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diabos conseguiríamos ir do Grand Canyon até o México com vinte e dois
dólares? Por toda minha vida tinha sonhado com um momento como esse, com
vista pra uma das maravilhas do mundo, ao lado de um homem que eu amava. E
tudo que conseguia pensar era em como aquele balconista cheio de espinhas
provavelmente tinha embolsado o dinheiro de Mary pra que pudesse comprar um
novo iPod, e nós ali, totalmente quebrados.
Touch parecia ter pensamentos mais grandiosos em mente. Parecia pálido e
trêmulo, tomado por um certo temor. Coloquei meu braço sobre o dele e tentei
desviar meus pensamentos práticos e egoístas para a grande maravilha do mundo,
como uma boa menina de uma sociedade perfeita faria.
— Nunca tinha visto nada como isso em toda a minha vida — disse, com a
voz tomada por uma franca reverência. Ao mergulhar os olhos desfiladeiro
adentro, sem ligar para a história de ser uma das maravilhas do mundo, eu
simplesmente o senti em seu mais absoluto estado nas profundezas do meu ser.
Pude senti-lo como jamais tinha sentido qualquer outro fenômeno da natureza:
todas as rochas e árvores e aquela água toda respiravam em perfeita harmonia
com minha nova pele escurecida.
— Eu sim — Touch disse. — Já tinha visto algo parecido com isso.
Sua voz soou bem diferente do que de costume, parecia abalada e rouca.
Percebi que seu braço tremia contra o meu.
— Vampira.
Eu sabia exatamente o que Touch diria antes mesmo que ele dissesse. Parte
de mim já sabia havia alguns dias. Eu apenas não estava pronta pra dizer em voz
alta. Apertei bem meu cotovelo contra o dele. Seu olhar estava absorto além dos
verdes e marrons e azuis e a amplitude vertiginosa de uma cratera que parecia
não ter fim.
— Touch — eu finalmente disse —, você não é de outro planeta, é?
— Não. Não sou.
— Esse anel de viagem no tempo. Ele funciona mais do que só algumas
horinhas aqui e ali, não?
— Sim. Sim, Vampira, funciona.
Respirei profundamente. Qualquer coisa que ele tivesse a dizer dali em diante
me parecia muito mais importante do que o fato de que esteve mentindo pra mim
todo aquele tempo.
— Distante quanto? — perguntei, impressionada em como minha voz soava
tranquila. — De quando no futuro você veio?
— Dez mil anos — ele respondeu com uma voz muito calma, ainda que
parecesse ter ecoado por conta daquele vasto mundo estirado abaixo de nós.
— Dez mil anos — repeti, ecoando o eco.
Eu não o encarava. Não conseguia, não naquele momento. Mas pude senti-lo
acenando com a cabeça, mirando todo aquele vazio. E, quando ele enfim falou,
nem foi tanto pra me dizer alguma coisa nova, mas como se só quisesse escutar
dele mesmo a verdade depois de todos esses dias de mentiras. Poucos metros
desfiladeiro adentro, uma águia dourada mergulhou, desenhando círculos
graciosos no ar e fazendo parecer que nós dois estávamos em pé bem no meio do
céu.

— Estou em casa.

#Fim do capítulo mais não dó livro ne kkkkkkk.

X- Men: OToque Da VampiraOnde histórias criam vida. Descubra agora