Carpe Diem

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— Então essa era a surpresa… Aquele teu cantinho da alegria? — zoei, olhando através do vidro do carro como aquele pequeno parque, com apenas um senhor dormindo na grama, parecia diferente desde a última vez, naquela madrugada fria. Talvez fosse pelo sol, que aquecia tudo, o fator que, desta vez, tornava o lugar bem mais convidativo.

Kim Nam Joon somente ajeitou o boné cinza e surrado que tinha na cabeça. Permanecia calado, forçando ar de mistério, assim como durante todo o trajeto. Até soava, pois, debaixo daquele fim de tarde de verão batendo uns 37 graus, ele vestia nada menos que uma jaqueta larga, fechada com zíper até o pescoço.

Kaja! — disse de repente e sorriu, saindo do carro.

Começamos a caminhar. Não sabia se tínhamos um destino certo e também não perguntei nada. Apenas continuei atenta, esperando para ver qual era a de Kim Nam Joon, que andava de braços firmemente cruzados.

— Ãn... como está a SN? — perguntou. — Ela fica rindo e tudo lá na empresa, mas, não sei…

— A SN é uma pessoa muito transparente. Ela só quer… ocupar a mente com outras coisas. Então é bom quando as pessoas dão atenção e riem junto.

— E você?

Olhei para o garoto, franzindo levemente as sobrancelhas.

— Eu vi que você passou mal no dia do funeral.

— Ah. Eu só… não consigo ficar muito tempo em um ambiente como aquele.

Comecei a me abanar com as próprias mãos, pois, de repente, o calor durante aquela caminhada lenta havia ficado insuportável.

Ya — Fiz um coque no cabelo. — Vamos ficar mesmo andando por aí sem rumo nesse sol? — interroguei lenta e desanimada, encarando o perfil do menino, que tinha uma pequena gota deslizando pelo ângulo de seu maxilar.

Ani... É logo ali — apontou rumo a uma descida.

A calçada terminava justamente onde havíamos parado. Já a grama, continuava por um pouco e, gradativamente, a vegetação ia aumentando de tamanho, seguindo uma curta descida íngreme. Onde a tal descida acabava, haviam árvores altas em uma mata mais fechada.

— Lembra? — ele indagou, olhando para os meus pés. — Foi exatamente aqui que…

— Que você aprontou um escândalo atrás daquele paparazzi? Aigoo... não tenho boas lembranças daqui — respondi sorrindo, mas aquele episódio me lembrava a perca de uma herança muito valiosa.

— Lembra que eu queria te mostrar um lugar, mas por culpa daquele cara não deu tempo…?

Sem esperar uma afirmação, Kim Nam Joon, com um sorriso fino nos lábios e os braços ainda cruzados, passou a caminhar tranquilamente pela grama e logo depois por dentro da vegetação, descendo a pequena colina.

Ya, espera! — corri um pouco para alcançá-lo.

Dentro da mata, o chão plano era coberto de folhas, como um tapete macio onde o pé afunda de leve. O ar era úmido e fresco. O sol quase não aparecia, mas apenas alguns seletos raios alaranjados entravam por entre as estreitas brechas nas copas das árvores lá em cima. O único som sobressalente era o dos meus pés arrastando as folhas.

Logo à frente, Kim Nam Joon estava sentado em um banco velho de madeira, de costas para mim.

— Eu vinha muito aqui… — começou dizendo, todo nostálgico, assim que me aproximei.

— Já sei, pra pensar em… coisas.

Tshh... Antes de eu ser trainee — continuou, enquanto eu me sentava ao seu lado —, e até um tempo depois do début, esse era um dos lugares mais inspiradores que eu conhecia, então… É, eu vinha muito aqui e ficava pensando em muitas coisas.

Bangtan e EuOnde histórias criam vida. Descubra agora