103 º capítulo 💎

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Imperador narrando
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1 mês havia se passado desde a noite em que rolou o tiroteio dentro do salão de festas do Washington. Meu pai, querendo sempre proteger o que é nosso, disse que não era para deixar o Washington se criar, mesmo eu achando que ele era uma ameaça insignificante. Meu pai mandou, então assim eu obedeço.
Minha relação com a Fran não estava ainda estabelecida e pior, estava um pouco estremecida. Ela ficou muito mal após o tiroteio e também pudera, ela viu a morte de frente. Encarou uma realidade que ela nunca foi acostumada. Então ela começou a treinar junto com a minha tia, que estava a ensinando a atirar, ela estava lutando MMA e também malhando junto com a Luana. Por um lado, eu estava orgulhoso demais pela Fran. Ela estava conseguindo superar os traumas dela, estava começando a se transformar em uma nova Franciellen que eu admirava muito mais. Ela estava se transformando em um mulherão, com a cabeça no lugar e com o coração mais fortalecido. De outro, existia a distância emocional de nós dois. Eu estava ocupado demais com as coisas do morro, meu pai estava pegando firme no meu pé e para fuder tudo de uma só vez, o teste de DNA confirmou que o filho da Manu é meu. A Fran não precisou dizer nada, porque eu li no olhar dela escrito: O seu primeiro filho não vai ser comigo. Não estava infeliz com a gravidez da Manu, era um filho meu porra, vou assumir e é isso mesmo. Mas também não estava satisfeito com o inferno que a Manu começou a causar na minha vida.
Passei pra recolher o dinheiro de outras bocas e fui para a casa da Fran. Assim que cheguei ela estava arrumada como se estivesse indo para a praia ou para um clube.
Imperador: Vai aonde? –Falei assim que sai do carro.
Fran: Pra praia amor, não recebeu a mensagem?
Imperador: Celular descarregou.
Fran: Vamos? –Ela entrelaçou os braços em volta do meu pescoço sorrindo.
Imperador: Eu não posso.
Fran: Nunca pode né. –O tom de voz decepcionado dela me partiu o coração.
Imperador: Poxa amor...
Fran: Tudo bem, Imperador.
Imperador: Vai para o baile hoje?
Fran: Eu não sei, Tota perguntou se eu não queria passar uns dias na casa dele.
Imperador: De jeito nenhum. –Exagerei demais no tom grosso até que ela se afastou de mim.
Fran: Que isso, Bruno?
Imperador: Não amor, foi mal.
Fran: Foi mal nada, você anda muito estranho, quer me dizer o que está acontecendo?
Imperador: Eu não ando estranho, você sabe muito bem o que é.
Fran: Eu estou estranha com você, porque você está estranho comigo. Cheio de segredinhos, eu chego perto e você desconversa quando está falando com o Russo, some por uma semana inteira e depois aparece com a cara lavada. Eu fico dentro de casa só esperando você aparecer e nada porra? Eu passei o final de semana trancada em casa porque se eu falo que vou sair você não gosta. Agora meu irmão me chama pra passar uma semana com ele e a família dele, então você me nega? Por favor né, você não é meu dono.
As palavras duras da Fran me atingiram feito flechas e eu tive que engolir tudo no seco, porque ela estava na razão dela. Eu não tinha nem o que falar, esconder o que eu sei da Fran estava me consumindo por dentro. Eu estava a perdendo e não consegui nem formar uma frase em minha defesa.
Fran: Você não vai falar nada?
Imperador: Desculpa, eu fui grosso demais.
Fran: Você acha que isso é o suficiente? Você nem me procura mais na cama, Bruno. –Ela deu um passo para trás e sua voz ficou embargada de choro-. Você ao menos responde quando eu te mando mensagem, eu pergunto como foi seu dia e você responde com poucas palavras.
Imperador: Fran eu amo você. –Tentei me aproximar pegando na mão dela, porém ela não deixou que a tocasse.
