Canção de um servo.

Tárcio - Sacrifício vivo.

Tárcio deitou, mas não conseguia relaxar.

Júlio César tinha ido embora.

Ele engoliu em seco, se ele que era tão bom, parecia tão de Deus não havia resistido... Será que ele resistiria?

Mesmo que tivesse suportado tudo, quem garantia que ele não acabaria caindo novamente com outra Obreira? Quem garantia que ele seria um bom Pastor?

Ele poderia voltar, ele poderia ser apenas um Obreiro... Ele não teria tamanha responsabilidade de levar outras pessoas a fazerem o correto, quando ele não era um exemplo de retidão.

Ele era fraco, pensava em Bárbara a todo instante...

Será que o Altar era realmente o seu lugar?

O rapaz se sentou em sua cama e pegou o embrulho que o Pastor Kléber havia dado. Seus dedos se moveram para abrir o lacre do pacote, mas algo o fez hesitar.

"Abra e vista apenas se você tiver certeza!"

Ele se lembrou das palavras do seu Pastor. Certeza era o que ele menos tinha naquele momento.

Ele colocou o pacote ao lado e pegou a Bíblia.

I Coríntios Cap. 1.
25 Porque a loucura de Deus é mais sábia do que os homens; e a fraqueza de Deus é mais forte do que os homens.

Deus não garantia que ele não iria cair, mas garantia que daria a força necessária para que ele pudesse suportar as suas tentações.

Ele poderia suportar qualquer coisa, se caso ele errasse era sua escolha.

Tárcio colocou a Bíblia ao lado e se ajoelhou ao pé de sua cama:

-Deus... -Ele sussurrou baixinho para que nenhum outro Pastor o escutasse. -Eu poderia fazer um voto agora de nunca O deixar. Mas eu sei que o único que cumpriria essa promessa, seria Você. Então sem emoção alguma, Deus. Eu estou aqui, não sei o que vai acontecer comigo amanhã, daqui dez dias ou dez anos. Eu quero estar ao Seu lado, eu quero escolher Você. Veja a minha sinceridade, por mais que exista outras opções, eu não me encontro em nenhuma delas, o Senhor é a minha escolha. Amém!

Ele se levantou e ali naquele chão, ele deixou todas as suas ansiedades, seus medos e o que quer que o impedia.

Tárcio fechou os olhos e aquela foi uma das noites.

***

Tárcio acordou com uma grande movimentação no quarto. Ele abriu os olhos, confuso. Os Pastores corriam de um lado para o outro, limpavam seus ternos e lustravam seus sapatos com toda a vontade do mundo.

-O que está acontecendo? -Tárcio perguntou.

-Você não sabe? -Um dos Pastores perguntou passando a camisa branca.

-Não...

-O Bispo irá vim aqui! Ele vai consagrar alguns de nós!

Tárcio arqueou as sobrancelhas. Esfregou os olhos empurrando o sono e se sentou em sua cama quando olhou para frente o pacote preto ainda estava lá.

Ele tinha certeza do que queria e o abriu. Seu coração deu um salto maior e ele tirou a camisa branca, o terno preto e a gravata vermelha.

Tárcio não queria estar sonhando alto de mais, talvez ele só iria vestir aquilo para estar apresentável para o Bispo...

Mas e se...?