A Surpresa

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— Querida…? Está dormindo?

A porta rangeu alta e vagarosamente à medida que Pietra a abria.
Ana de fato estava deitada, mas seu olhos assistiam ao teto, atentos. Ela os moveu na direção da Patricinha, mas não disse nada.

— Trouxe uma surpresa! — Pietra avisou, se escondendo atrás da porta, mostrando apenas o rosto.

— O que…

— Mas ora essa… É uma surpresa, não um boleto vencido! Vamos, quero ver uma expressão mais entusiástica — insistiu, ainda fazendo todo o suspense atrás da porta. — Garanto que não irá se arrepender.

Mesmo a garantia não fora o bastante para fazer com que Ana saísse da cama. Ela apenas observava as ações da outra.

— Ao menos tente mostrar qualquer empolgação quando eu mostrar! — Pietra suspirou. — Ah, tudo bem, estou entrando…

Se equilibrando em apenas um dos saltos rosa-goiaba, com o outro pé, ela chutou levemente a porta, revelando o que segurava nas mãos com uma considerável dificuldade: a antiga máquina de costura portátil que a falecida mamãe tanto tinha apego.

— Co-como é que você…?

Ana sentou na cama no mesmo momento, de olhos arregalados.

— Essa reação foi espontânea?! Oh, céus, que alívio! — Pietra se aproximou. — Onde coloco? Está pesado… — Sem esperar uma resposta, ela pôs o aparelho sobre a mesa velha que era usada como escrivaninha.

Ana não desviava as vistas daquela máquina. Estava congelada, pensativa.

Pietra sentou ao seu lado na cama, sem nada dizer, somente analisando o comportamento da amiga.

— Achei que eles tivessem vendido ou se livrado de tudo o que tinha na casa — a congelada enfim comentou.

— Porém, não tiraram um alfinete sequer do ateliê de sua mãe. Pensei em trazer a máquina para que você possa aproveitar melhor o tempo. Até porque, minha querida, as suas roupas… — Pietra balançou a cabeça, exagerando desapontamento. — Vai ficar tudo bem, vou ajudá-la a encontrar seu estilo pessoal, e então poderá fazer suas próprias peças! Temos que sair para escolher os melhores tecidos… — Ela sorriu, animada em sua imaginação, mas Ana ainda estava como antes, inerte. — Também gosta disso, não é? Assim como ela…

— Ele não vai me deixar usar. — Ana tirou os olhos da máquina, e suas sobrancelhas se descaíram ainda mais. — Até posso ouvir as reclamações, dizendo que não suporta o barulho.

— Ah… — Pietra soltou um sorrisinho orgulhoso e ameaçador. — Aquele seu tio? Apenas deixe ele comigo.

 — Aquele seu tio? Apenas deixe ele comigo

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