Fran: Se você me ama então diz o que está acontecendo. –Ela secou suas lágrimas e então eu encostei-me ao meu carro. Eu sabia que se eu contasse para a Fran, as coisas poderiam perder o controle. Eu não podia envolvê-la nisso, a minha mãe havia descoberto que o que a Ana Luísa havia falado era verdade. Eu conheço o Thiego, se ele volta para o RJ a primeira coisa que vai fazer é perturbar a Fran.
Catarina: Eita gente, o que está rolando aqui? –Ela chegou arrumada para a praia também.
Fran: Nada não amiga. –Ela falou sem tirar os olhos de mim. Meu coração estava doendo tanto.
Imperador: Catarina cai fora.
Catarina: Fala direito comigo seu otário.
Imperador: O assunto aqui é particular.
Fran: Particular ou não, você não abre a boca nem para tentar se defender, nem para me impedir de ir embora.
Imperador: Ir embora?
Fran: Qual é Imperador? Você quer terminar, você fala logo. Você tem outra é isso? Se você tiver, pode ter certeza que eu vou achar melhor saber da sua boca do que de terceiros.
Imperador: PORRA EU NÃO TENHO OUTRA, MAS QUE PORRA! –Estourei a ponto de chutar a roda do meu carro.
Fran: ENTÃO QUE PORRA ESTÁ ACONTECENDO BRUNO?
Catarina: Gente para com isso...
Fran: Não se mete Catarina. –Ela fuzilou a Cat com o olhar e depois me fuzilou-. Bruno pelo amor de Deus, eu não vou ficar aqui correndo atrás de você todo santo dia, para você cagar e andar para mim. Eu sei que você é um homem importante, que você tem coisas para fazer. Mas e todas aquelas promessas de amor? O Bruno que eu comecei a namorar não é esse Bruno frio e vazio. Você me deixa sem ter como agir, com o coração confuso. Eu odeio essa ausência, odeio dormir e ao acordar ver que você nem respondeu minhas mensagens.

Imperador: Eu estou dando duro para proteger você e os meus, morena. Eu só te peço paciência, eu prometo que tudo vai se resolver. –Me aproximei dela e olhei firme em seus olhos. Sequei as lágrimas dela e beijei o topo de sua testa.
Fran: Se me proteger tem como consequência a sua distância, eu prefiro não ter proteção nenhuma.
Imperador: Um dia você vai entender.
Fran: Me explica agora, Bruno. Eu sou sua mulher, eu mereço uma explicação.
Imperador: Eu preciso voltar para o morro, deixei o Russo sozinho.
Fran: Vai lá então. –Ela se afastou e secou suas lágrimas.
Imperador: Amor?
Fran: Vai Imperador, vai fazer o que você tem para fazer.
Imperador: Posso te buscar pra gente ir para o baile?
Fran: Pode sim. –Ela forçou um sorriso e quando fui para beijá-la ela retribuiu com um beijo sem vontade. Minha vontade era de sentar e chorar ali mesmo na frente dela.
Imperador: Posso te pedir uma coisa?
Fran: O que?
Imperador: Não vai para a casa do seu irmão.
Fran: Claro, eu não vou para a casa dele. –Ela prendeu seu cabelo e disse com a voz estranhamente pacífica-. Mas eu posso te pedir uma coisa?
Imperador: Pode pedir o que você quiser amor.
Fran: Eu só te peço que você me valorize. Se fosse a Thalita ou a Manu, ou qualquer mina interesseira que dá em cima de você acharia tudo isso normal. Nem sequer desconfiariam ou reclamariam. Apenas pegariam seu dinheiro, iriam sentar o cu na sua moto junto com um sorriso safado no rosto e daria a xota para o primeiro que aparecesse. Se eu reclamo é porque eu te amo, no dia que eu permanecer em silêncio fique sabendo que é porque eu parei de me importar. –A voz mansa e afiada da Fran foi como mil agulhas ao mesmo tempo no meu corpo. O olhar convicto da Fran foi o que me matou por dentro. Eu mais do que todo mundo odiava aquela situação. Troquei olhares com a Catarina e ela me desaprovava, tanto que ela já havia tirado satisfação comigo a respeito disso juntamente com a minha mãe. Eu fiquei quieto, não tinha forças para dizer mais nada.
