você se empolga muito.
Gabriela: Coé pai, a gente já ficou nesse papo aqui de coração, do passado, choramos e rimos aqui na maior melação. Mas por que não aproveitar me diz? Se a Carol quer ficar, tia, a gente cuida dela.
Imperador: Se você quiser ficar também... – Ele olhou pra minha mãe e eu abri um sorriso.
Carolina: Pelo visto vocês tem muito ainda o que resolver. – Ri.
Gabriela: Aproveitem, eu vou levar minha nova irmã para conhecer o povão. – Ela riu e foi me puxando para o lado de fora da casa. Se soubesse que iríamos sair teria colocado uma roupinha melhor.
Carolina: Onde vamos?
Gabriela: Na casa dos nossos avós.
Carolina: Os pais dos meu pai?
Gabriela: É claro.
Carolina: Eu os conheço, mas pouco. Eles me visitaram em Minas algumas vezes. Thamires, Pedro, Catarina e... deixa eu ver, ah e Igor. Amigos dos meus pais. Eles foram lá algumas vezes, mas nem me lembro muito. – Já eram umas 21 horas da noite. O dia havia sido muuuito agitado mesmo.
Gabriela: Precisamos é dar uma festa em comemoração, sério mesmo. – Ela riu.
Carolina: É muito, não precisa disso tudo.
Gabriela: Amor tudo é motivo de festa, pelo amor. Um churras, uma gelada, tudo numa boa. – Numa boa não estava nada essas escadas. Ela me carregou até uma casa um pouco parecida com a do meu pai, ela abriu o portão, me puxou pela mão e fomos entrando. Ela deu a volta até os fundos da casa e abriu a porta. O casal tomou um susto ao nos ver. Eu lembrava deles bem pouco mesmo.

2º TEMP - Todo vilão, tem sua donzela !Onde histórias criam vida. Descubra agora