ㅤ 2º capítulo 🌼

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ㅤ ㅤ ㅤㅤ ㅤ ㅤ ㅤ ㅤFranciellen narrando
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Eu acordei com a gritaria do meu padrasto e da minha mãe. Eles vivem brigando e não é coisa pouca. É briga de deixar minha mãe com marcas roxas, sangrando. Depois de muito tempo eu aprendi a não me meter na briga dos dois. Minha mãe teve tantas oportunidades de se livrar dele, os vizinhos já me disseram para abrir mão dela porque pelo visto ela gosta de apanhar dele. Ela já o denunciou inúmeras vezes, mas sempre volta atrás e inventa uma desculpa esfarrapada para polícia.
Levantei da minha cama, fiz minhas higienes matinais e fui para a cozinha. Meu padrasto não parava de gritar e então pelo barulho ele estava surrando minha mãe. Meu coração doía ao ouvir aquilo? Sim e muito. E é por isso que eu estou chorando. Eu estava cansada dele, cansada da minha mãe idiota, cansada dessa casa tumultuada onde não se pode dormir nem até um pouquinho mais tarde. Cansada do meu padrasto bêbado todo dia dizendo que só ele coloca dinheiro dentro dessa casa. E só ele mesmo. Minha mãe depende dele pra tudo, porque o querido não a deixa trabalhar e ela acha que isso é normal. Ele a trata feito cadela e a babaca ainda acha lindo ficar de cu para cima o dia inteiro lavando, passando, cozinhando para o imprestável do meu padrasto.
Meu pai se separou da minha mãe justamente porque ela o traiu com o meu padrasto. Meu pai era perfeito, carinhoso, trabalhador, não faltava nada dentro de casa e tratava-me e a minha mãe muito bem. Já fazem nove anos que o meu pai morreu e desde então minha vida virou um inferno. Minha mãe nunca acreditou nas minhas confissões de abuso e me proibiu de abrir a boca para alguém. Eu superei esse trauma e coloquei isso ao meu favor. Me fez uma mulher mais forte, mais consciente do que eu quero. E é por isso que eu junto cada centavo que recebo da pensão do meu pai. Tenho várias clientes como manicure e ajudo minha tia a fazer docinho e salgadinho para festas. Tudo isso porque quando eu terminar o colégio e passar na faculdade, eu vou sair dessa casa. Eu vou me livrar desse inferno.

Perdida nos meus pensamentos nem percebi que estava olhando para a geladeira vazia. Fechei a geladeira e vi meu padrasto saindo do corredor. Ele me olhou enfurecido, veio até a mim em dois passos largos e me pegou pelo braço.
Fran: Me larga Fábio. –Tentei me soltar dele.
Cristina: Fran, fica quieta. –Minha mãe veio até a entrada cozinha, com o nariz e o supercílio sangrando.
Fran: Fica quieta você! –Falei com raiva, peguei uma faca que estava na bancada atrás de mim firme e apontei para a garganta dele.
Cristina: FRANCIELLEN! PELO AMOR DE DEUS NÃO FAZ ISSO.
Fran: SAI DAQUI AGORA! –Gritei com ela e o meu padrasto ao me sacudir, acabei rasgando seu braço com faca. Minha mão suja de sangue, eu olhei assustada e com o coração batendo forte a primeira coisa que fiz foi sair correndo para o meu quarto.
Fábio: SUA CADELA, PIRANHA, VAGABUNDA IGUAL A MÃE. –Ele urrava de dor do lado de fora e começou a chutar a porta do meu quarto que estava trancada. Passei a mão na minha cabeça e mesmo tendo a sujado de sangue não liguei.
Fran: Ai meu Deus o que eu vou fazer? –Olhei para os lados e bati o olho na minha cômoda. A arrastei para segurar a porta que meu padrasto não parava de chutar.
Cristina: FRAN MINHA FILHA ABRE A PORTA PELO AMOR DE DEUS. –Eu estava farta disso tudo.
Troquei de roupa rapidamente, enchi minha mochila com todo o meu dinheiro, documentos, peguei meu celular e pulei pela janela. Sai correndo pelo quintal, sai na rua e corri até a outra rua. Sentei na calçada com a mochila nas costas e liguei para a minha amiga Thamires.

🔸 Início da Ligação 🔸
Fran: Thami! Ainda bem que você atendeu, eu preciso da sua ajuda.
Thami: O que houve? Que voz estranha é essa?
Fran: Eu sai de casa, fui embora. Meu padrasto e a minha mãe estavam brigando...
Thami: Não precisa dizer mais nada amiga, já entendi tudo e eu tenho a solução para os seus problemas.
Fran: O que não? Você não precisa...
Thami: Escuta Fran, vem para a minha casa e aqui iremos conversar. Estou indo na rua agora e quando você estiver chegando me liga que eu vou encontrar com você.
Fran: Tudo bem Thami.
🔸 Fim da Ligação 🔸

A Thami mora na favela e não é longe daqui. Na verdade o morro onde ela mora dava para ver da minha casa e em dia de baile ouvia perfeitamente o som do funk do meu quarto. Já frequentei baile funk com a Thami, mas no momento estou mais tranquila.
Eu conhecia bem os vaporzinhos que ficavam na entrada do morro, conhecia pelo nome e não pelo apelido. Eles me deixaram subir e quando estava chegando perto da casa da Thami quase 20 minutos não precisei nem ligar. Ela estava parada na frente de sua casa junto com dois meninos, rolei os olhos mentalmente. Não existe pessoa pior nesse mundo do que o Bruno, conhecido popularmente por Imperador. Então vem a pergunta que não quer calar: Imperador de que? Eu tomei nojo dele não só pelo tempo que ele passou estudando comigo, sim, apesar dele ser mais velho ele reprovou algumas vezes e passou estudar comigo e com a Thami, mas logo depois nunca mais voltou para a escola e isso era no segundo ano. Ele vivia tirando a Thami de mim, não que eu tivesse ciúmes, mas eu tinha certeza que ele fazia isso de propósito. Fora que ele me tratava com ignorância sem motivos. Sua irmã, Catarina, era a sensação do colégio e ela sim é uma pessoa boa que sempre foi educada comigo. Enquanto o Bruno carregava a Thami para longe de mim, a Cat ficava conversando comigo durante o intervalo.
Russo: Fran! –Ele veio até a mim e me abraçou. Conheci o Russo em um baile funk que vim aqui há muito tempo e ele também sempre foi um amor comigo.

— PRÓXIMO CAPÍTULO com 30 🌟 e 35 comentários 🤷‍♀️

2º TEMP - Todo vilão, tem sua donzela !Onde histórias criam vida. Descubra agora