— Posso ajudá-la? — uma garçonete perguntou num sorriso singelo, após eu ter acabado de entrar no restaurante.
— Ne, annyeonghaseyo… Tem uma pessoa me esperando na sala 55.
Enquanto isso, na residência dos Kang, Kang Mi Cha entrava no escritório do presidente.
— Me chamou novamente…? — ela perguntou da forma mais formal e receosa possível.
— Ana-ssi! Já estava achando que não viria… — Kim Seok Jin reclamou assim que abri a porta, revelando os primeiros sinais do meu rosto.
— Estou… — Interrompi o puxar da cadeira para checar as horas que giravam em meu pulso. — Quatro minutos atrasada, exagerado…
O presidente levantou-se lentamente da poltrona estofada com couro e deu a volta pela grande mesa que compunha seu escritório particular. Ele observava Kang Mi Cha como um caçador faz com a presa, analisando com uma calma aparente, o que só servia para, num breve momento, ludibriar a caça com o clima quieto que pairava no âmbito.
— Você está bem?
— Miane. Eu tentei de várias e várias formas contar isso de um jeito que te fizesse querer dar uma risada, dizendo: "Não tô nem aí!", ou algo parecido, talvez…
Minha confusão transparecia no rosto de Kim Seok Jin. Então cessei as palavras da minha introdução improvisada, que estava se saindo ainda pior que a abordagem que ensaiei durante tanto tempo na frente do espelho.
— Certo… — Alinhei a postura, preparando para lançar o explosivo em sua direção. — Vou contar uma coisa que você não vai gostar…
— NO QUE ESTAVA PENSANDO? — o presidente vociferou, fazendo o grave da sua voz estremecer a garota dos pés à cabeça.
Tudo que Kang Mi Cha conseguia fazer era encarar os próprios pés.
— Ana-ssi... Como assim, eu não vou gostar? — Seus olhos, antes erguidos pelo sorriso, descaíram. — Aigoo… Não me diga que você e o…
— Ani, ani, ani! — o interrompi antes que pudesse ouvir qualquer algo a mais de sua suposição, acenando as duas mãos esticadas em sua direção, como se dissesse tchau desesperadamente. — É sobre a Kang Mi Cha — anunciei como se tratando de algo simples.
— Huh?! O que tem a Mi Cha?
— O QUE HÁ COM VOCÊ, CRIANÇA INGRATA!?
O presidente andava devagar, de um lado a outro. Kang Mi Cha estava parada no mesmo lugar.
— Me dê o seu celular. — Estendeu a mão, recebendo o smartphone de capa rosa-chiclete e jogou-o de qualquer forma sobre a mesa. — Olhe para mim quando eu falar. — Parou os passos e alinhou os pés em frente à filha.
Kang Mi Cha foi elevando sua visão cismada para cima, gradualmente, vendo as sobrancelhas expressivas e grossas de seu pai receberem mais fúria quando ele pesou a mão aberta sobre a pele sensível de seu rosto, ressoando o som estalado em todo o ambiente.
— É por isso que não dou ouvidos à tola da sua mãe! — Deu as costas para a caída no chão, que nem sequer ousava tocar os dedos finos na área afetada, que sentia queimar e latejar de dor, deixando os fios caídos sobre sua face abaixada. — Onde eu estava com a cabeça quando deixei você ter vontade própria? Imagine! Meu pai nunca faria uma coisa assim comigo na sua idade! Basta, isso já durou tempo demais! — Bateu no topo da mesa, dando ênfase às palavras duras que eram reproduzidas pela sua voz grave e ensurdecedora.
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Bangtan e Eu
FanficExistem várias estratégias para lidar com conflitos e sentimentos. Para Ana, fugir e ignorar são as que melhor funcionam. Fechada e cheia de segredos, sempre evitando novas amizades e preocupada com as consequências de suas ações, se Ana ao menos im...