Heartbreaker [1]

• Capítulo Setenta-Um - Gota D'água

• Ariana Grande •

Eu havia passado o resto da noite em claro, a cada vez que eu tentava fechar meus olhos, minha mente parecia ser preenchida por um vestígio de alguma lembrança nova.

Eu me lembrava de tudo.

Deveria ter optado por não vir a escola essa manhã, mas eu precisava encontra-los, encontrar todos aqueles que se diziam ser meus amigos.

— Ariana. — Paro de andar assim que escuto a voz da Camille.

Seu tom está receoso, provavelmente já contaram a ela que eu sei de tudo.

— Oi, Camille. — Me viro para encara-la, meu tom é frio e isso lhe causa um suspiro.

Eu estive esperando para ter essa conversa com ela, finalmente, e dessa vez, meus sentimentos por ela não iriam atrapalhar nada.

Eu estava focada.

— Eu só estava tentando te proteger, Ari.

Sua frase me dá a certeza que Justin já comunicou a todos eles que minhas lembranças voltaram.

— Mentindo para mim? — Uma risada seca escapa da minha garganta. — Se for assim eu prefiro não ter nenhuma proteção.

Ela está tentando bater na tecla que só queria me proteger, mas não é mentindo que se protege alguém.

— Você acordou diferente, nós não sabiamos o que fazer. — Seus olhos parecem suplicarem para que eu acredite nela.

— Que tal me contar a verdade?

— Ariana..

A interrompo.

— Vocês dizem todo o tempo que queriam me proteger, mas vocês sequer pensaram na dor que me causariam quando eu me lembrasse de tudo!

— Dor, Ariana? — Ela ri. — Você não sentia dor, você causava dor.

Engulo seco por suas palavras.

— Eu sou uma nova pessoa. — Afirmo.

— Está aí o motivo de ninguém ter te contado. — Ela respira fundo. — Ari, tenta entender.

Sua voz está calma, eu sei que ela não quer me perder, mas essa foi a gota d'água.

— Mesmo que fosse a coisa mais horrível do mundo, eu tinha o direito de saber, é a minha vida e não a de vocês. — Balanço a cabeça. — Vocês queriam decidir tudo por mim, mas eu decido o que eu aguento ou não.

— O que você quer que eu diga? — Me pergunta. — Que eu me arrependo? Que eu sinto muito? Se é isso que quer, eu faço.

Eu sempre admirei isso nela, quando se tratava de quem ela realmente amava, ela nunca se importava em demonstrar que estava errada, se fosse preciso, ela assumiria todos os erros para que tudo ficasse bem.

Isso a fazia corajosa.

— Eu não quero que você diga nada para mim.

Eu sinto o mesmo peso que ela sente ao ouvir minhas palavras, está doendo em mim o quanto dói nela.

— O que isso significa? — Sua feição muda.

Ela sabe o que significa, mas prefere ter esperanças que seu julgamento está errado.

— Você escondeu todo o tempo a droga de um segredo, você ficou do lado dos meninos enquanto dizia ser a minha melhor amiga e pior, você deixou que eles contassem a droga de uma mentira para mim!

— O que você quer dizer? — Ela parece estar prestes a chorar.

— Chega, Camille. — Balanço a cabeça, em negação. — Pra mim, chega.

Meu coração está partido, eu estou perdendo minha melhor amiga.

— Nós somos melhores amigas.

— Acho que só eu quem fui sua amiga o tempo inteiro. — Sinto o choro na minha garganta assim que vejo seus olhos marejados. — Uma amiga não mente, não engana, não manipula a outra como você fez.

Eu só queria poder abraça-la e dizer que eu a perdôo, mas e se ela fizesse tudo mais uma vez?

— Como você pode estar sendo tão fria com tudo isso? — Algumas lágrimas caem. — A Ariana que acordou naquela cama faria de tudo para me entender, faria de tudo para eu continuar aqui, porque apesar de qualquer erro, ela me amava.

Engulo o choro e balanço a cabeça.

— A antiga Ariana é mais forte, tenha um bom dia, Camille. — Após disso, eu me viro e volto a caminhar até a minha sala.

Mas dessa vez, as lágrimas escorrem pelo rosto.

A antiga Ariana sequer existe mais.