Ri de mim mesma por ter escolhido vestir uma das peças mais cobertas do closet, de propósito. De frente para o espelho, fiquei vendo como o jumpsuit de crepe Dior se comportava em meu corpo. Seu decote canoa não revelava mais do que devido, o comprimento até um pouco antes dos tornozelos contornavam levemente a silhueta e, complementando com uma sandália básica de saltos médios, ela ficava até mais alongada. Cobri os ombros à mostra com os cabelos, num meio preso lateral. Os brincos grandes traziam um ponto de luz dourado em meio a tantas cores fechadas.
- Você por acaso quer me matar? - Park Ji Min começou, assim que bati a porta do táxi.
- No sentido literal da palavra... provavelmente - respondi, esticando o sinto de segurança, enquanto sua risada abafada me fez revirar os olhos.
Seu perfume forte exalava por todo o carro. Vestia uma calça preta tão justa que me perguntava como ele conseguia se mover. A camisa de manga longa azul marinho tinha um tecido fluido. Os botões perto do colarinho não estavam abotoados, o que era, ao meu ver, um tanto desnecessário. Seu rosto, coberto por uma máscara preta e óculos escuros.
Em uma plena quarta-feira e a boate em Gangnam, lotada.
- Quanta boemia...
- E você no meio! - provocou.
Com tanta escuridão, as luzes coloridas piscantes ofuscaram meus olhos, como se dançassem enlouquecidamente, ao compasso de Bang Bang Bang*.
- Vem! Vamos beber alguma coisa! - Park Ji Min puxou meu braço, saindo em disparada até o balcão extenso do bar.
- Por favor, o drink mais forte da casa! - me sentei no banco alto quando ouvi o grito direcionado ao barman, que após assentir, olhou para mim, esperando por algo.
- Água, por favor.
Um soco em Park Ji Min o deixaria numa feição melhor do que aquelas palavras.
O drink mal tocara em seus dedos, e já quase não existia dentro do copo. A máscara abaixada no queixo e seu encarar decepcionado por baixo dos óculos em minha direção não saía de cena.
- O que foi, alcoólatra? Esperando fazer efeito? - Ele me respondeu apenas por, num gole só, acabar com o restante da destilada, batendo com força o copo sobre o balcão. - Ya, vai com calma. Se começar a dar trabalho, te deixo aqui sozinho - ameacei, enquanto degustava a água em minha disposição.
- Aigoo... Você ia mesmo deixar seu oppa aqui sozinho?
- Paga pra ver.
O garoto apenas levantou uma das sobrancelhas.
- Garçom! - gritou novamente, sem tirar os olhos de mim. Aquilo era claramente um desafio.
- Aish, esse babo... - Suspirei e, numa medida desesperada, o puxei até a pista de dança.
Fiquei parada, esperando uma reação dele, mas tudo o que sabia fazer era me olhar como se tivesse visão de raio-x.
- YA! SE MEXE! - gritei em seu ouvido, por causa da zoada ensurdecedora que as pessoas dançavam.
- VOCÊ PRIMEIRO!
- ACHA QUE EU SEI DANÇAR AO SOM DESSE BARULHO!? FAZ ALGUMA COISA QUE EU TE IMITO!
O sorriso que saiu dos seus lábios foi o mais maldoso que já vi em toda minha vida. E foi aí que Park Ji Min ostentou todo o seu talento, fazendo movimentos e sequências tão complexas que eu duvidaria da realidade se não estivesse assistindo tudo à meio metro de distância.
- CONSEGUIU PEGAR? - perguntou quando decidiu parar seu show, passando a mão pelo rosto e interrompendo o trajeto duma pobre gota que escorria pela sua boca.
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Bangtan e Eu
FanfictionExistem várias estratégias para lidar com conflitos e sentimentos. Para Ana, fugir e ignorar são as que melhor funcionam. Fechada e cheia de segredos, sempre evitando novas amizades e preocupada com as consequências de suas ações, se Ana ao menos im...