Jeju Island III

1.3K 173 121
                                    

— Por favor, continue o que estava fazendo…

Pietra e Vanessa viravam pescoços ora aos inconvenientes, ora a mim, que tratei de subir as calças, continuando de pé e em silêncio.

— Eu sou muito, mas muito fã de vocês! — Sofia resolveu se declarar, de olhos vermelhos por conta do choro. — Eu… Eu sou Army desde que me tornei uma fã… Desde sempre! E… Eu amo vocês!

Despenquei o traseiro na espreguiçadeira, passei as mãos pela testa e deixei que tampassem meus olhos. Talvez eu estivesse apenas dormindo…

— Oi, eu sou o Jin! — o outro exclamou num tom absurdo de empolgação, estampou os dentes na mesma leveza em que se abre uma cortina pela manhã, deixando a luz branca tomar o ambiente.

— Aham… — Sofia confirmou de boca aberta, observando o garoto como se fosse um pedaço de torta confeitada; dava para imaginar gotas e mais gotas deslizando lentamente de sua boca até o queixo, ainda bem que ela ao menos pode controlar a própria saliva.

Logo a apresentação de Kim Seok Jin encorajou  os outros seis a fazerem o mesmo.

— Achei que nunca fosse conhecer vocês — Vanessa soltou um sorriso curto na duração, mas quase infinito na quantidade de sarcasmo.

Annyeong, Ana-ssi… — Kim Nam Joon cumprimentou. Ao menos não teve a audácia de sorrir como um cínico, vulgo Park Ji Min. Ao contrário, lançou um olhar centrado que só não foi totalmente sério por causa da presença das brasileiras, que ainda não entendiam qual exatamente era o clima daquela situação desnecessária.

Como resposta, não controlei a expressão incrédula no rosto. Balancei a cabeça em desaprovação, focando o mar em seguida.

Nem o direito de espairecer as próprias mágoas seria possível nas minhas condições. Pensei que a resposta final do manager seria o ultimato de todo esse episódio.

— Preciso falar com você — ele continuou —, a sós.

Kim Seok Jin pigarreou propositalmente alto: — Bem ali… — Apontou para o além das escadas. — Tem um restaurante muito bom. Vocês, por acaso, aceitariam almoçar junto com a gente?

Os olhos de Sofia instantaneamente foram substituídos por duas pedras de diamante; ela as usou no rumo de Pietra, e juntando suas duas mãos numa imploração tamanha, era como uma criança grunhindo "Deixa, deixa, vamos só dessa vez!". Pietra, cheia de sutilezas, desviou o olhar para Vanessa; tiravam conclusões e discutiam a situação apenas com tal recurso. Plena, movimentou as íris claras até mim, que ainda encarava o mar numa linda feição de contentamento e bom humor.

A garota abaixou, com a ponta do dedo, seu Chloé de armação dourada: — Com fome, querida? — perguntou à Vanessa, sugestiva.

— Varada! — a outra exclamou em português e se apressou em arrumar o pareô que vestia. Em seguida, se curvando no rumo de SN, que apenas observava sentada na areia, estapeou de leve suas costas, fazendo-a levantar. Pietra se ergueu da espreguiçadeira e desencarcerou Sofia de sua "paralisia Army", desencadeada dessa vez por uma das pálpebras de Park Ji Min, num breve piscar em sua direção.

Concentrada na paisagem, eu me forçava a não dar vazão àquela indignação súbita e inconformável que, da última vez em que teve sua liberdade, arrastou o desastre junto consigo. Deixar os sentimentos fluidos sempre me arrastou ao desastre — levando junto quem ou quantos estivessem perto —, não importa o quão sincero, espontâneo, ou destrutivo pudesse ser…

— Dá para ver que você está com muita… raiva… agora… — Kim Nam Joon, num tom baixo, quase soletrou, sincronizando as palavras com os passos que dava lentamente em minha direção. — Posso sentar? — Inclinou-se, colocando a mão no espaço que sobrava da minha espreguiçadeira. — Vou sentar… okay? — Hesitante, sentou bem devagar, como se uma fera fosse atacá-lo por causa de um movimento brusco. — Como… como se sente nessas últimas semanas? Depois… do que aconteceu?

Bangtan e EuOnde histórias criam vida. Descubra agora