Ensaio Frustrado

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— O que quer insinuar?

— Eu sei que você foi no baile por causa do Jin. Tshh... Você gosta dele? Não precisa responder, eu sei que você gosta dele.

Mwo!? — Enruguei tanto o rosto que foi difícil desfazer. — Você é igualzinho ao Nam Joon… — Mudei minha feição, dando lugar a uma risada modesta e profundamente sarcástica.

Wae? — Ele virou o rosto para mim, estreitando os olhos, como se estivesse mirando minha próxima resposta, pronto para rebatê-la.

— Sempre apela para a chantagem emocional quando o plano A não dá certo.

— Mas ainda assim é verdade... — Suspirou, mirando os próprios pés.

A imensa necessidade de me abraçar às próprias pernas se fez presente; não a ignorei, logo colocando as vestidas de moletom para cima, encolhendo em meus braços.

— Quer saber a verdade? — perguntei em tom sério, olhando, sem piscar, o nada à minha frente enquanto encolhia as pernas no sofá.

Min Yoon Gi respondeu com o silêncio.

— Fui pelo Jin, admito. Não me perdoaria se tivesse deixado a Kang Mi Cha fazer o que tinha em mente naquele tapete.

— Como é que é? — ouvi a voz rouca perguntar, mas não consegui mirar o rosto.

— Suspeitava de que ela estaria aprontando alguma, mas não tinha certeza. Por isso, resolvi apenas observar o que acontecia. Fui à casa dela a trabalho e antes de entrar no quarto, ouvi uma conversa no mínimo estranha… Kang Mi Cha dizia algo sobre vingança, planos… E antes de revelar que beijaria o Jin de surpresa no tapete, ela disse algo muito inexplicável…

— B-beijar? O quê!? O que ela disse? — ele insistiu quando eu pausei as palavras.

— "Se isso fosse capaz de matá-lo, eu poderia ser mais feliz".

Mwo!?

— Ainda consigo ouvir a voz dela falando… Foi exatamente isso que ela disse.

Aish, como assim? Por que estava escondendo uma coisa dessas?

— Eu não estava escondendo, só… procurando um jeito de ter certeza antes de sair acusando por aí. Apesar de tudo, ainda tem uma grande chance de eu ter ouvido errado. Além de ser uma acusação para lá de séria. Aigoo, ela pode ser uma louca tramando um assassinato por vingança para cima dele sabe-se lá o porquê, ou só alguém querendo roubar atenção… Aish, estou a ponto de enlouquecer com tudo isso.

— Não importa qual é a intenção. Você deveria ter contado! 

Apoiei o rosto no topo das minhas pernas ao ouvir sua voz se alterar gradualmente. 

— Você tem que contar para o Jin.

— Eu não quero fazer isso — respondi com a voz abafada.

— Mas vai.

O toque dos seus dedos alisaram meu braço tão leve, que minha pele respondeu com arrepios.

Não dissemos mais nada à respeito. 

— Ana… Precisamos de você na entrevista, por favor… — insistiu, deixando meu braço livre do seu contato.

Miane. Já tomei minha decisão. — Ergui o rosto, conseguindo olhar para ele. — Não vou voltar atrás desta vez.

Eu realmente nunca daria as caras naquela ou em qualquer outra entrevista. Seria hipócrita da minha parte. Entraria em uma contradição comigo mesma. Num primeiro momento, ameaço todas as emissoras com um suposto processo por invasão de privacidade e num segundo, apareço rindo às quatro câmeras, dando satisfações e informações inúteis da minha vida pessoal para qualquer quem que quiser saber.

Aish… Às vezes essa sua resistência me tira do sério. Quer saber? Vou indo. Já que não vai ceder, não tenho mais o que fazer aqui. — Saiu sem olhar para trás e foi direto para a porta.

— Min Yoon Gi-ssi… — Ele ficou parado por um pouco após ouvir o próprio nome, depois se virou, colocando as mãos nos bolsos. — Vocês conseguem, não precisam de mim para isso, é  melhor assim. Só quero que tudo isso acabe e essas pessoas me deixem em paz…

— Fique bem, Ana-ssi. — Fez uma curta reverência, sem expressões faciais. — Amanhã o hyung vai estar livre à noite, eu acho. Tem que contar a ele o mais rápido possível, a responsabilidade é sua. Boa noite… — Novamente se curvou rápido e foi embora.

Eu estava encurralada. 

Teria que contar tudo. A mera reprodução do rosto triste do Kim Seok Jin na minha imaginação, de imediato me dava calafrios e me esfriava o estômago.

Até o dia seguinte, ensaiei incansável meu método de abordagem. Sussurrei sozinha, avaliei expressões faciais diante do espelho, pensei em como agir se caso ele chorasse — talvez apertasse seu ombro, ou alisasse seu braço como Min Yoon Gi fez comigo. 

No primeiro contato, seria melhor sorrir para passar tranquilidade ou transparecer logo de uma vez o pesar e a preocupação? 

Sonhei que Kim Seok Jin não acreditou em nada do que eu disse e Kang Mi Cha aparecia me dando um tapa.

Depois de tanto raciocinar, tudo o que tinha preparado era a  introdução.

— Bem, Jin… Olha… — treinava na frente do retrovisor, aproveitando o pequeno intervalo que o semáforo proporcionou. — Ou será que ficaria melhor se trocasse a ordem? — perguntei ao pequeno espelho. — Olha, Jin… Bem… — Estreitei os olhos, suspirando em desistência. — AAH! — Descontei a frustração no pobre volante, que buzinou de dor, enquanto o motoqueiro na minha frente olhou torto para trás.

Ji Young chegou histérica na sala, exclamando com toda a felicidade: — Sua agenda está lotada  até o fim do mês!

— Ótimo, pelo menos posso pagar as contas até o fim do mês… — respondi, com o celular na orelha.

Aigoo, Ana-ssi! Pelo menos veja o lado bom: Todos são clientes novos, e vieram por causa da sua popularidade! Isso é ótimo!

Ignorei aquela felicidade, me concentrando na ligação em andamento.

Ana-ssi!

— Bem, Jin… Olha… Q-quer dizer… Olha, Jin… Bem…

— JIN!? Oh my God, OH-MY-GOD! — Ji Young se esqueceu que estava em local de trabalho e perdeu completamente a compostura, quase correndo em minha direção para tentar ouvir a conversa.

Você está bem?

— Ãn… Ne! Estou ótima, e você?

Eu também. Na verdade, acordei mais bonito essa manhã...

— Ah… Que bom então…

Ne...

Ne...

Você quer me dizer alguma coisa?

Ani! Quer dizer, quero! Vamos sair para jantar hoje. Vá sozinho. — Finalizei a chamada num impulso.

— O quê que foi isso? 

— Ji Young-ssi… 

— Ji Young-ssi… 

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💜.

Bangtan e EuOnde histórias criam vida. Descubra agora