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os dias das suas vidas. Não importa o quanto as coisas pareçam ser perfeitas e
maravilhosas e belas, temos sempre que contar com a possibilidade de que a
tristeza um dia venha a desabar feito tempestade sobre nossas cabeças, de uma
hora pra outra.
Tirei toda a minha roupa e me enfiei debaixo das cobertas. Parte de mim
queria cair direto no sono (talvez encontrar Cody num plano astral como
vingança), e parte de mim queria, acima de tudo, que Touch aparecesse me
procurando.
Mas ele não apareceu. Não por um bom tempo. Pelos barulhos que vinham
do outro lado da casa, parecia que ele tinha acabado de jantar. Pouco depois, deu
pra escutar o tilintar de aço contra porcelana e água jorrando, como se ele
estivesse lavando a louça. Será que eles precisam lavar pratos em Arcádia? Na
antiga fazenda da Tia Carrie, onde cresci, não tínhamos máquina de lavar louça.
Era bem a cara de Arcádia, isso de só empilhar os pratos numa engenhoca de
aço inoxidável e pronto, embora Touch provavelmente não soubesse como usar
aquilo.
Até que enfim pude escutá-lo zanzando pela casa, abrindo e fechando as
portas. Demorou uma eternidade até que ele escancarasse a minha. As luzes da
sala também estavam apagadas, já tínhamos decidido que não dava pra deixar o
lugar todo iluminado. Ninguém ali queria alertar os vizinhos sobre o
arrombamento da casa. No escuro mesmo ele se aproximou caminhando pelo
piso e então pelo tapete, e logo estava sentado na cama. Não quis saber de lado
oposto ou bordinha da cama, foi direto pro meio, bem do meu lado, de um jeito
que seu traseiro se encaixou perfeitamente na curva do meu corpo, embaixo dos
cobertores. Colocou a mão no meu ombro e notei que ele estava usando luvas.
Não aquelas grossas que ele normalmente usava, mas luvas de camurça bem
fininhas. Pareciam macias, como se pertencessem a alguém muito rico. Touch
deve tê-las encontrado em alguma gaveta por aí.
— E aí, terráquea.
— E aí você, cara-pálida.
— Eu viajei anos e anos para encontrar você — Touch disse, num tom de voz
bem baixo e muito sério. — Eu sou mais velho do que você de várias formas
diferentes, e tive uma vida antes de conhecer você. Mas isso não quer dizer que
não ame você agora. Porque é o que sinto. Eu te amo. Muito.
— Tá certo — eu disse, muito baixo, já que de repente eu estava me sentindo
a maior idiota do mundo por ter arruinado nosso jantar sem nenhum motivo.
— Vampira?
— O que foi?
— Agora é sua vez de dizer.
— O quê?
— Você sabe.
Gostei da forma como sua voz soou, mesmo que ele parecesse um pouco
irritado. Foi meio engraçado ele ficar lá me dando ordens.
— Eu te amo, terráqueo.
Ele puxou as cobertas, nada surpreso em me ver nua (todas as minhas roupas
estavam espalhadas pelo chão, bem aos pés dele). Todo esse tempo eu estava

deitada de lado, mas aí rolei pra ficar de costas.
Touch começou pelo topo da minha cabeça. De um jeito bem suave (pele de
carneiro, acho que era disso que as luvas eram feitas), ele passou os dedos ao
longo da minha testa traçando todos os ossos do meu rosto. Fiquei de olhos
abertos o tempo todo, olhando pra ele. Seus dedos percorreram meu pescoço,
minha clavícula, e foram descendo. A essa altura, já não eram mais só os dedos,
suas mãos estavam completamente sobre meus seios, e deslizavam e apertavam
e passavam por todos os cantos, exatamente como eu tinha imaginado na sauna.
Claro que, na minha imaginação, a pele era dele mesmo e não de um pobre
carneirinho morto. Estava incrível. Fui à loucura, mal conseguia respirar direito.
Não se parecia com nada que eu já tivesse experimentado antes.
— Diga de novo — Touch ordenou.
E assim o fiz. Disse uma, duas, três vezes. Disse bem alto feito um grito e
suave feito um mantra. Não dizia mais nada, apenas eu te amo, eu te amo, eu te
amo. Finalmente fui obrigada a fechar os olhos. Aquela sensação era tão boa e, ao
mesmo tempo, eu queria tanto mais do que apenas aquilo, que cheguei a pensar
que pudesse morrer.
Só que eu não morri. Nadinha. Vivi plenamente cada segundo do que pareceu
ter durado horas, adoráveis e dolorosas horas, até que eu adormeci abraçada a
Touch do outro lado das cobertas. Foi o melhor, o mais longo e profundo sono de
toda a minha vida. Quando abri os olhos Touch ainda estava dormindo. Coloquei
suas luvas de pele de cordeiro, puxei as cobertas e o acordei com o mesmíssimo
tratamento.
Depois, Touch deu um último pulo na sauna enquanto eu botava a casa em
ordem. Por fim carregamos a camionete e partimos rumo ao último trecho de
nossa viagem antes de cruzarmos a fronteira com o México.

#Resumi nada so tentei juntar tudo, dscp se ficou grande,

X- Men: OToque Da VampiraOnde histórias criam vida. Descubra agora