Tárcio - Uma troca.

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Eu quero encher o Teu celeiro
De frutos que eu colhi aqui
Onde eu plantei Tua palavra
Ah! Quantos salvos pra Ti
Recebe ó Deus no Teu Reino
Os frutos que eu colhi aqui
Onde eu plantei Tua Fé
Só vencedores eu vi

Tárcio sussurrava a música que havia tocado na reunião dos Obreiros baixinho para si, era sua segunda vez no Templo de Salomão e ele não poderia se sentir ainda mais realizado.

Na primeira vez como Obreiro, e agora ele estava ali visitando como Pastor Auxiliar. Era uma pena ele não poder ficar ali para sempre, segunda-feira ele voltaria para a sua igreja, mas sabia que levava a benção consigo para dar aos seus membros.

-Tárcio! -O Pastor Natan o chamou quando eles estavam descendo as escadas. -Você vai ir pegar o seu celular?

-E a água do poço, Pastor. -Tárcio respondeu com o famoso sotaque em sua voz.

-Vai em um pé e volta no outro, eu e alguns Pastores vamos nos reunir para comer uma pizza, quero te apresentar alguns que esteve comigo no meu tempo do Força Jovem!

Tárcio sorriu:

-Pizza e histórias sobre o tempo do senhor? -Ele riu. -Pode deixar, Pastor!

Tárcio começou a andar. Era certo que ele sentiria falta do Pastor Natan, mas ao mesmo tempo estava feliz, ele deixaria a sua igreja para cuidar de uma sozinho. Sabia que era uma responsabilidade muito grande, era um núcleo e a igreja era ainda menor que a sua, mas era certo que ele daria tudo seu para que aquela igreja arrebentasse. Depois daquela reunião maravilhosa, ele se sentia revigorado.

-O próximo! -A segurança chamou para pegar o celular.

Tárcio caminhou até o balcão e estendeu a ficha, ao seu lado uma Obreira também estendia a ficha para a mesma segurança.

-Oh, desculpe! -Ela começou a ficar vermelha. -Desculpe, Pastor, achei que era a minha vez...

-Não tem problema. -Tárcio sorriu. -Pode pegar primeiro.

-Ah, não. O senhor deve estar com pressa!

-Eu não me importo em deixar você ser a primeira...

-Está tudo bem, eu pego de vocês dois. -A segurança pegou a ficha de ambos e saiu para procurar o armário correspondente.

Tárcio observou a Obreira e algo dentro de si dizia que ele já a conhecia. O rapaz forçou a memória se perguntando aonde conheceria uma Obreira de São Paulo, quando uma fraca lembrança o atingiu.

A primeira vez que havia estado no Templo havia tido uma Consagração de Obreiros... Ele a analisou melhor, mas já se faziam dois anos, nem com uma memória tão boa quanto a dele, Tárcio conseguiria se lembrar.

Antes que ele pudesse perguntar, a segurança voltou com os dois celulares e Tárcio pegou o enfiando no bolso. Acenou para a Obreira que estava ao seu lado e caminhou a passos largos.

Ele não podia demorar, caso o contrário o Pastor Natan o comeria vivo.

Tárcio deu uma última olhada para trás e viu que a Obreira o olhava também.

***

-Então o Tárcio vai cuidar da sua primeira igreja? -O Pastor Murilo perguntou sorrindo.

-Pois é, rapazes! Vou perder o meu tecladista! -O Pastor Natan fez cara de triste.

-Mas ele vai fazer coisas maiores!

-Sim, ele vai! Acredito muito em Tárcio! -O Pastor Natan bateu no ombro de Tárcio. -Não vai me decepcionar, em!

-Não irei, Pastor! -Tárcio falou acenando com a cabeça afirmativamente.

-Eu sei que não vai!

-Aí! Eu não aguento mais nenhum pedaço de pizza! -Um Pastor falou.

-Também, comeu cinco pedaços!

Todos eles riram:

-A dieta hoje foi para o buraco!

-Vamos Tárcio, você que está na ponta, tira uma foto de nós.

Tárcio tirou o celular do bolso e quando foi deslizar a tela para desbloquear uma leve confusão passou pelo seu rosto.

Ao invés de uma foto do Altar de sua igreja, havia a foto de uma Obreira sorrindo com uma mulher que ele deduziu ser a mãe por serem semelhantes.

Ele não podia acreditar, ele havia confundido os celulares e agora estava com o da Obreira.

Canção de um servo.Onde histórias criam vida. Descubra agora