Eu sou um garoto totalmente normal. Tenho 16 anos, estou no primeiro ano do colegial, tenho cabelo castanho arruivado e olhos azuis. Tenho notas altas na maioria das matérias, exceto matemática, que eu odeio, não tenho muitos amigos, não tenho nenhum talento especial.
Só tenho um segredo. Um segredo horrível que eu tenho certeza que todos se afastariam de mim com nojo se soubessem: eu sou apaixonado pelo meu irmão mais velho.
Meu irmão chama Aaron, mas eu costumo chama-lo de "nii-chan" desde pequeno e ainda não perdi esse costume. Aaron é o completo oposto de mim: alto, forte, bonitão, cabelo castanho em tom chocolate, olhos azuis penetrantes, um sorriso de matar e sua pele se bronzeia facilmente, fazendo com que ele tenha um tom de pele invejável, especialmente aqui no Japão.
Meus pais se casaram nos Estados Unidos, o país onde minha mãe nasceu e meu pai fez faculdade. Os dois contam que se conheceram na faculdade e se apaixonaram, três anos depois, se casaram em Las Vegas. Quatro anos depois de se casarem e tentarem sem sucesso ter um filho, minha mãe resolveu adotar uma criança. Os dois ainda estavam começando a construir uma vida juntos e não tinham dinheiro para fazer uma inseminação artificial ou coisa do gênero, por isso resolveram adotar.
Eles se apaixonaram por Aaron, que era só um bebê quando foi adotado, eles disseram que amaram seus olhos expressivos e o fato dele sorrir para todos quando bebê. Pouco mais de um ano depois, minha mãe engravidou e eu nasci. Enquanto ela estava grávida, meu pai recebeu uma proposta para ser transferido para o Japão e ele aceitou. Minha mãe se mudou quando ainda estava grávida de mim e eu nasci aqui. Ela me deu o nome de Yuki porque eu nasci em uma véspera de natal com bastante neve.
Meus pais nunca fizeram diferença entre nós pelo fato de Aaron ser adotado e nós dois sempre fomos muito unidos na infância. Mesmo quando eu quebrava alguma coisa enquanto nós brincávamos juntos, Aaron assumia a culpa, dizendo que era o dever dele me proteger.
Nós não somos tão unidos agora, desde os quinze anos, Aaron anda com os seus colegas de sala, acho que ele achava um mico andar comigo quando eu tinha 13 anos. Mas, mesmo assim, ele ainda é atencioso comigo.
Há alguns meses, por exemplo, quando eu tirei uma nota baixa em matemática e estava no meu quarto, tentando não chorar, ele estava indo ao banheiro e percebeu como eu estava. Em um piscar de olhos, meu irmão estava me abraçando e dizendo para eu não chorar, que iria ficar tudo bem e que ele me ajudaria a estudar a matéria da prova. Eu dormi nos braços dele, enquanto ele fazia carinho no meu cabelo e dizia palavras calmantes. E, por incrível que pareça, eu acabei me acalmando e ele estudou comigo... só que não ajudou muito porque eu sou péssimo em cálculo.
Eu sei que nós não somos irmãos de sangue, sempre soube, mas eu não posso negar, eu sou apaixonado pelo meu nii-chan. Ele nunca demonstrou sentir o mesmo, mas ele sempre foi tão atencioso e carinhoso comigo que eu não posso evitar de imaginar que talvez, só talvez, ele sinta o mesmo por mim.
-Ei, pirralho!- as batidas na porta do meu quarto me tiraram dos meus devaneios- Acorda! Já está na hora!
-Estou indo!- respondo para o meu irmão e abri porta. Enquanto eu estou descabelado, com cara de sono e de pijama, Aaron já está penteado, perfumado, de banho tomado e com uma toalha amarrada na cintura.
Apenas uma toalha branca, senão ele estaria nu. Esse simples pensamento me faz corar.
-Você está meio vermelho, tá tudo bem?- pergunta Aaron, colocando a mão na minha testa.
-Ótimo! Estou ótimo!- digo, pulando para trás.
-Okay, se arruma logo.- ele responde, rolando os olhos. Enquanto ele passa para ir para o seu quarto, olho para os músculos bem desenvolvidos da suas costas. Céus, estou virando um pervertido!
Me jogo na cama, sentindo meu rosto pegar fogo.
-Tudo por culpa da Nekori!- sussurro para mim mesmo. Nekori, ou Neko-chan, é minha vizinha e melhor amiga. Ah, e ela é completamente louca!
Somos amigos desde pequenos e, desde criança, ela lia mangás. Quando era criança, ela lia mangás normais, mas desde o ano passado, ela começou a ler mangás de romance entre dois caras!
Ela disse que a primeira vez que ela comprou um mangá desses, ela não sabia, já que um dos caras da capa parecia uma garota. Só que ela leu e gostou. Aí começou o inferno da minha vida porque ela sentiu a necessidade de me fazer ver animes desse tipo junto com ela. Esses tais animes yaoi ou BL. Para piorar, eu já estava me apaixonando pelo meu irmão nessa época e eu comecei a desejar que meu irmão se apaixonasse por mim como naquelas histórias.
Nunca me senti tão envergonhado, especialmente porque ele tinha namorada na época. Agora eles já terminaram. Não sei o motivo, só sei que não teve drama porque eles continuam amigos até hoje.
Mesmo assim, Nekori é uma boa amiga, bastante companheira, animada, perspicaz e muito inteligente. Ela é baixinha, magrela e tem olhos castanhos bem escuros, quase pretos, que são emoldurados por um óculos quadrado de armação preta. Ela também tem o cabelo tingido de verde, um ato de rebeldia quando seus pais descobriram que ela lia BL e confiscaram seus mangás. Eles devolveram depois de uma semana, mas não sem dar uma bronca nela por tingir o cabelo dessa cor.
Me levantei e olhei pela janela. A janela do quarto de Nekori é na frente da minha. Vi minha amiga penteando o cabelo e acenando sorridente para mim. É, se até Nekori que é sempre atrasada já está pronta, isso significa que é hora de eu me arrumar também.
Espreguicei-me preguiçoso. Ah, as segundas feiras são um inferno! Não quero ir para a escola.
-Yuki, anda logo!- disse meu irmão da porta do meu quarto. Ele já estava quase vestido, só estava com a camisa do uniforme desabotoada, mostrando o peitoral.
-Tudo bem, tudo bem- falei, me levantando. A visão de Aaron assim já melhorou e muito o meu humor.
Aaah, eu sou mesmo um pervertido!
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Apaixonado pelo meu irmão
RomanceEu sou um garoto totalmente normal, mas tenho um segredo. Um segredo horrível que tenho certeza que todos se afastariam de mim com nojo se soubessem: eu sou apaixonado pelo meu irmão mais velho. Eu sei que nós não somos irmãos de sangue, sempre soub...