...

4 0 0
                                    

com três quartos do tanque de gasolina. Touch encontrou um mapa no porta-luvas
e se aproximou de mim, tentando decifrar aquilo. Olhei pra ele de esguelha e
fiquei pensando que tipo de pai ele deveria ser. Eu o imaginava no seu planeta
superaquecido, ensinando o filho a velejar e a nadar e a fazer tudo o que fosse
preciso pra sobreviver no mundo deles.
— Ele deve ser bem bonito — eu disse, acabando de me dar conta de que
estava tão preocupada em ficar com ciúmes na noite anterior que nem tinha
perguntado nada sobre ele. — Seu filho, quero dizer.
Touch pareceu um pouco perturbado por um instante, então sorriu.
— Ele é lindo. A coisa mais linda do mundo. Um menino doce e engraçado.
E um excelente nadador.
— Você deve sentir muita falta dele.
Ele baixou o mapa e levou os olhos pra fora da janela em direção aos
pinheiros e arenitos pelos quais passávamos. Se Touch não ficasse com tanto frio,
podíamos ter deixado as janelas abertas. Eu já estava começando a morrer de
amores só pelo cheiro do oeste, uma mistura de sálvia, zimbro e pinheirais.
— Não há palavras para expressar o quanto — Touch finalmente disse.
Acariciei seu joelho e mantive minha mão acomodada por um instante.
— Uma coisa que você nunca chegou a dizer é se está ou não pensando em
voltar.
Seu semblante foi tomado por uma certa rispidez, que eu não tinha visto
antes.
— Neste exato momento — Touch disse —, meus únicos planos são pra que
você mantenha a direção.
— Oeste?
— Oeste — ele concordou, embora ainda sem dizer o motivo.
Quanto a mim, tentei reprimir aquela impulsividade toda de ficar fazendo
tantas perguntas. Tratei de apenas dirigir. E assim fui dirigindo sem parar até que
o tanque de gasolina estivesse quase vazio. Então paramos numa cidadezinha logo
ao lado da Divisória Continental e fomos direto a um posto de gasolina pra ver se
encontrávamos um caixa eletrônico.
Touch e eu ficamos lado a lado, bloqueando a tela pra que ninguém fosse
capaz de nos espiar. Ele fez a bola azul flutuar até a abertura por onde o cartão
deveria passar. Fiquei olhando pra baixo, esperando que as notas de vinte
começassem a ser cuspidas. Dessa vez, pensei, não interromperia o processo tão
cedo. Mas, pro nosso azar, nem sequer uma notinha de vinte saiu do caixa
eletrônico. A tela ficou piscando por um tempo e, em seguida, fez um barulho
estranho, piscando as palavras: “Saldo Insuficiente”.
— Caramba — eu disse.

X- Men: OToque Da VampiraOnde histórias criam vida. Descubra agora