O Tio

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O cheiro de mofo subiu pelo ar assim que Ana despencou sua mochila pesada no colchão, o que a fez soltar um espirro alto. Ela esfregou o nariz, deixando a mala grande no canto da parede, ignorando completamente a solidão daquelas quatro paredes úmidas e sem janelas, acompanhado de um guarda-roupa velho de madeira maciça.

Encostado na porta, havia o tio.
Seu cabelo, com algumas rajadas brancas, que tocava os ombros, estava amarrado para trás. O único brilho vindo de sua aura era o dos sapatos rigorosamente engraxados.
Seus braços cruzados e o olhar opaco davam uma prévia do que viria.

Nesta casa você vai seguir algumas regras — avisou mecanicamente, encarando. — Escola todos os dias, cama às nove da noite. Sua tia serve o jantar às oito em ponto; se não estiver na mesa, dorme sem comer. Não saia ou traga pessoas sem permissão. Se desobedecer, não tenho receio da disciplina. Estou fazendo isso em consideração à minha irmã. Se quiser mostrar gratidão por eu deixá-la ficar aqui, não me faça obrigado a ver o seu rosto passeando pela minha casa desnecessariamente, tampouco cruze o meu caminho.

Ainda que ver o rosto da menina fosse um desprazer, de tempos em tempos, ele fazia questão de vê-lo, apenas para aliviar e dividir o peso da sua mágoa e amargura.

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