continuando por aí de acordo com o tempo interrompido ou não, me deu uma dor
de cabeça terrível. Além de me deixar exausta. Mas eu me recusava a levantar os
olhos e apenas apertei ainda mais meu rosto contra os braços.
E não que eu tenha caído no sono propriamente, mas alguma coisa
aconteceu (algum tipo de lapso, um coma todinho só pra mim), porque durante
quase um minuto inteiro eu não estive na sala de interrogatório.
Eu estava numa praia imensa e branquinha. A mais limpa, a mais pura e a
mais resplandecente areia que meus pés jamais pisaram. O sol brilhava muito,
muito claro. E então a água encobriu meus pés (o oceano!) e aquela sensação foi
maravilhosamente boa.
- Falta muito pouco agora - Touch disse. Sim, ele estava bem ali ao meu
lado, nem um pouco agasalhado, vestindo só uma bermuda cáqui folgada e nada
mais.
- Eu não sei nadar direito - retruquei. E mesmo que fosse eu dizendo
aquelas palavras, elas me soaram mentirosas. Ora, eu tinha passado minha
infância toda nadando contra as correntezas do rio Mississipi, e antes disso,
quando era só uma criancinha, tinha brincado nas águas no pântano com todas
aquelas cobras e jacarés.
- Não precisa - Touch respondeu. - Eu estou aqui.
Quando ele disse isso, reparei que também não estava muito mais vestida do
que ele, só um short jeans e um biquíni. E a mão descoberta de Touch foi se
aproximando, pronta pra me agarrar pela cintura e me puxar pra perto dele...
Fssszzzt. Logo acima da minha cabeça, uma lâmpada fluorescente piscou e
ficou chiando. Meu pescoço chegou até a esticar de susto. Deu pra ver pelo vidro
que os policias estavam se preparando pra voltar pras suas casas. E lá veio Jeanne
Sincero, marchando pelo corredor. Abriu a porta.
- Vem comigo, só conseguimos arrumar um advogado pra amanhã de
manhã. Você vai ter que ficar na cela mesmo até lá.
A oficial Sincero me levou até uma celinha com uma privada no canto e uma
pequena cama.
- Alguém logo vem te trazer o jantar - ela disse, e partiu pra casa dela, pro
namorado, ou gato, ou talvez até pra família. Talvez, em Lukeville, as pessoas se
casassem jovens, como em Caldecott County.
Acho que tinham me colocado na ala feminina da cadeia, e acho que eu tinha
sido a única mulher a ser presa tentando atravessar a fronteira naquele dia. Tudo
estava fantasmagórica e assustadoramente quieto. Eu só conseguia pensar
naquela praia quente. Tinha parecido tão real. Será que foi mesmo Touch ao meu
lado, conversando comigo? Será que ele tinha minhas coordenadas ou meu DNA
ou seja lá do que ele precisasse? Será que estaria aqui em breve?
Ajoelhei ao lado da cama e tentei repetir a posição exata em que eu estava
quando tive a visão. É claro que não havia uma janela na minha cela, e meus
olhos estavam fechados, mas ainda assim eu tinha a sensação de que o céu ficava
cada vez mais escuro lá fora, enquanto eu esperava atrás das grades até descobrir
qual seria meu destino. Certa hora, alguém empurrou por baixo das barras umabandeja com feijões verdes, gordurosos, e um pouco de frango com molho. Pude
sentir o cheiro da comida, mas nem quis tocá-la; o cheiro de produtos químicos
empesteou todo o ambiente, nem um pouco mais apetitoso do que uma lata de
fluido pra isqueiro. Primitivo, uma voz disse na minha cabeça.
Mas Touch não foi ao meu encontro, então finalmente me arrastei até o
colchão e deitei por cima daquela manta áspera e do travesseiro de papelão,
tratando de dormir.
Pá! Creque! Bum!
Mesmo dormindo, aquele ruído foi muito bem-vindo. Era como se fogos de
artifício estivessem explodindo na minha cabeça, só que mais barulhentos e mais
brilhantes, do lado de dentro das minhas pálpebras, ressoando em algum lugar no
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X- Men: OToque Da Vampira
Teen FictionEu não criei nada, sou grande fã da vampira assim como vocês, e a Marvel lanco esse livro e eu sou obrigada a compatilhalo com vocês.