O cúmulo da imundície poderia rapidamente ser descrito em duas palavras: "minha" e "casa".Parecia que toda a poeira junto com a poluição do país se instalaram e impregnaram na superfície de todos os móveis e do chão. Antes mesmo de desfazer as malas, apesar de estar quase dando a hora do almoço, eu já estava com uma máscara no rosto, um coque na cabeça e o aspirador de pó na mão.
Tirei o pó de todo o chão da casa. Apenas isso e já havia uma imagem mais limpa no ambiente. Mas o trabalho estava longe de terminar. Peguei uma flanela na lavanderia e fui até a sala, a fim de tirar o pó da mobília.
De longe, a estante de livros era a que estava mais empoeirada. Além disso, alguns livros no meio da pilha não estavam alinhados da forma que eu costumava fazer. Estavam um pouco bagunçados, como se alguém (que não fosse eu), tivesse mexido ali.
Franzi a testa completamente, pensado nas mais absurdas hipóteses. Porém, não durou muito, pois a trupe chegara tocando a campainha repetidas vezes.— Olha só… — Pietra foi falando assim que abri a porta. — Quanta poeira! — Entrou, abanando a mão próximo ao rosto enquanto forçava algumas tosses cheias de frescura.
— Você emagreceu… — Vanessa comentou, enquanto Sofia me abraçava apertado.
— Gostei do cabelo — afastou um pouco o rosto para dizer, sem cessar o abraço. — Eu estava morrendo de saudades!
Sofia me deu espaço para que eu fechasse a porta.
— Achei que não fosse te ver antes de ir embora — a Fofa continuou.
— Como assim? — perguntei, abaixando a máscara que cobria meu rosto por conta da poeira.
— Vou voltar para o meu voluntariado médico em Moçambique.
— O tempo passou tão rápido que eu esqueci completamente…
Sofia passou a mão no sofá e se sentou:
— Tudo bem! Eu já estou tão feliz que o objetivo da minha viagem até aqui tem sido ótimo! — ela sorriu de dentes escancarados no rumo de Vanessa e Pietra.
— Objetivo…? — Ergui uma sobrancelha, sentindo uma pontada funda de desconfiança. Sofia e as outras estavam empolgadas demais.
A garota colocou fios imaginários de cabelo atrás da orelha — pois o rabo de cavalo no alto de sua cabeça estava tão bem feito que sequer nenhum fio se desgrudara dali.
— Objetivo, ué! — Vanessa gritou, meio desesperada. — Pra quê que a gente veio pra cá? Não foi pra fazer aquela viagem em Jeju? E não foi isso que a gente fez? Então, tá aí o objetivo…
— Tshh... fiasco de viagem… — murmurei.
— Foi a melhor viagem da minha vida, Aninha… — Sofia confessou.
— E quando você vai?
— Reservei o vôo para sexta.
— Que bom que cheguei à tempo.
— Aninha… — Sofia olhou as outras duas mais uma vez antes de continuar dizendo. — Eu vou passar bastante tempo dessa vez. E eu fico tão preocupada com você aqui… Pietra e Van também não vão ficar pra sempre.
— Não é como se eu não conseguisse viver sozinha. Fiz isso a minha vida quase toda. Você não tem com o que se preocupar.
— Mas você me promete que vai me prometer uma coisa? — pediu, com os olhos brilhando.
— Certo. — Tirei a máscara que estava presa embaixo do meu maxilar e cruzei os braços. — O que foi que vocês aprontaram dessa vez?
Pietra suspirou à medida que se aproximava:
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Bangtan e Eu
FanficExistem várias estratégias para lidar com conflitos e sentimentos. Para Ana, fugir e ignorar são as que melhor funcionam. Fechada e cheia de segredos, sempre evitando novas amizades e preocupada com as consequências de suas ações, se Ana ao menos im...