Franciellen narrando
Esses meses presa eu vivi o verdadeiro terror. E tudo o que eu pensava era em proteger a vida do meu bebê. Quando o senti mexer pela primeira vez, meu estômago urrava de tanta fome. As refeições mínimas não me satisfazia, mas não permitia vacilar. Eu estava fraca, necessitada de água e um bom banho. A lembrança do Tota e do Thierry me segurando em cima de uma mesa de madeira, enquanto o médico cortava a minha barriga a sangue fria para tirar o meu bebê estaria para sempre na minha memória. Eu implorava pela vida do meu bebê que foi pegado de qualquer maneira, tão pequeno e tão frágil. Não pude nem saber o sexo, não pude ver seu rostinho. Pelo tamanhozinho eu não sabia dizer quantos meses ele tinha, mas a imagem destruiu o pouco que restava de mim. Os pontos foram dados e eu fui jogada novamente no cativeiro e amarrada feito um animal. Eu chorava gritando de dor e de tristeza pelo meu bebê. Eu sabia que fim eles dariam ao meu bebê e aquilo me matou. Eu implorei para morrer várias vezes, eu não aguentaria viver mais sem o meu filho.
Quando a mulher apareceu para me dar comida, eu neguei colocando a cabeça na frente. E então ela indicou com o olhar o que ela tinha nas mãos. Era um celular. Ela assentiu com a cabeça e colocou a colher na minha boca ao mesmo tempo em que peguei o celular enquanto o homem não nos olhava. Ela colocou entre minhas pernas o celular. Eu não quis aquela comida e ela foi embora. A porta foi trancada e a luz apagada. E com dificuldade eu segurei o celular em uma das mãos. Minha barriga ainda sangrava um pouco e doía tanto. Eu olhei para o bloqueio de tela e vi aquela mensagem dizendo "Franciellen, eu não mereço teu perdão, mas isso é tua liberdade. Esse é o endereço de onde estamos xxx-xxx, liga para o Imperador". Meus olhos se encheram de lágrimas e por longos minutos eu fiquei pensando se aquilo seria uma armadilha. Eu estava destruída demais para colocar o Imperador em perigo novamente. O celular estava sem senha e então o olhei todo. Vi a data e meu queixo caiu. Eu sabia que estava aqui por muito tempo, mas com meus desmaios constantes eu perdia a noção do tempo. E então eu soube que meu bebê tinha apenas sete meses quando fora arrancado da minha barriga. Lágrimas quentes rolaram pelo meu rosto e a imagem da minha mãe veio a minha cabeça. Quando percebi, eu estava discando o número de casa. Já eram 3:55 da manhã e não ouvia barulho de passos do andar de cima. Um fio de esperança brotou em mim quando minha mãe atendeu.
_ Início da Ligação _
Cristina: Alô? Alô? Quem é?
Fran: Mãe, sou eu, Franciellen. – Sussurrei.
Cristina: O que? Isso só pode ser mentira, aquele menino esteve aqui, ele disse que você havia sido sequestrada. – Ela chorou do outro lado da linha.
Fran: Mãe, sou eu, por favor, eu preciso da sua ajuda. Pelo amor de Deus.
Cristina: Isso é trote.
Fran: Seu aniversário é no dia 14 de novembro, papai fez 11 anos de falecido dia 24 de março, você gosta de pintar suas unhas de vermelho. Mãe, sou eu, a sua filha. – Eu estava ofegante pelo cansaço e a dor em mim só aumentava.
Cristina: Onde você tá minha filha? De onde está me ligando?
Fran: Eu preciso que você vá até o Imperador logo pela manhã... – Respirei fundo e continuei a falar – Eu estou nesse local xxx-xxx, mãe por favor.
Cristina: Esses monstros vão pagar pelo o que fizeram contigo meu amor. – Ela chorava.
Fran: Você anotou o endereço?
Cristina: Sim é claro. Olha meu amor, eu não vou vacilar contigo dessa vez, a mamãe promete ok? Eu vou cuidar de você meu amor.
Fran: Mamãe... – Deixei as lágrimas caírem pesadas enquanto eu me dobrava de dor – Eu te desculpo por tudo.
Cristina: Eu não mereço suas desculpas meu amor, não mereço nem ser chamada de mãe, eu destrui sua vida.
Fran: Mas eu te desculpo porque te amo.
_ Fim da Ligação _
Eu deixei que o celular escorregasse da minha mão e eu fui me recolhendo para o canto me posicionando em uma posição que doesse menos. Eu tinha que esconder aquele celular e o coloquei dentro do short surrado que estava usando desde quando me arrancaram do morro.
Eu não me lembro de quando foi que apaguei, mas lembro bem dos tiros e dos gritos. Minha cabeça estava pesada e eu não conseguia abrir os olhos. Eu tremia de frio e eu não conseguia abrir a boca para gritar. De uma coisa tenho certeza, o barulho de tiro demorou a cessar e eu tenho certeza de ter sentido um anjo me pegar no colo e ele tinha o rosto do Imperador.
Imperador: Minha menina eu estou aqui agora, eu vou te levar pra nossa casa. – Eu ouvi vozes ao longe e não consegui responder ao meu anjo. Tudo não passava de um borrão, eu abri e fechei meus olhos inúmeras vezes, mas não conseguia dizer mais nada. Meu corpo inteiro queimava de dor e minha cabeça parecia que iria explodir.
Eu abri meus olhos novamente e uma luz branca forte me fez piscar várias vezes. Olhei para todos os lados desnorteadas e uma voz me pediu calma várias vezes. E então eu vi o rosto da minha mãe.
Cristina: Está tudo bem agora, meu amor. – Ela segurou na minha mão fazendo carinho. Eu tentei dizer alguma coisa, mas havia uma máscara de oxigênio me impedindo – Eu disse que não vacilaria novamente. Eles te salvaram, aquele menino, seu namorado. Franciellen, eu vou chamar o médico, ele disse que você acordaria em breve. – Ela saiu e logo depois um médico apareceu. Ele me fez uma série de perguntas e eu assenti. Eu já não sentia aquela imensa dor sobre o meu corpo, mas havia um vazio dentro de mim. Esse vazio havia sido habitado por uma pequena pessoa dentro de mim por quatro meses. Ele me manteve viva, me deu esperanças, com ele eu conversava nos momentos de solidão e pedia calma que tudo aquilo iria passar. Eu contei histórias de como havia conhecido o seu pai, como eu havia me divertido ao lado da Thami, da Cat e da Luana. Contei de como o Liminha me aconselhou no beco e falei do Russo que sempre me apoiou e me fez rir pra caralho.
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2º TEMP - Todo vilão, tem sua donzela !
AdventurePrimeira TEMPORADA NAS MINHAS OBRAS. - 20 anos se passaram após o nascimento de Bruno e Catarina. ㅤ ㅤ ㅤ ㅤNotas 〰 Créditos Total da Escritora Mabelle ❤ 〰 Essa web é repostada então ela, já está pronta, não fiquem triste caso aconteça algo que vcs...