Tárcio foi acordado pelo seu despertador, mas era como se ele não houvesse dormido nada. Mesmo seu corpo implorando para ele continuar dormindo o rapaz se sentou em seu colchão e esfregou os olhos e agradeceu silenciosamente por estar calor, pelo menos seu banho gelado valeria a pena.
Ele se levantou e arrumou o seu colchão, o quarto que ele estava era muito pequeno, ele abriu a mala e pegou suas roupas, tomou um banho rápido e fez seu café. Rápido e fácil ele foi abrir a pequena igreja.
A igreja tinha sido inaugurada a três semanas atrás, mas o Pastor que estava lá, era auxiliar da Catedral, então Tárcio foi mandado para ficar ali direto. Não era confortável, mas ele se sentia feliz. Ele não poderia estar no lugar melhor.
Em compensação ele tinha que fazer tudo, tinha dois Obreiros da Catedral que vinha ajuda-o, mas só vinham na reunião principal, e uma sede de formar Obreiros daquele Altar nasceu em Tárcio.
Ele abriu a igreja, era quarta-feira, para a primeira reunião, mas ninguém apareceu. Mesmo que ele soubesse que não dava mais que cinco pessoas, Tárcio queria mudar aquilo, queria fazer uma grande nação, haviam tantas pessoas naquele bairro! Era inaceitável ter apenas cinco membros!
Ele se ajoelhou diante do pequeno Altar e se lembrou da oração que o líder da igreja havia feito quando começou a fazer a Obra de Deus.
-Deus me dê uma alma, uma única alma! Se eu salvar uma alma, eu vou ter ganho o meu dia! -Ele sussurrou, havia um desejo sincero em seu coração e ele queria fazer mais, tinha escolhido aquela coisa, e iria honrar o seu chamado.
Ele se levantou, pegou alguns jornais e foi para a porta fazer um ponto de fé, seu celular começou a vibrar em seu bolso e ele desbloqueou a tela sorrindo.
"Adivinhe quem está na faculdade entendiada escutando o professor falar sobre como acalmar um bebê?" Bárbara mandou mensagem para ele.
"Achei que gostasse da sua faculdade!"
Ele respondeu. Depois que havia voltado para Minas Gerais, os dois não paravam de conversar, todo dia eles arranjavam um assunto e Tárcio cada dia mais se tornava mais próximo de Bárbara. Os dois tinham uma amizade saudável, conversavam sobre a Obra e sobre o amor que ambos compartilhavam pelas almas.
Depois do almoço ele estava sentado perto do Altar esperando o horário para a reunião das 15hrs. Tárcio não aceitava que mais uma reunião não houvesse ninguém e estava determinado, nem que entrasse um louco, ele faria a reunião para ele.
Enquanto pensava nisso, um casal entrou no salão e se sentaram acenando minimamente para Tárcio. O coração do rapaz se alegrou, ele faria reunião para aquele casal!
Mas Tárcio em silêncio pode observar que havia uma tensão entre os dois, e discretamente ele podia ver a mulher limpando lágrimas que escorriam de seus olhos. Ele caminhou até eles e os cumprimentou:
-Boa tarde!
-Boa tarde. -Apenas a mulher respondeu.
-Está tudo bem? -Ele arrastou uma cadeira até esta de frente para os dois.
-Está. -O rapaz se limitou a dizer.
-Para que mentir, Marcelo? -Ela perguntou se dirigindo ao rapaz, agora suas lágrimas escorriam com mais frequência e ela não fazia questão de limpar. -Porque não diz que a nossa vida tá um inferno! -Ela gritou e começou a soluçar.
-Para de ser trouxa! -Marcelo gritou. -Não aguento mais ver você chorando a todo momento!
Tárcio limpou a garganta:
-Posso saber o que está acontecendo? Talvez eu possa ajudar!
-Eu não aguento mais! -Ela soluçava. -Todo santo dia a gente arranja um motivo para brigar, é brigas atrás de brigas! Nossos vizinhos nem se importam mais, sabem que qualquer grito vem da nossa casa! Então uma vizinha conversou comigo, ela disse que essa igreja poderia resolver o meu problema! -Ela olhou para ele piedosamente. -Se você não me ajudar, nós iremos nos separar.
Tárcio olhou para Marcelo e viu um vestígio de dor quando ele escutou a moça falando em separar. Estava na cara que ele não queria, mas também não via nenhuma outra solução.