Catarina: Vamos embora, amiga. Não tem mais nada o que você possa fazer aqui. –Ela pegou a Fran pelo braço-. Conheço a peça por 20 anos. –Ela foi levando a Fran até o carro e rapidamente a Catarina seguiu descendo o morro com a minha menina...
Entrei no carro e soquei tanto o volante que chega que um corte em processo de cicatrização abriu novamente. Voltei para o meu morro puto, quando cheguei na boca topei com o meu pai logo na entrada.
JR: Qual foi Imperador?
Imperador: Eu estou puto.
JR: Só vive assim ultimamente né.
Imperador: Será por que né? As pessoas não param de me sugar.

JR: As pessoas não te sugam, você que se enrola na missão.
Imperador: Eu acabei de ter uma briga feia com a Franciellen e sinceramente? Eu não estou com saco.
JR: Conta pra ela porra!
Imperador: Eu não vou contar caralho nenhum pra ela. Eu não vou arriscar tudo assim.
JR: Você vai perder ela assim, Imperador. Para de ser cabeça dura e me ouve.
Imperador: Se o Tota descobre o que a gente sabe ele vai pegar a Fran, eu tenho certeza disso. Pai você mais do que ninguém sabe como é essa dor. Então não me pressiona.
JR: A Franciellen já perdeu coisas demais, não seja mais uma coisa que ela perdeu. –Ele saiu andando-. Abre teus olhos, Imperador.
Eu estava com a cabeça cheia, subi no terraço da boca e ali fiquei fumando um charuto. Lembrei logo da vez quando eu peguei o fichário dela e fiz com que ela viesse aqui. Aos poucos uma enxurrada de momentos ao lado da Fran invadiu minha mente. Olhando as nossas fotos juntos, eu senti o peso da minha mentira cada vez mais afastando nós dois.
Russo: Mano? Mano você está me ouvindo? –Olhei assustado pra ele-. Qual foi cara, to te chamando um tempão.
Imperador: Foi mal viado, estava com a mente fechada aqui.
Russo: Problemas no paraíso?
Imperador: Você ta ligado em tudo.
Russo: Brigaram?
Imperador: Brigamos.
Russo: A Fran está preparada, Imperador.
Imperador: Ela não está, Russo. Eu sei que não está.
Russo: E quando vai estar?
Imperador: Ela não tem mais o pai, a mãe dela nunca sequer fez o papel de mãe, o padrasto fudeu com a vida dela e agora o irmão é um mentiroso. Tem noção o que é isso? A Fran só tem 17 anos.
Russo: Ela cresceu mais do que nós dois juntos, irmão. Ela sabe se virar e ela ganhou uma família irmão. A Fran está cada dia mais mudada, eu converso com a Luana direto e ela fala que a Fran evita falar em você. Sabe por que ela evita? Porque dói mano. A gente evita o que machuca. Você é o único que ultrapassa as barreiras dela, não espera outro fazer o papel que deveria ser teu.
Imperador: Como eu sou burro. –Levantei rapidamente e chutei a cadeira pra longe.
Russo: Tu é burro mesmo, a orelha ta até crescendo.
Imperador: Vai se fuder.
Russo: Malandro como que eu sei que tu é, dá um trato na morena.
Imperador: Ela ta com raiva.
Russo: Tenta mano.
Imperador: Eu vou tentar, pode deixar. –Depois fomos lá pra baixo porque não somos vagabundos.

2º TEMP - Todo vilão, tem sua donzela !Onde histórias criam vida. Descubra agora