Red Carpet VI

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Mesmo com minhas córneas insistindo na visão da rua deserta sendo deixada às costas, não me convenci da pressuposta de segurança. Tinha aquela sensação de estar sendo perseguida.

— É aqui — Kim Nam Joon interrompeu meus devaneios, permitindo que eu desse conta da nossa localização, o que não aconteceu.

— Onde é exatamente... aqui? — Olhei ao redor através do vidro escuro. — Estávamos numa fuga agora há pouco, e você nos traz... nisso?  

Virei o rosto em sua direção. Kim Nam Joon Simplesmente concordou sorrindo.

— Não tem ninguém aqui — enfatizei. — Olhe ao redor! É inóspito!

Aigoo, Ana-ssi! Não tem mais ninguém atrás de nós! E, se estiver com medo eu te protejo! — Diminuiu o volume da voz ao dizer as últimas três palavras.

— Claro... Era eu quem estava pálida de medo agora há pouco.

Kim Nam Joon abriu a porta do veículo, autorizando a passagem fria da madrugada entrar. Os poros da minha pele se contraíram, e eu me encolhi de frio.

— Vem! — o garoto apareceu de repente, ao abrir a porta ao meu lado de uma só vez. — Quero te mostrar uma coisa. — Estendeu a mão.

— Espero que valha a pena. — Saí com a saia volumosa do vestido enroscando nas pernas, deixando a mão estendida do rapaz passear pelo vácuo.

Estávamos em um parque cheio de verde — que no momento se mostrava mais sombrio que sua cor vívida; vários bancos típicos de praça, pista de cooper, quiosques despovoados — apesar disso, tudo era bem iluminado —, a manta verde estendida pelo chão, cortada por alguns caminhos de paralelepípedos pequenos e, mais ao fundo, onde minha visão não alcançava, tive a impressão de que o solo nivelado terminava, como se fosse o início de um precipício. 

Fechei a porta do carro, e avistei Kim Nam Joon sentado em um dos bancos logo à frente.

— E aí, o que esse lugar tem de tão especial? — perguntei após alcançá-lo e sentei ao seu lado.

— Ah, eu vinha muito aqui... — suspirou cheio de nostalgia olhando um ponto fixo qualquer.

— Para?

— Pensar... 

— Em?

— Hum, coisas. — Ergueu os ombros, ainda encarando o nada com uma feição boba.

Okay... — Mirei na direção em que ele tanto olhava e só certifiquei a teoria de que, se Kim Nam Joon via algo, não era neste universo.

— Mas e você? — Em minha visão periférica, ele virava seu rosto para me olhar.

— Eu o quê? — E então era eu quem tentava me distrair com o incandescente de um vagalume que voava do outro lado da grama.

— Você sumiu hoje, Ana... Ficou desconfortável com alguma coisa, tenho certeza.

— Estava cansada. E agora... Nem sei como consegui caminhar até aqui.

— E eu nem sei como consigo fingir tão bem...

Mwo?

— Que acredito em você... É péssima mentindo, sabia?

Concordei mentalmente, e o silêncio se alastrou por um pouco.

— Kai me contou tudo que aconteceu... — sorriu abafado.

Arregalei tanto os olhos que pensei que fossem saltar das órbitas, mas contive a expressão de surpresa antes que Kim Nam Joon a percebesse: — Ele esbarrou em mim — respondi simplista, encarando a grama. — Ou eu nele.

Bangtan e EuOnde histórias criam vida. Descubra agora