O Pastor respirou fundo. Por mais que houvesse tido uma vida antes de Jesus que ele não se orgulhasse, ele nunca havia ido morar com outra pessoa, era só uma noite e nada mais.
Mas antes que Tárcio pensasse em não conseguir ajuda-los, o rapaz se lembrou do livro que havia na salinha de campanha, o Casamento Blindado era certeza que os ajudaria.
-Eu já sei o que pode ajudar vocês! -Ele sorriu feliz. -Esperem só um minuto! -Tárcio se levantou, foi até a salinha de campanha e trouxe o livro. -Aqui está. -Ele entregou um exemplar para cada um.
-Um livro?! Você está de palhaçada comigo?! -Marcelo gritou se levantando. -Como um livro pode me ajudar?!
Tárcio se levantou, mas ainda assim não conseguir ficar do mesmo tamanho que o homem.
-Não é o livro que vai mudar vocês, é a atitude de obedecer o que está escrito que vai. Você pode aceitar ou continuar da mesma forma, coisa que eu acredito que você não queira. -Tárcio olhou bem fundo nos olhos do rapaz. -Acredito que se você está aqui é porque não quer perder o seu casamento. Não quer perder essa moça que está do seu lado, posso ver, mesmo em meio as brigas, você ainda gosta dela.
Foi a vez de Marcelo se desmanchar. Por mais que tentasse segurar as lágrimas, uma pequena gota escorreu pela sua bochecha.
-Toda a ajuda será bem-vinda. Nós precisamos de ajuda. -Ele sussurrou. -Eu preciso de ajuda.
Tárcio concordou, orientou ambos e antes que pudesse começar a reunião, ele pediu para que os dois dessem as mãos para que ele fizesse uma oração. O Pastor colocou a mão sobre a cabeça de ambos:
-Senhor, meu Deus! Eu te apresento a vida deles dois. O Senhor sabe o sofrimento que eles tem passado, então venha ajuda-los. Que o mal que tem atingido esse casal, que as forças dele caía por terra agora!
No mesmo instante que Tárcio falou aquelas palavras, ele estava com os olhos fechados e sentiu um forte baque em seu peito o jogando para trás.
Tárcio se segurou em uma das cadeiras e abriu os olhos.
Marcelo estava encurvado respirando pesadamente. Uma das suas mãos estava em forma de garra e a outra ainda estava segurado a de sua esposa. A feição da moça estava transfigurada e seus olhos vidrados.
-Eu odeio você! -Marcelo rugiu em uma voz que não era dele.
-Seu desgraçado! -A mulher gritou histérica. -Não era para eles terem vindo aqui!
Tárcio arqueou as sobrancelhas:
-Vocês dois estão amarrados!
Os dois recuaram, mas Marcelo falou novamente:
-Se prepare, Pastorzinho! Eu vou acabar com a sua vida! Não importa quanto tempo leve, eu vou entrar de uma forma que você nem vai perceber!
Antes que Tárcio pudesse falar algo, a Obreira Lúcia entrou na igreja e foi correndo ajuda-lo.
-Graças a Deus que eu vim mais cedo, Pastor! -Ela sorriu.
-Vamos ajudar esse casal! -Ele falou e ela concordou.
***
Depois do processo de libertação, Tárcio conversou mais um pouco com Marcelo e Ruth. Os dois concordaram em fazer tudo que era proposto e eles iriam ter o casamento transformado por mais difícil que fosse.
Mesmo cansado, Tárcio foi evangelizar, bateu em todas as ruas a reunião da noite, evangelizou de casa em casa, enquanto a Obreira cuidava da igreja, mesmo com seu corpo pedindo descanço sua evangelização havia dado frutos. A reunião que só dava cinco pessoas, deu quinze pessoas. Ele atendeu a maioria e após a reunião, assim que ele fechou a igreja e tomou banho, ele simplesmente se jogou em seu colchão e logo pegou no sono.
Naquele dia, ele foi dormir feliz, mas havia se esquecido de orar e ler a Bíblia.
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Canção de um servo.
SpiritualConheça Tárcio e Bárbara, um jovem,, casal que estão determinados a tudo em favor das pessoas que sofrem, mas antes irão passar por muitas coisas que eles nem sequer imaginariam ser possível sobreviver. Uma história que irá fazer você se emocionar...