76 º capítulo 🐾

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Russo narrando
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Sabia que a Catarina havia recebido alta do hospital e esses últimos dias haviam sido horríveis para mim. O Guilherme não entrou na vida da Catarina porque se interessava por ela, mas sim para poder matá-la. Os policiais que estavam em frente a casa dele estavam todos sabendo daquele plano maldito. Com o passar dos dias, depois que o Imperador se recuperou do tiro que tomou na coxa, fomos atrás de informações. Descobrimos que o Guilherme havia sido filho de um policial morto na fuga do JR dentro do aeroporto, que a mãe dele morreu por conta de uma depressão e ele foi jogado em um orfanato. Ele cresceu, se tornou policial, descobrimos que nem matriculado na faculdade da Catarina ele de verdade estava. O plano dele desde o início era matar o Imperador e a Catarina para fazer os meus padrinhos sofrerem. Quando invadimos a casa dele, no quarto dele havia um quadro cheio de fotografias da Catarina, do Imperador e dos meus padrinhos. O cara era doido de pedra mesmo. Parece até coisa de filme. Não me arrependo de tê-lo matado, me arrependo é de não tê-lo torturado até a morte.
Mas não era isso que estava me machucando, o que me doía era saber que eu não protegi a Catarina e o meu filho o suficiente. Que agora as coisas poderiam estar diferentes e que eu agi feito um babaca com ela. Minha mãe pediu que eu desse um espaço para que ela se recuperasse e depois para que eu conversasse com ela. Então assim resolvi fazer, seria bem melhor assim.
Na segunda-feira, o ritmo no morro voltou ao normal. Até o clima estava favorável. Tomei um banho depois que acordei, me arrumei, tomei um café da manhã e rapei pra rua. Estava subindo na minha moto quando vi a Luana subindo o morro, liguei a moto e pilotei até o lado dela.
Russo: Está fazendo o que por aqui loirinha?
Luana: A Manu veio aqui atrás do Imperador e quis que eu viesse junto.
Russo: Não foi para a escola?
Luana: Acordei atrasada. –Ela riu.
Russo: Pode não ein, vai reprovar assim.
Luana: Sou loira, mas não sou burra.
Russo: E é bem espertinha também. –Notei que ela estava usando a pulseira que eu havia dado para ela em seu aniversário. Apesar da Luana ser toda linda e dizer gostar de mim, não era justo da minha parte brincar com os sentimentos dela.
Luana: E ai, como está a Catarina?
Russo: Ela está em casa já, voltou ontem.
Luana: Eu sei disso, mas quero saber como ela está. Não acho que eu seja uma visita agradável para ela. –Ri.

Russo: Ela estava com o braço enfaixado e uma perna quebrada, mas mesmo assim te tacaria umas coisas.
Luana: Bobeira dela.
Russo: Isso é verdade. –Ri.
Luana: Sabe Russo...
Russo: Luana... –Falamos ao mesmo tempo-. Fala você.
Luana: Não, fala você.
Russo: Não, você.
Luana: É que... –Ela mordeu o lábio inferior um pouco nervosa-. Eu sei bem que você ama a Catarina e que se você quiser ajuda para reconquistá-la, eu sei de várias ideias que li em um site ai. Nesse tempo que nos aproximamos só percebi que eu gostava de você porque você tem um rostinho bonito e é simpático, mas gostar de outra forma não gosto.
Russo: Eu não sou apenas um rostinho bonito. –Cerrei os olhos fingindo estar puto.
Luana: Desculpa... –Ela ficou sem graça e então eu ri.
Russo: Brincadeira loirinha. Mas sério, gosto da sua amizade e eu não quero te perder por conta de putaria minha. Você é linda pra caralho e merece um mano de fé.
Luana: Eu sei disso.
Russo: Convencida pra caralho ein.
Luana: Sou nada bebê. –Ela riu. Fiquei trocando ideia com ela, até o Imperador me chamar pelo rádio e eu fui ver o que o gostosão queria.
Russo: Fala minha puta.
Imperador: Tota está subindo e eu preciso do meu braço aqui.
Russo: O que aconteceu com os seus? Estou olhando daqui e parece que estão bem saudáveis. –Ele me olhou com cara de cu e eu ri.
Imperador: Nossa vai tomar no seu cu, Russo.
Russo: Te amo minha puta. A Fran sabe que o irmão dela vai subir?
Imperador: Ela não precisa saber de tudo.
Russo: Você tem que parar de esconder as coisas dela.
Imperador: Não estou escondendo nada dela, estou omitindo. Ela não perguntou, então não disse. Eu não quero que esse cara ache que tem algum direito sobre a Fran.
Russo: Ele é irmão dela, você não pode ficar controlando a Fran.
Imperador: Não estou a controlando.
Russo: E também está tomando todas as decisões por ela.
Imperador: Eu só não quero que ela vá embora.
Russo: Gostava mais de você quando era putão.
Imperador: Não fode.
Russo: Foder é o que você está precisando.
Imperador: Não estou mesmo. –Ele rolou os olhos e eu ri.
Russo: Eita que a Fran está caprichando ein.
Tota: Minha irmã está caprichando no que mesmo? –Ele entrou na sala e olhou para nós dois. Tomei postura, cruzei os braços e olhei sério pra ele.

