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e o cascalho. Havia um pouco de xampu, cheirava a coco. Touch me ensaboou,
enxaguou meus cabelos, e depois fiz o mesmo com ele. Daí deixamos a corrente
d’água cair sobre nós, de alguma maneira numa temperatura ideal pros dois, ali
abraçados e nos beijando, beijando muito, até que o barril ficasse completamente
vazio e apenas o sol banhasse nossos corpos.
Seguimos pra dentro da pequena cabana de palha. Tínhamos esperado tanto
por aquele momento. Não dava nem pra dizer que tinha sido uma longa espera,
na verdade, já que simplesmente não era algo que imaginávamos um dia ser
possível. Pelo menos eu não imaginava.
— Você planejou tudo isso? — perguntei, enquanto estávamos deitados na
cama e o vento soprava contra as cortinas brancas na janela.
Touch debruçou-se sobre mim, seu rosto tão perto do meu. A visão das
minhas mãos nos seus ombros era a coisa mais maravilhosa do mundo.
— Passei mais de um ano até descobrir como poderia fazer uma parada
dessas, se alguma vez tivéssemos de viajar no tempo de novo. Eu sabia que você
seria capaz. Desde que absorveu o Anasazi, você se tornou capaz de alcançar um
plano astral mais elevado.
— Foi por isso que você me levou até aquelas ruínas?
Touch sorriu.
— Foi basicamente por conta do poder. Mas pensei que isso poderia vir a
calhar também. Você se lembra de ter me encontrado na praia?
— Aquilo foi real?
Ele fez que sim com a cabeça.
— Foi minha primeira tentativa. Então eu sabia que seria capaz de fazer
acontecer de novo, quando eu enfim precisasse.
Uma série de novas questões pipocaram na minha cabeça. Mas eu não
queria ouvir as respostas pra nenhuma delas. Só queria estar ali, naquele
momento. Aproveitar o aqui e o agora. A única coisa que eu queria eram os lábios
de Touch nos meus. A única pergunta pra qual eu queria uma resposta era como
me sentiria quando Touch fizesse amor comigo.
Felizmente não tive de esperar tanto pra descobrir.
Fui pega de surpresa quando vi que a noite já estava pra cair. Touch e eu
ficamos sentados à beira do mar, enrolados num cobertor, olhando o pôr do sol.
Havia tanta coisa que eu queria pedir a ele. Como Por favor, você tem de me
levar com você, ou Por favor, vem comigo. Queria perguntar por que não podíamos
simplesmente ficar ali pra sempre, mas é claro que eu já sabia a resposta.
E, quanto às perguntas, eu sabia de mais uma coisinha. Que, quando alguém
lhe dá o maior e mais sensacional presente que você jamais recebeu em toda a
sua vida, a única coisa que você não deve fazer é abrir a boca pra pedir algo mais.
Então tudo o que eu disse foi:
— Eu te amo, Touch, e vou te amar por toda a minha vida.
Ele não precisava dizer Eu também. Só precisava arriscar tudo no mundo e
deixar aquele cobertor cair para colocar os braços em volta de mim e me beijar,

beijar até que nossas peles desaparecessem e não houvesse nada mais em todo o
universo a não ser nós dois, abençoados e envoltos um no outro. E nos tocando.
Um pouco mais tarde, já de volta à cama, eu disse:
— Será que a gente ainda vai estar aqui pela manhã?
— Não. Quando acordarmos, vamos estar em nossas casas.
— Então, eu não vou dormir nunca.
E bem poderia ter sido nunca, mesmo. Aquela noite durou tanto tempo, e
fizemos amor tantas vezes... até que finalmente minhas forças estavam tão
completamente esgotadas que o nunca não chegou a acabar de fato, pois logo se
tornou nunca mais. Mas não era algo com que eu pudesse me incomodar, ao
menos não enquanto dormia nos braços de Touch, sem roupas ou cobertores, sem
barreira alguma entre nós naquela que era nossa própria extensão espaço-
temporal.

X- Men: OToque Da VampiraOnde histórias criam vida. Descubra agora