Nenhuma Besteira

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Quando a BMW arrancou, sumiu logo de vista. 

Kim Nam Joon estava parado no mesmo lugar, com as duas mãos na cabeça. 

E eu...

No momento ignorava cogitações; a excluir o fato de Kim Nam Joon, um homem com mais de dez primaveras coreanas em cada perna, líder do boygroup de Kpop mais famoso internacionalmente, não mensurou esforços em jogar...

Aish! — Fiquei de pé, sem dar importância à forma no mínimo ridícula em que caminhava, metade descalça, metade calçada.

Desfilei até a limusine com o rosto mais faceiro e radiante que se poderia ver na Coreia do Sul. Após o descongelamento do senhor taca-sapatos, o tal resolveu entrar no veículo, batendo a porta em silêncio.

O olhar do chofer pelo retrovisor me convenceu de que nem meu rosto faceiro e radiante, nem o do que estava ao lado apresentavam-se receptivos à perguntas.

— Aconteceu alguma coisa? — ele ainda assim perguntou.

— Estamos bem. Vamos deixar a Ana-ssi em casa — disse Kim Nam Joon.

— Não consigo acreditar... — murmurei.

— Disse alguma coisa?

— O sapato que você jogou naquele... Aish! Ele era importante...

— Aquele ahjussi?!

Suspirei: — Era um autêntico Christian Louboutin! E você jogou fora como se não fosse nada.

— Ah, entendi, o sapato. Miane... Amanhã mesmo compro um novo para você, tudo bem? Fiquei tão nervoso que nem me dei conta do que fiz...

— Não dá para substituir.

— Era algo especial? Como um presente? — Inclinou o rosto na minha direção.

Sobrecarreguei-me de ar até não poder mais, soltando depois, aos poucos, até que sobrasse apenas o vácuo, que por sua vez pedia desesperadamente por mais oxigênio.

— Esquece.

— Ana-ssi

— Kim Nam Joon-ssi… — pronunciei seu nome o mais lento possível, tentando, com toda razão que ainda me restava, não desvairar de vez. — Nam Joon-ssi… Tudo que eu preciso agora é de silêncio. Estou realmente me esforçando muito aqui, para não acabar desviando a atenção desse pobre motorista que com certeza deve ter uma família esperando seu retorno. Então ele precisa dirigir bem. Por favor, vamos valorizar nossas vidas. Sei que precisamos conversar sobre o que aconteceu há pouco, mas, vamos deixar a  bomba explodir primeiro, para depois decidir as estratégias do resgate.

— Não seria melhor evacuar a área logo de uma vez, antes que a bomba explodisse?

— Não dá tempo... — esbravejei, de dentes cerrados, voltando a atenção à janela. — Só… só me deixa esfriar a cabeça, foi…  o que eu quis dizer.

Seguimos viagem na companhia da calada mais quieta que poderia existir. Era o que bastava para eu conseguir me esquivar um pouco da angústia até que o sol raiasse.

— Boa noite. Amanhã conversamos… — disse simplista, enquanto o automóvel estacionava na porta de minha residência. 

 A cada milésimo de segundo, Kim Nam Joon verificou se ainda nos seguiam. Mas o paparazzi tinha coisas mais importantes para se preocupar, como, por exemplo, uma possível fratura nas vértebras, ou, quem sabe, talvez, editar as fotos da exclusiva para o dia seguinte.

Bangtan e EuOnde histórias criam vida. Descubra agora