101 º capítulo 🐾 ....

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Russo narrando
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Meu pai me ensinou a confiar, porém desconfiando. Saber apertar a mão e saber a hora de soltar também. Meu pai me ensinou a ser homem e não me criou pra cair em papo de vacilão. Eu e o Imperador já estávamos ligado desde o momento em que o Washington apareceu com papo de negócio. Ele já fortaleceu muito dentro da favela, cada treta que já comeu e ele que negociou muitas fitas. Mas observador do jeito que eu sou, só pelo sorriso malandro nos lábios dele, já dizia que tinha malandragem no fundo disso. E no caminho para uma sala reservada, Imperador fez um sinal já antigo nosso que é mexer na orelha com os três dedos centrais. Esse sinal significava pra ficar de olhos abertos e/ou que a situação não era confiável.
Difícil é a minha intuição errar, dito e feito. Washington veio com uma proposta de fechar negócio com uns argentinos que iriam trazer uma mercadoria nova para o RJ e ia formar um triângulo entre três favelas pra comercializar o produto. É claro que ele iria tirar a taxa dele por fora com um preço alto pra caralho. Só ele no caso sairia se beneficiando. Quer fechar com várias tropas beleza, mas quem conhece o Imperador sabe que pedir pra ele confraternizar com o inimigo não rola. E eu assino embaixo.
Imperador: Não vem com papo torto pra cima de mim, Washington. Tu ta ligado que dentro do meu morro as paradas não funcionam dessa forma e tu quer vir pra cima da gente com casinha. To metendo o pé meu irmão, quando tu quiser negociar feito homem tu sabe onde fica minha boca. E outra, quem se mistura com porco farelo come.
Washington: Tu falou o que meu irmão? Ta achando que tu é seu pai pra falar assim comigo?
Imperador: Se eu fosse meu pai nunca teria deixado uma cobra como tu se criar lá dentro da quebrada. –Ele colocou o dedo da cara do Washington e eu já analisei os outros caras ali dentro da sala. Que pelo visto compartilhavam do mesmo pensamento do Imperador.
Washington: Tu não sabe o que está perdendo Imperador.
Imperador: Se tem alguém que não sabe de algo aqui é você.
Washington: Tu é um homem morto.
Imperador: Eu posso morrer, mas antes que a minha última gota de sangue caia nessa terra, você pode ter a certeza de que você vai conhecer o que a gente faz dentro do morro com quem não sabe jogar. –Ele passou por mim e saiu da sala. Olhei para todos e sai em seguida batendo a porta atrás de mim.
Russo: Vamos meter o pé.
Imperador: Pega a Luana que eu vou pegar a Fran. Não sai daqui sem ela e parceiro me encontra no morro. –Dito isso ele já apertou o passo com o rádio na mão, não da pra dormir na missão e ficar em um local onde você sabe que pode dar sujeira a qualquer momento.
Comecei a caçar a Luana por todos os cantos, olhava para todos os lados e então mandei mensagem pra ela.
🔸 Início da Conversa 🔸
Russo: Loira onde você está?
Luana: Perto do bar na pista.
Russo: Fica ai que eu vou te pegar.
🔸 Fim da Conversa 🔸

