FINAL

1.1K 120 185
                                    


  Desde o dia em que me vi enlouquecida viajando sem rumo até Daegu… bem, acho que isso é basicamente tudo do que consigo me lembrar. Ou pelo menos os acontecimentos que tiveram mais relevância.

Apenas espero que todo esse esforço valha a pena, pois com certeza ainda é extremamente desconfortável ter que reviver esses acontecimentos na memória. Isso porque a Dr. Oh, minha terapeuta, propôs um "dever de casa": escrever notas em um diário.
Ela disse que não precisaria fazer sentido, que deveria se assemelhar mesmo a um fluxo de consciência, botar para fora todos os meus sentimentos. Só que eu, sinceramente, detesto desorganização, e é por isso que isto aqui está se parecendo com uma autobiografia bem detalhada.

A Dr. Oh disse que escrever sobre sentimentos me ajudaria a entendê-los melhor.

Me lembro daquele dia. Yoon Gi insistiu tanto para ir comigo que quase discutimos. Justo nessa bendita sessão a Dr. Oh propôs o diário. Não me surpreenderia se ela o tivesse convidado previamente, às minhas escondidas, de propósito, pois assim seriam dois para ficar me gerenciando.

Desde então, toda mensagem de boa noite vem seguida de algo como "Já escreveu hoje?", "Não se esqueça de escrever antes de dormir". Acho engraçado vê-lo preocupado comigo por causa dessas coisas. É um dos poucos sentimentos que ele transparece totalmente, mesmo tentando disfarçar e parecer não-afetado. Quando Min Yoon Gi está preocupado, me enche de recomendações e advertências quase que o tempo todo, conseguindo ser pior do que a própria Pietra.

As coisas tem mais sentido ultimamente. Os meus dias tem sido mais felizes. Eu sorrio mais, respiro livremente, caminho de cabeça erguida e não tento afastar as pessoas que amo.

É claro que a minha vida não se tornou perfeita, afinal nenhuma é.

Ainda tenho que lidar com estresse, com as inconveniências de fãs que até o momento ainda não conseguiram aceitar nosso relacionamento, a saudade que sinto dele por ser uma pessoa constantemente ocupada e todos os outros imprevistos que a rotina nos presenteia. Eu ainda sinto culpa, ainda sinto que não sei lidar com grandes problemas e confesso até que meu corpo em determinadas situações suplica para apenas fugir…

E sempre que esses pensamentos aparecem, imediatamente fecho os olhos e penso no quanto perderia, nas amizades tão valiosas com que fui agraciada. De fato, nunca teria conseguido viver sem Vanessa, Pietra e Sofia me empurrando para cima, sem desistir da minha teimosia. Sem as longas conversas sobre assuntos confusos e de hipóteses absurdas ao lado de Tae Hyung e Nam Joon. Imagino como seria chata a vida sem um Park Ji Min pegando no meu pé sempre que tem a oportunidade, sem a SN e o Jung Kook tentando esconder de todos que estão terrivelmente apaixonados, sem a animação de Ho Seok, mesmo quando o clima não é dos melhores, sem as panquecas do Jin e suas piadas sem graça, sem o abraço quente e apertado de Min Yoon Gi sempre que retorna são e salvo das infinitas viagens.

E sempre que vejo o pingente pendurado em meu pulso, penso que é como uma âncora, prateada e brilhante, da Tiffany & co. Essa âncora me obriga a me importar com as pessoas que tenho ao meu redor. Afinal, estaremos "sempre juntos".

Estou aprendendo a encarar meus problemas de frente, e por mais que pareçam impossíveis, sigo juntando um bocado de força até ter o bastante para enfrentar um por um. A Dr. Oh disse que deveríamos começar por aí, primeiro com os problemas mais "simples" da minha lista.

Daí tive meu primeiro progresso: semana passada, liguei para a Lee Mi Rae unnie. Marcamos, eu e Ji Young, de nos encontrar em um café. Dei graças por Ji Young ter ido comigo, pois assim que nos encontramos, eu travei, como seria de se esperar, enquanto Ji Young conduzia vários assuntos naturalmente. Lee Mi Rae, no começo, parecia um tanto desconfortável, apesar de não termos tocado no assunto de sua demissão/minha promoção. Mas após alguns goles de latte, ela aparentava mais leveza.
O meu objetivo, naquela tarde, era justamente tocar na ferida que, por mais de um ano, nunca fora tratada para  que pudesse ter uma cicatrização decente, de dentro para fora. Então eu falei… Falei sobre assumir sua posição na empresa, sobre a vergonha que senti em contatá-la, sobre minha fuga até Daegu só para evitá-la. Sobre Kang Mi Cha...

Bangtan e EuOnde histórias criam vida. Descubra agora