1. Elisabeth Hastings

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• 07 de Maio, 1819

Elisabeth tentava manter-se em silêncio, ela já estava ficando boa em esconder-se da mãe, principalmente quando ela a procurava para falar sobre os seus pretendentes – o que Elisabeth detestava.

— Te peguei! — gritou Violet, sua irmã mais nova, abrindo a porta da biblioteca. Revelando-a agachada num canto.

— Fale mais baixo! — sussurrou Elisabeth, olhando por cima da irmã para saber se alguém a ouvira.

— Por que não podemos falar normalmente?

— Você sabe que estou escondendo-me de nossa mãe. Não conte a ela que me viu aqui. — implorou Elisabeth, pondo-se de pé.

— Por que não quer casar-se? O que há de errado nisso? — perguntou a irmã, um tanto curiosa para saber os motivos pelo qual Elisabeth não queria casar-se, principalmente o porquê uma moça não gostaria de casar-se, não era fácil de entender aquilo, era inadequado.

Elisabeth ponderou antes de responder a irmã:

— Ah Violet, há tanto para se ver lá fora, há muito mais do quê a sociedade de Londres. Você é muito nova para entender.

— Elisabeth Marie Hastings! Aonde você está? — gritou Emma, a procura da filha.

Ah, não, não, não. — Elisabeth, repetia em sua mente, quase entrando em pânico.

— Aí estão as senhoritas! — disse Mrs. Hastings, Emma, sua mãe, ao entrar na biblioteca, e ver as filhas conversando. — Vamos, Elisabeth, tenho que continuar lhe mostrando os rapazes da nova lista que fiz para você, tenho certeza de que, a metade deles lhe agradará.

— Mamãe. — sussurrou, colocando o vestido que havia amassado um pouco, no lugar.

— Não comece, você sabe que é para o seu bem. E você — apontou para a filha mais nova —, vá estudar, sua ama esta esperando em seu quarto, mas tarde passarei lá.

A pequena assentiu, antes de ver a mãe e a irmã afastando-se dela.

Elisabeth não queria olhar a longa lista que a mãe havia feito para ela, estava cansativo demais, tantos nomes, tantas personalidades e posses.

Àquilo a deixava enojada. Não queria saber daquilo. Ela queria conhecer o mundo mais além do ela conhecia nos livros. Ela queria sentir o mundo, visitar as florestas tropicais do Brasil, comer sushi feito diretamente do Japão, banhar-se nas águas do Rio Jordão, conhecer as grandes pirâmides do Egito, tudo o que estivesse fora e dentro de seu alcanse. Elisabeth almejava ir além, além do que qualquer um poderia imaginar – pelo menos por uma mulher.

Ela queria desprender-se de toda essa cultura, de tudo o que a prendia, ela queria ser livre, poder fazer o que quisesse sem julgada, sem ser rotulada.
Queria poder não precisar casar tão cedo, apenas para não morrer sozinha, não apenas para procriar e dar continuidade a uma nova geração de sua família.

O modo como as coisas eram a incomodava, como tudo deveria ser feito e seguido. Não, desprezava sua cultura, mas algo estava errado, era o que ela pensava.

— Concentre-se, Elisabeth — disse Mrs. Hastings, chamando sua atenção novamente.

— Não estou com cabeça para isso, mamãe. — disse Elisabeth, balançando a folha em sua mão.

— É necessário, e você sempre diz isso, não pode ser assim, você sabe que tem que casar-se, não vai querer falecer sozinha, não é?

Mrs. Hastings aparentava estar exausta, não era tão velha, mas já não era mais um jovem. Poucas rugas já apareciam em volta de seu rosto.

— E se eu quiser? — ousou.

A mãe lançou-lhe um olhar cortante, que se fosse uma faca, com certeza a teria cortado em pedacinhos.

— Não me venha com essas besteiras! Você sabe que casamento é algo essencial na vida de uma mulher, é essencial para uma mulher, se você não casar nessa temporada, eu não me chamo Emma Marie Hastings!

— Então, é melhor a senhora escolher outro nome.

— Não irei precisar, tenho certeza, e não me responda dessa maneira, sou sua mãe e mereço respeito. — o rosto da mãe estava vermelho e alterado.

— Okay mamãe, desculpe. — pediu Elisabeth, suspirando, detestava passar do ponto com a mãe.

— Não esqueça do baile de Lady Eloísa Peterson, será importante — disse Mrs. Hastings, levantando-se e saindo do quarto da filha.

É claro que esse baile seria importante. — pensou Elisabeth, irritada.

Qual baile não era importante? — perguntava-se.

Elisabeth levantou-se e foi até a estante que havia em seu quarto, e pegou um de seus livros prediletos para ler, ou no caso, para ler novamente.

O seu quarto era grande, havia uma cama de casal no centro, a estante ao lado da porta, uma porta para o seu closet, uma penteadeira de frente para a sua cama, e ao lado esquerdo uma porta que dava acesso a varanda de seu quarto, e próximo a essa porta, estava a sua escrivaninha, havia também uma poltrona ao lado de sua cama, as paredes de seu quarto eram cor-de-rosa claro.

Ainda havia algumas horas a mais para ela aproveitar, antes de ir arrumar-se para o baile, e ela aproveitaria bem essas horas, fazendo uma das coisas que ela mais amava fazer. Ler. Seria bom esquecer que tinha deveres.

O DUQUE [CONCLUÍDA]Onde histórias criam vida. Descubra agora