Red Carpet V

2.3K 345 159
                                    

— Estamos sendo seguidos.

MWO?! — Alterei a voz involuntariamente, após, também num ato involuntário, inclinar meu corpo para trás, por conta do susto.

— Aquela BMW preta — o motorista explicava, nos olhando pelo retrovisor —, está nos seguindo desde quando saímos do evento.

Kim Nam Joon e eu viramos ao mesmo tempo para conferir o tal veículo suspeito pelo vidro traseiro.

— Tem certeza disso? — perguntou.

— Plena, infelizmente… 

Antes de dar brechas para demonstrações de qualquer possível desespero precoce, centralizei toda minha concentração mental a fim de ser a mais realista e menos pessimista possível, para tentar achar uma explicação óbvia e, a princípio, despreocupante: — Talvez seja só uma coincidência. Eles podem estar indo para um lugar perto do nosso, ou até o mesmo bairro. — Ergui os ombros, na intenção de passar certa tranquilidade. — Isso não é tão impossível de acontecer.

— É uma possibilidade… — Kim Nam Joon comentou após analisar minhas palavras por alguns segundos. — Acho que não tem nada com que se preocupar.

— Desculpe — disse o motorista —, mas ainda acredito que estão nos seguindo. Me certifiquei disso antes de avisá-los. — O garoto ao meu lado desligou a música pop do ambiente, o que elevou a tensão do clima. — Claro, seria uma possibilidade eles estarem indo para o mesmo lugar ou algo próximo, mas descartei isso quando percebi que faziam de tudo para ficar no máximo a três carros de distância, como se não pudessem nos perder de vista. Quando desconfiei, diminuí a velocidade, deixando que os automóveis atrás nos ultrapassassem, o que realmente aconteceu, menos com a BMW. Eles não fizeram nada, nem um sinal com o farol, foi aí que tive plena certeza. Daí, aconteceu algo mais suspeito: eles diminuíram ainda mais a velocidade, como se tivessem percebido minha desconfiança e, para disfarçar, ficaram um pouco atrás, mas claro, não o bastante para nos perder de vista. E aí estão, até o momento.

Kim Nam Joon àquela altura estava enrijecido no banco com os olhos extremamente abertos, sem piscar nem por meio milésimo de segundo de duração. 

Minha respiração pesou, mas ignorei a covardia do próprio corpo. Elevei novamente a concentração para pensar em outra possibilidade, uma segunda tentativa que pudesse nos trazer alívio: — Será que podem ser os meninos, ou algum deles?

Kim Nam Joon voltou a olhar para a suspeitosa BMW fosca: — Aniyo… — Franziu os lábios, balançando a cabeça. — Todo mundo foi de limosine, e eu acabei de trocar uma mensagem com o Yoon Gi, ele disse que estão todos lá.

Cruzei forte os braços contra meu corpo para não autorizar a saída dos primeiros sinais de medo, os obrigando a se conterem apenas em meu interior.

A terceira tentativa de pensar em uma possibilidade aliviadora foi totalmente frustrada. Tudo que subia à mente, não era lá muito consolável, e impossível de se evitar: desespero, medo, pânico, gritos, sangue, morte… morte.

Respirei o mais fundo que podia, lutando contra a tendência pessimista e agoniada de se alastrar ainda mais.

Enquanto isso, o silêncio reinava e ninguém sugeria qualquer saída. 

Assim, sem pensar, coloquei o pior à tona: — Temos suspeitas suficientes para acreditar que são sequestradores.

Kim Nam Joon me encarou — mais pálido que o normal; o motorista fez o mesmo, pelo retrovisor. Talvez eu tenha sido muito direta com as palavras.

— Consegue despistá-los? — perguntou ao motorista.

— Essa rodovia não tem saída nos próximos mil metros. É impossível despistá-los agora.

— E depois que entrarmos na próxima saída?

— Acredito que consigo. — O chofer olhou pelo retrovisor novamente. — Podem ficar tranquilos, quem quer que sejam e seja lá quais forem suas intenções, eles não poderão fazer nada aqui, nessa rodovia movimentada.

— Se não conseguir despistá-los, vou chamar a polícia — avisei, e nem uma respiração sequer veio como resposta. Se houvessem grilos na limusine, eles seriam os únicos a interagirem comigo naquele momento. 

E como se esquecesse de me reprimir, abri a boca, dando continuidade aos meus pensamentos em voz alta: — A não ser que eles queiram que estejamos exatamente aqui. Mercenários altamente treinados conseguem facilmente fazer um sequestro rápido e bem-sucedido, com um plano meticuloso. Podem ter sido contratados por algum poderoso para chantagear informações do governo, ameaçando… 

Fui interrompida pela mão inacreditavelmente gelada do garoto ao tocar meu braço: — Ana, por… por favor… — implorou, com a voz falha.

— Ou podem ser sasaengs… — murmurei, tentando minimizar a questão dos mercenários.

Kim Nam Joon deslizou sua mão gélida até a minha.

— Se segurem, vou acelerar agora — o motorista avisou pouco tempo depois. 

Fomos jogados para o lado esquerdo do carro, por conta da curva indelicada que ele fez quando pegou a saída da rodovia.

— ELES VIRARAM! AISH! — Kim Nam Joon esbravejou.

Tínhamos então a certeza absoluta de que estávamos sendo seguidos. O motorista dobrou numa avenida, e quando  achei que tinha dado certo, o maldito carro apareceu ao fundo. 

Num ato desesperado, o condutor entrou novamente em uma rua deserta e virou à esquerda precisamente logo em seguida. Assim, ele seguiu acelerando até o final desta segunda rua que dava em outra avenida, esta bem movimentada, que nos dispersou em meio aos outros automóveis.

— Está apertando a minha mão, isso dói — reclamei.

Miane… — Soltou de uma vez.

Disfarçadamente me apalpei, só para ter certeza que ainda vivia, que estava sã e que tudo aquilo era real.

— Acho que consegui! — o motorista exclamou com um leve sorriso vitorioso nos lábios.

Ne… Nem sinal deles — o outro se certificou, olhando pelo vidro traseiro. — Não acho que seja seguro irmos para casa agora... — disse, após ficar pensativo por um tempo. — Vamos aguardar um pouco.

— Aguardar…? Espero que ao dizer "aguardar", você não queira dizer "ficar passeando por aí até o amanhecer".

Ani, não é isso o que quero dizer… — Sorriu. — Ahjussi, vire na próxima à direita, conheço um lugar aqui perto.

O motorista seguia as instruções do passageiro. De vez em sempre, checamos nossa retaguarda, certificando de que não havia nenhuma BMW na escuridão. E, realmente, nem sinal.

Eu já conseguia respirar sem nenhum peso, entretanto, ainda havia o apertar bizarro no peito. Então apertei as pálpebras, numa tentativa incerta de fazer o primeiro aperto desaparecer, mesmo sabendo que quando ele aparecia, não costumava sumir tão rápido.

 Então apertei as pálpebras, numa tentativa incerta de fazer o primeiro aperto desaparecer, mesmo sabendo que quando ele aparecia, não costumava sumir tão rápido

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

♥️

Bangtan e EuOnde histórias criam vida. Descubra agora