arremessou. Foi um dos melhores arremessos que já tinha visto na vida. A bola
azul se chocou contra a laranja e a duas se fundiram no ar bem acima de nossas
cabeças.
— Pega! — Touch gritou.
Estendi os braços e a bola caiu bem nas palmas das minhas mãos, como se
ela soubesse exatamente o que fazer. Os três caras estavam correndo em nossa
direção, sem parar de tremer por todo o caminho. Enquanto isso, um calor
pulsava dentro de mim por conta das luzes que segurava nas mãos. Por um
instante, temi que fosse começar a derreter e desaparecer do nada, mas logo
pareceu que as luzes conversavam comigo, e eu soube exatamente o que fazer.
Touch não estava mais correndo ao meu encontro, corria em direção ao prédio
da Toyota. Levantei o braço e lancei a bola azul-alaranjada contra a porta de
entrada da loja. Naquele mesmo instante, a porta desapareceu, liberando a
passagem pra Touch.
Enquanto eu corria em direção à entrada, os três sujeitos do Planeta Touch
pareciam estar me seguindo em câmera lenta. Touch provavelmente tinha feito
alguma coisa pra desacelerar a corrida deles. Mas, pela forma que se moviam, o
efeito dava sinais de que não duraria por muito mais tempo. Eu vi Touch pegar
uma bolinha no chão e mergulhar por entre as rodas de um Prius que estava no
meio da sala de exposição. Quando me dei conta, ele já estava quebrando vitrines
da forma mais clássica possível: atravessando-as com um carro. A vitrine principal
da concessionária se estilhaçou, formando uma chuva de vidro por cima do carro.
Pude sentir alguns cacos arranhando meu rosto quando entrei pelo lado do
passageiro. Touch passou por cima de todo o vidro e saiu arrancando estrada
abaixo.
— Por que eles simplesmente não te agarraram? Por que simplesmente não
se materializaram na nossa frente?
— Vampira! — Touch respondeu com um grito. — Você não para nunca de
fazer perguntas?
Aquilo me deixou calada por alguns segundos, o que me fez lembrar que eu
ainda precisava recuperar o fôlego. Enquanto dirigia, Touch procurava algo dentro
do bolso, e logo puxou um anel de ouro com cerca da metade do diâmetro de um
pires de café. Ele o estendeu bem na minha frente.
— Segura firme — mandou.
Hesitei um pouco. Isso faria com que nossas mãos se aproximassem muito.
— Segura! — ele gritou de novo. Pelo retrovisor, pude ver que os homens
tinham sumido, o que provavelmente significava que eles reapareceriam bem na
nossa frente no meio da estrada ou até mesmo dentro do carro. Não era hora de
fazer perguntas, nem de discutir. Segurei o anel pela borda oposta e fechei os
olhos. Fui tomada por uma sensação turbulenta e, por um instante, fiquei
apavorada com a possibilidade de ter encostado nele.
Quando abri meus olhos, Touch estava no banco do motorista com as duas
mãos ao volante. Apenas eu segurava o anel de ouro. Larguei-o no assento ao meu
lado e espanei alguns cacos de vidro do ombro.
Estávamos na mesma estrada, pelo menos. Isso não tinha mudado. Já
tínhamos passado pelas concessionárias e estávamos na zona das lojas de
conveniência e dos restaurantes de rede. Mas a iluminação estava
completamente diferente, da noite pro amanhecer. Os raios do sol reluziam no
asfalto e nos telhados. Nenhum homem alto e pescoçudo à vista. Com exceção do
que estava ao meu lado, claro.
— O que você fez? — sussurrei.
— Ganhei um pouco de tempo. Só isso. — Encostou o carro na beira da
estrada. — Preciso que você dirija. Essa correria sugou toda minha energia.
Eu também não estava me sentindo exatamente ótima, mas não me pareceu
uma boa hora pra argumentar. Saímos do carro e trocamos de lugar. Assim que
afivelei meu cinto, virei para Touch. De alguma forma, tínhamos feito um acordo
silencioso de que, por ora, ele estava no comando.
— Oeste. Dirija em direção ao oeste.
Isso me surpreendeu, já que, até então, ele não pareceu saber ou mesmo se
importar com a direção em que estávamos indo. Eu não tinha certeza de qual
estrada levava a oeste dali, então fui primeiro ao sul, imaginando que pudéssemos
cortar pela 70 e depois seguir rumo ao oeste.
Peguei a estrada, acelerando o motor do Prius novinho em folha. O sol subia
sereno, banhando o asfalto, as árvores e as linhas brancas da estrada. Em relação
ao carro, dá pra dizer que não foi bem como se Touch tivesse podido escolher. O
Prius era até potente, mas ao mesmo tempo só um sedan comum, um carrinho
que qualquer dona de casa dirigiria sem maiores problemas. Acabaríamos
economizando um bom dinheiro e um bom tempo sem tantas paradas pra
abastecer.
Assim que tivesse a chance, eu pararia o carro pra arrancar das janelas os
adesivos com os preços da concessionária, mas, por ora, não conseguia parar de
olhar pro retrovisor pra ver se os três sujeitos estavam nos seguindo de uma forma
mais sofisticada que nosso veículo primitivo. Quando olhei de volta pro painel,
percebi que o velocímetro estava marcando 150 e tirei meu pé do acelerador um
pouco. Era importante nunca esquecer que Touch não era o único fugitivo no
carro. Se eu fosse parada em alguma barreira policial, seria o fim da nossa
viagem.
— Ei! — disse finalmente. — Você consegue viajar no tempo?
— Não exatamente — ele respondeu e, então, como tinha ficado evidente que
era mentira, acrescentou: — É complicado.
— Complicado — sussurrei. Àquela altura, eu já tinha começado a achar que
os motivos de Touch pra não querer falar do seu passado (sem contar o que ele
estava fazendo aqui) seriam convenientes até demais. — Aquele anel —
prossegui. Em algum momento, Touch o tinha pegado de volta e guardado no
bolso. — é algum tipo de máquina do tempo?
— Tipo isso — ele admitiu, apesar de eu ter percebido que essa não era sua
vontade.
— Escuta. Escuta aqui. Se esse troço funciona, se você pode viajar no tempo...
— Não posso — ele retrucou de pronto, soando bem ríspido.
Respirei fundo e tentei me concentrar na estrada. Não importava o que ele
dissesse, eu sabia que aquele anel dourado poderia me ajudar a viajar no tempo.
Vi com meus próprios olhos, senti no meu corpo. E se eu pudesse mesmo viajar
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X- Men: OToque Da Vampira
Teen FictionEu não criei nada, sou grande fã da vampira assim como vocês, e a Marvel lanco esse livro e eu sou obrigada a compatilhalo com vocês.