E se ele fosse a pessoa certa para mim?

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Olá, capítulo novo para vocês, nos falamos mais lá embaixo, okay? Leiam as notas do fim do capítulo, tá? Espero mesmo que gostem!

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Eu odeio cheiro de hospitais. Sério, aquilo irritava meu nariz e olha que eu morei com Izumi, então desenvolvi tolerância a cheiros fortes de produtos de limpeza. Mesmo assim, caminhei com o coração palpitando por causa do meu pai.

Não sabia se havia feito a coisa certa em vir. Eu ainda estava brigado com ele e ainda não conseguia perdoar o que ele fez com Aaron. Sem falar que ele me expulsou de casa. Mas quando mamãe me disse o que aconteceu com ele, eu tive que vir. Ele era meu pai.

E por mais que tenha sido uma pessoa terrível nos últimos anos em que morei com ele, Kou era um pai amoroso quando eu era pequeno. Ele estava ao meu lado quando eu dei meus primeiros passos e caí de cara no chão, ele me ensinou a andar de bicicleta e a multiplicar os números, ele havia visto várias e várias vezes meus animes favoritos comigo...

Era difícil ver que essa mesma pessoa doce havia sido a pessoa que espancava Aaron e desprezava o filho por ser homossexual. E meu cérebro insistia em me lembrar dos momentos bons, portanto, eu fui até lá.

Bati na porta do quarto, me sentindo absurdamente nervoso, e falei:

—Oi, pai.

—Yuki.- ele sorriu. Papai estava muito pálido, com a barba por fazer e bastante magro- Que bom que você veio. A gente ama uma mulher e cria dois filhos para acabar abandonado. Mas ainda bem que o meu Yuki está por perto.

Caramba, meu pai estava mesmo mal emocionalmente para falar uma coisa dessas. Mesmo quando eu era criança ele era mais contido.

—É, estou aqui. Como está?- perguntei delicadamente.

—Como acha que está um homem hospitalizado?- ele perguntou em tom severo e eu abaixei os olhos. Kou suspirou- Desculpe, estou descontando em você. Estou viciado em bebida, não consigo parar. Meu fígado está todo ferrado, minhas mãos tremem quando eu fico sem beber, nem mesmo consigo ter uma ereção... e ainda fui com o carro direto em um poste.

Era terrível ouvir que meu pai estava assim. Não podia abandoná-lo em uma hora dessas.

—Pai, podemos conseguir, certo? Eu estou ao seu lado. Quando você sair podemos procurar uma clínica de reabilitação.- ele bufou- Olha, seu caso nem é tão ruim, você não está tremendo agora.

—É claro, bebi há uma hora.

—Pai!- protestei- Como conseguiu bebida? Isso é um hospital!

—Ofereci dinheiro a uma das assistentes da enfermeira e ela me compra bebidas diariamente.

Bufei, contando até dez para não brigar com ele. Meu pai não tinha culpa, ele estava viciado.

—Como espera se recuperar desse jeito?

—Simples, eu não espero.- ele sorriu de modo zombeteiro- Eu não quero me recuperar, a bebida me proporciona um prazer maravilhoso, sem contar que quando bebo, me esqueço da decepção que a Nagisa e aquele garoto foram para mim. Eles me abandonaram, mas o álcool não vai fazer isso comigo.

Torci o nariz. Não era como se mamãe e Aaron, que ele chamou de "aquele garoto", fossem culpados. Se ele não fosse tão preconceituoso, talvez ainda estivéssemos vivendo juntos.

—Mas pai...- comecei e respirei fundo. Não tinha como convencê-lo- Bem, vou estar ao seu lado para o que precisar.

—E eu te perdoo.- ele falou e eu pisquei- Se parar com essa besteira, é claro.

Apaixonado pelo meu irmãoOnde histórias criam vida. Descubra agora