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pouco na água e depois afundou, cada vez mais pesado. Quanto a mim, abri os
braços, inclinei a cabeça pra trás e voltei a boiar na minha posição de morto.
Pude sentir meus seios ligeiramente pra fora d'água. Melhor do que isso, pude
sentir James em pé, escorado à janela, olhando direto pra mim.
Quando voltei lá pra cima, o quarto estava escuro. James estava deitado na
cama, adormecido (ou pelo menos fingindo que estava dormindo). Sua respiração
não estava assim tão profunda pra ficar de fato convincente. Fui até o banheiro na
ponta dos pés, o mais silenciosamente que pude.
Com a porta bem trancada, tirei as roupas molhadas e as pendurei na porta
do box pra que secassem. E passei a me enxugar com a toalha. James tinha
deixado uma de suas muitas peças, uma camiseta branca, pendurada no
banheiro. Eu a levei até meu rosto. Respirei fundo. Era bom poder sentir seu
cheiro tão de perto, não do outro lado do carro. Ele tinha um cheiro bom,
suavemente apimentado, feito gengibre e jasmim juntos com xampu de neném, e
apenas a quantidade suficiente de suor pra torná-lo másculo. Vesti a camiseta,
escovei os dentes e fui pra cama.
Não seria capaz de descrever o quanto tive vontade de entrar debaixo das
cobertas com James. Ao mesmo tempo, era tão bom, tão melhor do que qualquer
outra coisa nos últimos tempos, dormir no mesmo quarto com outra pessoa
respirando, vestir a roupa de outra pessoa. Era tão pessoal. Senti um nó na
garganta que mais parecia tristeza acumulada. Ainda não tinha me dado conta do
quanto eu era solitária.
Bum! Creque!
Mesmo naquele quarto escuro e de olhos fechados, pude ver a luz branca e
intensa que de repente nos cobriu. As batidas continuaram, mais suaves, como se
alguma coisa elétrica tivesse pifado ou algum raio tivesse caído no meio do
quarto.
James ficou de pé antes mesmo de eu abrir os olhos. Quando me sentei na
cama, ele já estava juntando as coisas e jogando tudo pra dentro de sua bolsa de
couro.
- Nós temos que ir. Agora.
Até mesmo uma pessoa curiosa como eu podia perceber que não era hora
pra perguntas. Obediente como nunca tinha sido em toda minha vida, saí catando
todas as minhas roupas espalhadas pelo quarto e soquei tudo pra dentro da
mochila.
- Não - James disse quando fui em direção ao elevador. E acabou sendo
bem oportuno eu ter me dado ao trabalho de vestir alguma coisa, já que, no meio
da correria toda, ele acabou me puxando pelo braço. Tinha mãos grandes e
imponentes, e seus dedos se fecharam em torno do meu antebraço. Ele próprio
ficou olhando pra sua mão em mim por um instante, tentando entender aquilo.
Dava até pra dizer que ele talvez pudesse estar pensando que eu tinha mentido. -
Não, aquele espaço fechado não, vamos de escada.
Soltou meu braço e saiu correndo pelo corredor na direção oposta ao
elevador, pela escada abaixo, até o estacionamento em direção ao carro. Saltou

no banco do motorista e girou a chave. O carro fez um barulho terrível e ficou


chiando pateticamente. Logo depois, engasgou e morreu. Olhei pelo para-brisa


pra janela do nosso quarto.


Nenhum dos dois tinha acendido as luzes, mas alguma coisa lá dentro estava


piscando e fazendo uns barulhos como se fogos de artifício tivessem sido acesos


dentro do quarto. Abri o zíper da minha mochila e peguei a chave de fenda que


tinha trazido de Jackson.


- Não precisa se preocupar - eu disse, erguendo a chave de fenda no


escuro do carro. - Eu cuido disso.


Antes, na minha cabeça, eu estava indo em direção a Maine. Era um lugar


que eu sempre quis conhecer. Nunca tinha visto um farol ou o mar, ou comido


lagosta. E sempre ouvi dizer sobre o quanto lá fazia frio, então quem sabe até


mesmo no verão eu não acabasse fervendo de calor dentro de todas essas roupas.


Mas cheguei à conclusão de que, quando se está sendo perseguido, a melhor


coisa a fazer é mudar sempre de direção, então peguei a estrada 80 rumo ao


oeste. Talvez, daqui a mais um tempinho, eu pudesse mudar um pouco a rota de


volta e seguir ao nordeste de novo.


Meu coração estava acelerado, batendo forte, e James tinha adquirido uma


tonalidade branca que me lembrou as magnólias que cresciam em Caldecott


County. Tínhamos pegado o primeiro carro que apareceu na nossa frente, um


Scion azul minúsculo, só um pouco maior do que um carrinho de golfe. Bancos


separados que, embora mais seguros, pareciam um tanto solitários depois


daquele velho e bom banco único do Camaro.


- Está tudo bem, fugimos a tempo. O sistema de rastreamento talvez sequer


tenha nos registrado. O fato de você estar lá pode tê-lo confundido.


- Rastreamento? Era isso que era?


Não era pra essa palavra ter me confortado. Mas acabou me confortando.


Ela me pareceu tão técnica, tipo um aparelho eletrônico, e nada tão sobrenatural


quanto aquela explosão toda de luzes tinha dado a impressão de ser.


- Sim, as pessoas de quem eu estou fugindo. Eles são bastante... sofisticados.


Fiz que entendi e mantive as mão fixas no volante. Era óbvio que James não


estava me contando tudo, mas nem me importei tanto assim. Eu ainda estava


tentando juntar todas as peças dentro da minha cabeça e, aos poucos, tudo ia


começando a fazer algum tipo de sentido. Outra garota poderia não ter chegado à


mesma conclusão assim tão rápido. Mas, depois de tudo que eu já tinha passado,


aquilo não me parecia tão surreal assim.


- James - eu disse com muito cuidado, porque, se falasse alguma coisinha


errada, ele poderia acabar se ofendendo. Mas, não sei por quê, tinha um forte


pressentimento de que eu não estava nadinha errada. - Você é de outro planeta,


né?


Ele ficou lá sentado sem dizer nada por um minuto. Mas enfim acabou


admitindo, balançando a cabeça.


- Sim, Anna Marie, sou sim.

#Meu Deus ele é um ET uau hein, falando em ET coisas de outro planeta eu recomendo que vocês leiam a "a estranha -de jasmim palunbo" é uma trilogia muito boa.

X- Men: OToque Da VampiraOnde histórias criam vida. Descubra agora