Praticamente voei para onde a Luana estava, assim que a encontrei já fui pegando pelo braço dela e a arrastando para fora dali.
Luana: PORRA RUSSO ME SOLTA.
Russo: LUANA CARALHO VAMOS EMBORA, SUJOU.
Luana: SUJOU PORRA? O QUE SUJOU? –Luana bêbada é foda. Sabia que ela ia começar espernear ali, a peguei no colo e a joguei pra cima do meu ombro. Fui abrindo passagem pelo meio do povo quando ouviu um estouro, do nada começaram invadiram ali atirando pra tudo que é canto.
Russo: Porra sujou loira. –A coloquei no chão e sai correndo com ela para onde eram os banheiros. Conhecia aquele salão ali até no escuro. O tumulto de pessoas atropelou nós dois e eu não soltava a mão dela por nada.
Luana: ME TIRA DAQUI RUSSO. –Ela gritava mole de bêbada.
Russo: CALA A BOCA PORRA. Cheguei dentro do banheiro. –Tranca a porra da porta.
Xxx: Menino o que está acontecendo lá fora? Que gritaria é essa? –Uma menina estranha agarrou meu braço. Liguei a lanterna do meu celular e coloquei na cara da mina.
Russo: Qual é o teu nome porra?
Xxx: Mirella.
Russo: Beleza Mirella tu fica aqui. –Botei a luz na porta e a Luana estava toda mole pra fechar a porta, ainda havia umas minas no canto quietas uma agarrada a outra-. Tranquem a porra da porta caralho. –Gritei pra elas e uma até foi ajudar a Luana que caia de tão bêbada. Olhei para a janela do banheiro no alto.
Russo: Mirella segura a luz na direção da janela ouviu? –Ela assentiu com a cabeça e eu entreguei pra ela. Ela respirou fundo suando frio e tremendo muito. Assim que ela iluminou a janela, eu subi em cima da mármore que segurava as portas da cabine dos sanitários e sentei de lado. Tomando muito cuidado pra não cair dali. Abri a janela e comecei a soltar o vidro para deixar o buraco da janela livre pra gente sair dali. Às vezes eu reclamo dos trabalhos que meu pai me manda fazer dentro do morro que não compensava, que eu achava que bandido não tinha que fazer essas paradas, era só mandar e pronto. Digo e repito: Meu pai me ensinou a ser homem. Uma por uma eu fui fazendo escadinha para as meninas saírem dali e por último eu sai. Do lado de fora estava uma correria de gente e o tiroteio comendo lá dentro.
Luana: CADÊ A FRAN, RUSSO? E O IMPERADOR? –Ela gritou agarrada a uma menina.
Russo: O Imperador foi pegar a Fran, ele vai tirar ela lá de dentro. –As meninas estavam apavoradas com a situação. As levei para o estacionamento e elas se espremeram dentro do meu carro. Fiz o que o Imperador havia mandado, as levei para o morro.
Mirella: Garoto pra onde você está nos levando? –Ela gritou nervosa-. Nossos pais vão nos matar.

Russo: Cala a boca mina, to livrando a pele de vocês. –Subi o morro rapidamente, já dando ordem para os manos irem dar reforço lá pra tirar o Imperador em segurança. Assim que parei o carro em frente a minha casa, meus pais estavam ali desesperados. As meninas saíram de dentro do carro junto com a Luana.
Pezão: O que aconteceu porra?
Russo: Ai coroa aquele filho da puta do Washington com certeza quis armar pra gente, jurou Imperador de morte. Ele me fez tirar a Luana lá de dentro, acabou que eu tirei essas minas também.
Fulana 1: Eu quero minha casa.
Russo: Cala a boca porra, já te livrei de uma.
Fulana 2: Eu não sei que lugar é esse, eu estou com frio.
Maísa: Meninas se acalmem, eu vou levar vocês pra casa.
Luana: Porra tia, maior tiração, a festa estava muito boa. –Ela deitou de barriga para cima no capô do carro.
Russo: Eu vou voltar lá pra pegar o Imperador.
Pezão: Imperador sabe se virar sozinho.
Russo: Não me interessa, to indo. –Tirei a Luana com força de cima do meu carro, entrei, liguei meu carro e desci de ré. Na metade eu manobrei com tudo e desci o morro em alta velocidade. Peguei a pista direto para aquele salão dos infernos e quando cheguei não havia mais barulho de tiro. Havia um monte de carro de polícia, não ia me sujar saindo do carro e então segui direto. Passei um rádio atrás do salão de festas para o Dado.
🔸 Início da Chamada 🔸
Russo: Qual é a tua posição?
Dado: Pegamos o Washington. JR chegou aqui com a loira, ela levou a mulher do chefe pra casa. Liminha estava fazendo guarda da Franciellen.
Russo: E o Imperador?
Dado: Eu estava ocupado botando os filhos da puta no chão. E oh fiel, to com a mente aqui batutando de umas paradas. Assim que achar o patrão, nós vai conversar sobre isso lá na boca.
Russo: Tudo certo, ta cheio de polícia aqui fora, cuidado ai dentro.
Dado: Sai fora daqui, deixa que nós faz o serviço aqui e cai fora.
Russo: Me deixa avisado.
Dado: Nós é do corre mano, sabe como procede os movimentos pra dar tudo certo.
Russo: To confiando a vida do meu irmão em vocês ein.
Dado: Sempre, patrão é parça.
🔸 Fim da Chamada 🔸
Por incrível que pareça eu não estava tão preocupado com o Imperador, ele sabia se virar e eu sabia que estava tudo bem com ele. Meu mano é macaco velho, criado pulando de barraco em barraco atrás de pipa ou correndo com a mochila cheia de grana quando os vermes batiam no morro. Liguei meu carro e meti o pé dali.

2º TEMP - Todo vilão, tem sua donzela !Onde histórias criam vida. Descubra agora