• Capítulo Cinquenta-Sete - Não sou mais sua filhinha

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• Ariana Grande •

Eu ainda estava perdida com tudo aquilo, eu precisava de um tempo para colocar tudo isso em seus devidos lugares em minha mente.

Eu precisava de um tempo sozinha.

Havia deixado a casa de Christian logo após a conversa com eles terminar, eu os deixei me olhando e parti com um último pedido, para que nenhum deles viesse atrás de mim.

Eu os encontraria quando estivesse pronta para o fazer.

— Ariana, já faz quatro dias que está aí dentro. — A voz da minha mãe está calma. — Eu estou mais do que preocupada com o seu comportamento.

Eu não havia dito a ela e nem ao meu pai que eu já sabia de tudo.

— Pode entrar.

Mas talvez, tenha chegado a hora.

A maçaneta é girada devagar e a porta se abre.

— Você está bem, filha? — Ela se aproxima de mim, cautelosamente.

— Eu sei de tudo.

A minha única frase a faz congelar, seus olhos parecem perder o foco por alguns segundos e então, ela suspira.

— Quem te contou? — Ela não tenta se aproximar mais.

— Por que não me contou? — Eu ignoro sua pergunta. — Eu merecia saber.

— Pensei que estava te protegendo, eu sempre quis te proteger. — Sua voz parece desesperada, ela quer realmente que eu acredite. — Você não imagina o quanto foi terrível te ver naquela cama, a pele pálida, os olhos fechados, eu não posso viver em um mundo no qual você não exista.

Seus olhos estão cheios de lágrimas e os meus se encontram da mesma forma.

— Mas isso não te dá o direito de escolher o que eu devo ou não me lembrar, o que eu devo ou não sentir, isso é a minha vida. — Eu balanço a cabeça enquanto as lágrimas caem.

— Aquele rapaz não é bom para você, é tudo culpa dele! — Ela diz, convicta.

— Ele não me obrigou a entrar naquele carro, ele não causou o meu acidente. — Eu retruco. — Ele é tão vítima como eu das circunstâncias, você está sendo injusta.

— Eu quase te perdi!

— Mas não perdeu, e você deixou eu criar uma nova vida para mim, mesmo sabendo que eu o amava de verdade. — Contesto. — Eu amo você mamãe, mas não posso te perdoar por ter feito isso comigo, pelo menos não agora.

— Você é minha filha.

— Eu já não sei mais quem sou.

— O que eu preciso fazer para que tudo fique bem? — Ela pergunta.

Minha mãe me ama, ela teve as melhores intenções, mas só cometeu erros. Não foi justo comigo ela me privar da vida que eu amava ter, não foi justo ela jogar a culpa no garoto que eu era apaixonada pelo simples fato dele estar dirigindo o carro.

— Deixe com o tempo. — Limpo o meu rosto. — Ele vai resolver tudo.

— Você quer que eu chame o garoto para jantar aqui? — Ela oferece.

— Você tem tanta raiva dele que sequer consegue pronunciar o nome dele. — Balanço a cabeça, negando.

— Eu só quis te proteger.

— Escolheu o caminho errado, mas eu não estou deixando de te amar por isso, você sempre vai ser a minha mãe, isso não vai mudar. — Digo a ela.

— Mas você ainda será a minha filhinha de sempre? — Ela parece estar sentindo dor, pelo modo como sua voz soa.

— Eu não sou mais a sua filhinha faz tempo, não preciso que me proteja de tudo, eu já não tenho mais cinco anos, mãe. — Engulo seco. — Me deixa sozinha.

Ela me lança um olhar triste e então deixa o quarto.

Eu preciso ficar sozinha.

Definitivamente.

Heartbreaker [1]Onde histórias criam vida. Descubra agora