Existem várias estratégias para lidar com conflitos e sentimentos. Para Ana, fugir e ignorar são as que melhor funcionam.
Fechada e cheia de segredos, sempre evitando novas amizades e preocupada com as consequências de suas ações, se Ana ao menos im...
— Noona… — Jeon Jung Kook disse sério. — Parece que você teve um tempo difícil com o seu abeoji. Aqui nem sequer tem um prato ou uma panela. Parece que você simplesmente pegou tudo o que tinha no seu quarto e fugiu…
SN respirou fundo e desistiu de tentar mais um disfarce ou qualquer outra desculpa que certamente não convenceria o rapaz.
— Você tá certo, Jung Kook-ssi, eu me mudei às pressas, assim que pude, e não foi para ficar mais perto do trabalho, mas para ficar mais longe do meu abeoji… — SN abaixou as vistas para impedir aquelas lágrimas precoces que já insistiam escorrer sem sua permissão. — Miane… — Se levantou, dando as costas ao garoto.
Quando Jeon Jung Kook pensou em se erguer do chão, o celular tocou no bolso da calça jeans da garota, o fazendo desistir.
Ao conferir quem chamava na tela, SN estremeceu, e o rapaz à sua frente a encarava, preocupado.
— Appa… — ela atendeu falando. — Quero muito que o senhor conheça meu apartamento, mas, por favor, venha depois… Eu estou com visita e…
— Yeoboseyo? S... N-ssi?
— Ne!? — assustou-se ao ouvir uma voz completamente diferente da de seu pai, assim reagindo com um pequeno espasmo que redobrou a atenção de Jeon Jung Kook àquela conversa.
— Aqui quem fala é a polícia. O dono deste celular é seu pai?
— Ne, mas o que…
— Sinto pela notícia. Ele foi atropelado e não resistiu, indo à óbito no local do acidente. Segundo relatos de testemunhas, ele caminhava pela rua alcoolizado e atravessou a faixa de pedestres enquanto vários carros transitavam em alta velocidade.
SN ouvia as instruções do policial olhando para Jeon Jung Kook, à medida que o desespero tomava conta de suas íris, cada vez mais.
Ao término da ligação, à medida que lentamente abaixava a mão que segurava o aparelho, ela dava passos atrás, sem ao menos se dar conta, até que encostou na parede do pequeno balcão que dividia a cozinha estreita, da sala. Em choque, sem tirar os olhos extremadamente abertos de Jeon Jung Kook, SN foi escorregando suas costas pela parede e sentou no chão.
— Noona… — Ele se levantou rápido e foi ao seu encontro, ficando de joelhos perto dela.
Aos poucos, a realidade voltava seca e insensível nos pensamentos de SN. Mas aquela realidade não lhe parecia real…
— Jung Kook-ah… — Ao passo que as palavras saíam, essa dura realidade a forçava ao choro, pois espancava seu coração sem qualquer piedade ou empatia. — Jung Kook-ah… Eu realmente vou ficar mais longe, Jung Kook-ah, eotteokhe…? Ele vai ficar mais longe! Eu não queria tão longe, eu não queria tanto…
Enquanto SN pranteava desesperada, Jeon Jung Kook não teve outra reação se não a de puxá-la para si, para que seu peito secasse as tantas lágrimas e talvez, a leveza de seu coração pudesse entrar em sintonia com as batidas atordoadas e desenfreadas daquele outro — tão pequeno, tão frágil e maltratado—, e acalmá-lo. Talvez a serenidade pudesse ser mais forte que a realidade apertando aquele coração.
Na pequena sala, após poucos minutos, apenas soluços de choro abafados ecoavam. Mas só SN podia ouvir aquela respiração tão suave e aquecida indo parar direto em sua orelha esquerda, enquanto que a direita, magnetizada, contemplava a pulsação tão serena e confortável; o compasso e a sincronia dentro do corpo de Jeon Jung Kook soavam perfeitos, como um arranjo complexo e profundo em sua simplicidade. Aquilo era como música, magia em seus ouvidos.
— Vou ficar ao seu lado, noona. Eu sinto muito…
⚫⚪⚫⚪
Algum tempo depois…
— Nem acredito que hoje é praticamente o último dia de férias… — Kim Seok Jin comentou, largado no sofá, comendo salgadinho e entediado com os programas de variedade na TV.
Jeon Jung Kook saía do corredor trazendo consigo um perfume que exalou por toda a sala.
— Vai aonde? — Jung Ho Seok perguntou.
— Hyungs, vamos no shopping com a SN? — ele respondeu com a pergunta, normalmente.
Kim Nam Joon, que digitava uma mensagem, pigarreou:
— Hoje? Hoje não dá pra mim…
Ele olhou novamente para a tela, conferindo o que havia escrito.
"Não está fazendo nada de interessante nesse domingo, está? Vamos em um lugar, é importante."
Depois de respirar fundo, finalmente teclou no botão "Enviar".
— Vamos, alguém vai comigo, por favor! Suga hyung, Tae Hyung-ah, Jin hyung?
— Aigoo… Só saio daqui pro aeroporto! Quero aproveitar meus últimos momentos antes da turnê deitado nesse sofá! — Kim Seok Jin respondeu, se agarrando em uma almofada.
Enquanto que Min Yoon Gi, tão conectado aos próprios pensamentos, sequer ouvia o que os outros tanto conversavam.
Kim Tae Hyung, levemente corado, coçou a cabeça:
— Hoje eu tenho… compromisso — disse disfarçadamente.
Quando a resposta que Kim Nam Joon tanto esperava chegou, fazendo vibrar o celular em suas mãos, após quase deixá-lo cair pelo susto, foi lê-la.
"E do que se trata?"
"É uma surpresa…" Kim Nam Joon digitou, cuidadosamente em seguida.
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