Imperador: Não é da sua conta, parceiro. –Ele fechou a cara. Ainda bem que ele não encarou o cara, imagina a merda que daria.
Russo: Conversa aqui entre nós dois.
Tota: Estão falando da minha irmã, eu tenho direito de saber qual é o assunto. –Não fui com a cara dele, esse sorrisinho debochado me dá nojo.
Imperador: Dentro do meu morro você não tem direito nenhum a não ser de obedecer minhas ordens. –Ele encarava o Tota bem sério e sem perder a pose de homem. Que orgulho da minha putinha.
Russo: Aqui dentro da boca tu negocia com a gente, fora da favela tu faz o que quiser, dentro da nossa área você é ninguém.
Tota: Tem certeza que vão tratar o irmão da Fran dessa forma? –Ele riu debochado e sentou em uma cadeira.
Imperador: Você só acha que a Fran interfere em alguma coisa. Enfim, veio aqui para negociar, então o nosso assunto será limitado a isso. Se quiser saber dos caprichos da Franciellen liga pra ela.
Tota: Na verdade assim que sair daqui eu vou fazer uma visita a ela.
Russo: Tá bem, mas quem perguntou algo? Queremos saber da grana. Cadê?
Tota: No carro.
Imperador: Então busca.
Tota: Você só pensa que é alguém Imperador. –Imperador puxou o rádio dele e falou com um dos manos.
Imperador: Ai Dado na escuta?
Dado: Na escuta patrão.
Imperador: Jetta TSI preto, perto do beco da cinza, traz o dinheiro que está lá pra mim agora. –Ele largou o rádio em cima da mesa-. Comigo não tem desenrolo, não tem brincadeira, o nosso trato é único e não tem criança alguma aqui. 500 mil agora e pelo restante do tempo que firmamos parceria, tu é novo aqui na área e não conhece metade das porras. Thierry te deixou numa furada mermão e se você não abrir teus olhos, eu mesmo faço questão de te mandar ceguinho para o inferno. –Imperador é parça, é brincalhão, mas quando fala sério o bagulho é outro. E o Tota percebeu isso. Na mesma hora o Dado entrou na sala com uma mala preta de mão pesada e jogou o dinheiro na mesa.
Dado: Ai patrão.
Imperador: Faz a ronda pela linha com os moleques e vai ao morro do Aruan fazer o arrecadamento do mês. Russo conta o dinheiro, Tota só sai do morro se na mala tiver 500 mil. Caso contrário me chama no rádio que eu vou sair pra cortar o cabelo. –Ele saiu andando para o meu lado, abri a mala e olhei na hora que ele passou pelo Tota, deu dois tapões na cara dele e saiu pela porta.
O meu padrinho entrou na sala olhando para todos os lados e olhou para o Tota com o mesmo olhar que o Imperador olhava para ele.
JR: Trouxe o nosso dinheiro?
Tota: Trouxe.

JR: Assim que eu gosto, cachorro pequeno só late mesmo por áudio, porque na área tu não é porra nenhuma e nem canta de galo. –O Tota estava com o rabinho entre as pernas, eu comecei a contar o dinheiro e era porra pra caralho. Todo trabalho sujo sou eu que faço, fico puto com isso caralho, tanta puta coçando xereca pelo morro e eu que tenho que contar dinheiro.
Terminado de contar o dinheiro, meu padrinho liberou o Tota e ele meteu o pé.
JR: O que rolou aqui?
Russo: Imperador fez o Tota trancar o cu. –Ri.
JR: Notei que a cara dele era de quem havia visto um fantasma.
Russo: Thierry o deixou no lixo, fudeu a conta do morrão lá e agora ele tá se fudendo.
JR: Foda-se se ele quer uma relação boa, então tem que andar no sapatinho. Ele sabe que depende pra caralho daqui.
Russo: Tô ligado nisso padrinho e geral também está. –Fechei a mala.
JR: Ai malandro faz o pagamento da molecada ai e depois tira a tua parte.
Russo: Ai padrin, Imperador falou que nossa parte ia ficar por último.
JR: Falou o que? –Ele olhou como se não tivesse ouvido o que eu falei. Porra meu padrinho é foda, meu cu tranca fácil pra ele.
Russo: Coisa do Imperador. Ele disse que ia dar uma colaborada com o postinho e com a ONG da criançada com esse dinheiro. E com o dinheiro que vai entrar amanhã ele ia fazer o nosso pagamento.
JR: Tá certo então, então faz o que o Imperador mandou.
Russo: Beleza padrinho. –Meu padrinho saiu da sala, separei o dinheiro pra poder levar para os dois locais.
Fui primeiro na ONG quando cheguei lá já procurei a responsável que tadinha ela gelou quando viu minha arma.
Russo: Ai patricinha vim trazer a grana das crianças e vocês fortalecem ai no trabalho com a molecada. –Joguei o saco de dinheiro em cima dela.
Rita: Isso tudo? –Ela abriu a sacola e olhou maravilhada.
Russo: Sem gracinha, nossa parte ta feita e agora vocês façam a de vocês.
Rita: É muito mais que a dona Babi disse que seria.
Russo: Se eu tô dando é pra pegar caralho, se não quer devolve. –Ela engoliu em seco.
Rita: Claro que não. –Ela riu toda sem graça.
Russo: Então já é. Fica suave por ai. –Dei as costas e fui saindo dali. Passei por uma salinha onde havia umas crianças pintando e rindo pra caramba com uma dinâmica que faziam.
Me amarrava nessas paradas, porque quando era menor já fiquei muito aqui na ONG junto com o Imperador, a Cat e a Thami. Tia Babi ficava aqui direto trabalhando, então a gente vinha pra cá também.
Saindo dali, fui direto para o postinho que fortalecia pra caralho na comunidade, pra quem não tinha condições de nada, o postinho na hora do aperto dava uma ajuda até para os manos do corre. Cheguei ao diretor do postinho e fiz a entrega do dinheiro. Terminado meu serviço, fui tomar uma gelada.

2º TEMP - Todo vilão, tem sua donzela !Onde histórias criam vida. Descubra agora